
Esta Associação é um caso absolutamente singular no panorama actual das organizações das nossas comunidades do estrangeiro, ou, se preferirem, das nossas comunidades organizadas, no seu sentido social, dinâmico, gregário - isto é, portador de futuro colectivo... e muito português.
Em primeiro lugar, porque surgiu de um reconhecimento da quase completa ausência de participação das mulheres no dirigismo associativo português daquele país (semelhante à que se verifica em tantos outros, na maioria deles, da Europa à Oceania...) e de uma intenção, claramente afirmada, de abrir um espaço à actuação da "metade feminina".
O objectivo matricial foi mesmo esse. Tendo estsdo presente na 1ª reunião, realizada em Novembro de 1998, em Villa Elisa, lembro-me bem dos animados debates e das diferentes sugestões para a elaboração de um programa de acção, que traduzisse uma linha de rumo. Então, era ainda preciso encontrar as causas em que se iria concretizar a "causa" de oferecer oportunidades a quem as não tinha, para trabalhar em favor da colectividade!
Em segundo lugar, porque as oportunidades foram, de facto, aproveitadas de uma forma superlativa e a "Associação" veio mostrar muito mais talento, dedicação e eficácia, num rol extenso e impressionante de actividades, do que qualquer das fundadoras teria podido sonhar no momento de um difícil e humilde arranque.
Em terceiro lugar é de mencionar a conjuntura excepcional que, pouco tempo depois, a Argentina iria atravessar - uma dramática crise social e política , com uma crescente pauperização, a atingir todos, e a sentir-se, fortemente, no meio da nossa comunidade. A adversidade pôs à prova as capacidades de resposta da nova associação, nessa altura, já particularmente vocacionada para a área assistencial, preenchendo, de algum modo, a lacuna deixada em aberto pelo lamentável desaparecimento do hospital da Beneficência Portuguesa. Essa "prova de fogo" foi ultrapassada, de uma forma admirável. A partir daí, não havia mais dúvidas, nem da parte de homens, nem de mulheres. A reputação e o prestígio da organização estavam estabelecidos, num ambiente consensual. A nível da comunidade, do movimento associativo, mas não só. Também perante a Embaixada de Portugal, perante o Governo, e, finalmente, até no universo de todas as comunidades portuguesas.
Em Junho deste ano, a Associação Mulher Migrante da Argentina foi uma das três associações ditinguidas com os "Prémios Talento", da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
Por último, há um outro aspecto fora do comum, que merece destaque: numa altura em que tanto se fala da necessidade de concentrar esforços, de promover até a fusão de instituições, em declínio, em plano inclinado, ou em número excessivo, vem esta mostrar que uma nova organização pode não ser sinónimo de dispersão de forças, mas, pelo contrário, de maior união entre todos.
Para isso, foi essencial não ter implicado duplicação de acções, mas, antes, suprido uma enorme omissão (e logo no campo do apoio social...). E não ter criado uma sede de cimento e betão - funcionando, alternadamente, nas instalações dos centros comunitários pré-existentes, para as suas actividades sociais e de "fund-raising". O que, evidentemente, ainda mais reforça os laços de colaboração e bom entendimento com todas eles.
Por isso, no dia 11 de Novembro, em Villa Elisa, este ano, lá estavam o deputado do Círculo da Emigração, Dr. Carlos Páscoa, o Conselheiro da Embaixada, Dr. Bruno Moreira, o Conselheiro das Comunidades, António Canas, assim como o Presidente do "Conselho das Comunidades da Argentina", e os presidentes dos mais importantes clubes portugueses. E um enorme salão cheio de admiradores da obra destas notáveis portuguesas, quase todas, há 10 anos, simplesmente passivas frequentadoras das festas comunitárias.
As três presidentes, que se sucederam, neste período, e são os rostos mais visíveis do "êxito" alcançado, a Maria Alice de Matos, a Natália Renda Correia, e a Maria Violante Martins, têm sabido ser o elo de ligação de uma fantástica "rede" de colaboradoras: quando surge um problema grave na comunidade, acidente, doença, já todos sabem que podem recorrer à responsável ou delegada da "Associação" mais próxima da sua morada. Elas procuram ajudar, de imediato, e com todos os meios disponíveis.
Esta meteórica ascensão de uma ONG invulgar começou, afinal, na vontade eficaz de responder a um apelo de cariz muito "Kennedista": "o que podemos nós fazer pelo nosso país, pela nosssa comunidade".
Uma resposta no feminino.
Um exemplo a seguir.
Um sinal de esperança.
Num tempo em que tanto se fala na dificuldade de encontrar novas lideranças: as mulheres aí estão, capazes de duplicar o campo d



