Maria de Lurdes Pintasilgo, a primeira chefe de governo da República portuguesa não foi por um pequeno lapso de tempo, a primeira mulher a desempenhar, na Europa democrática, o cargo de primeiro-ministro - somente pelos dias que vão de 4 de maio, chegada de Margateth Thatcher ao nº10 de Downing Streat, a 1 de agosto de 1979. Ao Presidente Ramalho Eanes se deve, por inteiro, a nomeação pioneira de uma mulher, na última indigitação dos chamados "governos de iniciativa presidencial, que se seguia à de Nobre da Costa, cujo programa fora rejeitado pela AR, e à de Mota Pinto, que se mantivera em funções por cerca de nove meses. Tomou posse no Palácio da Ajuda, numa quente manhã de verão - tão quente que nem a dimensão grandiosa do salão aberto, tornava ambiente pouco menos do que sufocante para uma multidão de amigos e de representantes instituicionais, combinando admiradores certos e inquestionáveis opositores, entre estes os mininistros e secretários de Estado do governo cessante - um grupo no qual me integrava por natural solidariedade e com o qual partilhava a discordância pela solução presidencial de afastar um executivo, que poderia ter continuado, em gestão, sem dar lugar a outro, com o singular encargo de organizar o processo de eleições intercalares. Esta opção algo controversa provocou, desde logo, vivas críticas, que se manteriam ao longo de todo o seu mandato, nomeadamente porque o quadrante ideológico de Maria de Lurdes Pintasilgde divergia quer do seu antecessor Carlos Mota Pintor, quer do seu sucessor, Francisco Sá Carneiro que viria a ser eleito por maioria absoluta. Mais de cinco meses durou o V Governo Constitucional, ultrapassando o horizonte temporal previsto e, no que respeita à ação concreta a mera questão eleitoral, suscitando, por isso, fatalmente, polémicas e afrontamentos quotidianos, no meio de uma campanha eleitoral extremamente radicalizada.. Nada para que uma lutadora como a a Primeira-ministra não estivesse preparada, mas que levaria ao seu definitivo afastamento da atividade governamental, a partir de 1980.
Tudo isto terá contribuído para a convicção, mais tarde por ela manifestada,,ao fazer o balanço breve dessa experiência, de que toda a classe política estava contra ela, mas o povo não. Em síntese, posso acompanha-la nesse veredito, que na sua própria expressão tem o seu quê de dececionate, mas que caba por ser não só inevitável, como até esperançoso...
Esperançoso, porque, num enfoque, antes do mais, feminista, se pode dizer que o súbito e inesperado, "empoderamento" de uma mulher à frente da governação da República, não levantou, ao menos de início, qualquer significativa reação misógina. Desde a primeira hora, Pintasilgo foi saudada ou antagonizada nos media e na opinião pública, de acordo com a adesão de cada pessoa, de cada formação cívica ou política ao seu ideário ao quadrante em que se situava (ou a situavam) - seguida que pelos que a viam como protagonizando uma viragem à esquerda, mais ou menos detestada pelos que apoiavam o reformismo centrista do anterior executivo (a primeira alternância a governos de dominante socialista, desde a revolução de 1974. Ou seja, não se pôs, fundamentalmente em causa, em função do género, a sua competência para exercer o cargo, nem isso provocou, especial comoção ou espanto, talvez por se tratar de uma individualidade com forte perfil de intervenção pública - já durante o mandato de Marcelo Caetano , como Procuradora à Câmara Corporativa, e, mais ainda, após a revolução, como Ministra, nos Governos Provisórios
Inevitável, porque sendo o chamada em razão das qualidades excecionais qualificações académicas, profissionais, pela experiência de liderança cívica, coragem, cultura e não obstante tudo isso ( tudo quanto a poderia transformar em mais valia no âmago do poder ),era alguém que não pertencia, nem nunca viria a pertencer, verdadeiramente, ao mundo das grandes formações do sistema partidário, então emergente
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---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Maria Manuela Aguiar <mariamanuelaaguiar@gmail.com> Data: 10 de dezembro de 2015 às 02:11 Assunto: Para: Maria Manuela Aguiar <mariamanuelaaguiar@gmail.com> ![]()
Maria de Lurdes Pintasilgo, a primeira chefe de governo da República portuguesa não foi por um pequeno lapso de tempo, a primeira mulher a desempenhar, na Europa democrática, o cargo de primeiro-ministro - somente pelos dias que vão de 4 de maio, chegada de Margateth Thatcher ao nº10 de Downing Streat, a 1 de agosto de 1979. Ao Presidente Ramalho Eanes se deve, por inteiro, a nomeação pioneira de uma mulher, na última indigitação dos chamados "governos de iniciativa presidencial, que se seguia à de Nobre da Costa, cujo programa fora rejeitado pela AR, e à de Mota Pinto, que se mantivera em funções por cerca de nove meses. Tomou posse no Palácio da Ajuda, numa quente manhã de verão - tão quente que nem a dimensão grandiosa do salão aberto, tornava ambiente pouco menos do que sufocante para uma multidão de amigos e de representantes instituicionais, combinando admiradores certos e inquestionáveis opositores, entre estes os mininistros e secretários de Estado do governo cessante - um grupo no qual me integrava por natural solidariedade e com o qual partilhava a discordância pela solução presidencial de afastar um executivo, que poderia ter continuado, em gestão, sem dar lugar a outro, com o singular encargo de organizar o processo de eleições intercalares. Esta opção algo controversa provocou, desde logo, vivas críticas, que se manteriam ao longo de todo o seu mandato, nomeadamente porque o quadrante ideológico de Maria de Lurdes Pintasilgde divergia quer do seu antecessor Carlos Mota Pintor, quer do seu sucessor, Francisco Sá Carneiro que viria a ser eleito por maioria absoluta. Mais de cinco meses durou o V Governo Constitucional, ultrapassando o horizonte temporal previsto e, no que respeita à ação concreta a mera questão eleitoral, suscitando, por isso, fatalmente, polémicas e afrontamentos quotidianos, no meio de uma campanha eleitoral extremamente radicalizada.. Nada para que uma lutadora como a a Primeira-ministra não estivesse preparada, mas que levaria ao seu definitivo afastamento da atividade governamental, a partir de 1980.
Tudo isto terá contribuído para a convicção, mais tarde por ela manifestada,,ao fazer o balanço breve dessa experiência, de que toda a classe política estava contra ela, mas o povo não. Em síntese, posso acompanha-la nesse veredito, que na sua própria expressão tem o seu quê de dececionate, mas que caba por ser não só inevitável, como até esperançoso...
Esperançoso, porque, num enfoque, antes do mais, feminista, se pode dizer que o súbito e inesperado, "empoderamento" de uma mulher à frente da governação da República, não levantou, ao menos de início, qualquer significativa reação misógina. Desde a primeira hora, Pintasilgo foi saudada ou antagonizada nos media e na opinião pública, de acordo com a adesão de cada pessoa, de cada formação cívica ou política ao seu ideário ao quadrante em que se situava (ou a situavam) - seguida que pelos que a viam como protagonizando uma viragem à esquerda, mais ou menos detestada pelos que apoiavam o reformismo centrista do anterior executivo (a primeira alternância a governos de dominante socialista, desde a revolução de 1974. Ou seja, não se pôs, fundamentalmente em causa, em função do género, a sua competência para exercer o cargo, nem isso provocou, especial comoção ou espanto, talvez por se tratar de uma individualidade com forte perfil de intervenção pública - já durante o mandato de Marcelo Caetano , como Procuradora à Câmara Corporativa, e, mais ainda, após a revolução, como Ministra, nos Governos Provisórios
Inevitável, porque sendo o chamada em razão das qualidades excecionais qualificações académicas, profissionais, pela experiência de liderança cívica, coragem, cultura e não obstante tudo isso ( tudo quanto a poderia transformar em mais valia no âmago do poder ),era alguém que não pertencia, nem nunca viria a pertencer, verdadeiramente, ao mundo das grandes formações do sistema partidário, então emergente
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