dezembro 12, 2016

MADALENA

Faria hoje 73 anos... custa a acreditar que tenha partido há quase cinquenta anos.Como seria hoje se ainda estivesse entre nós?
THE GREAT AMERICAN DISASTER - Do 9-11 ao 11-9 1 - Cheguei a NY na segunda daquelas datas fatídicas: o "day after " da eleição presidencial americana. A viagem pareceu interminável, porque ao tempo real se somou o tempo psicológico, de quem ia chegar à América, já não para partilhar a festa da vitória, mas como quem vai a um funeral... de tudo o que admira na terra da liberdade, de todos os valores e de todas as causas em que acredita. Nessa noite, nas maiores cidades do país, o povo, que com o seu voto elegeu Presidente Hillary Clinton, saiu à rua, em pacíficas marchas de protesto. Foram as primeiras e não serão as últimas! Hopefully...Temos de esperar que o povo americano saiba defender-se da tirania , da intolerância racista, xenófoba e misógina que Trump encarna, e, com uma pacífica resistência, defender o mundo de uma eminente regressão civilizacional. O "nine-eleven" foi uma data trágica que mudou, para sempre o tempo e o espaço de paz em que viviam as democracias, desde a derrota das potências do "Eixo", do nazismo e do fascismo, na segunda metade do século XX . Um outro presidente republicano, JW Bush, lançou a guerra (do Iraque), destruiu equilíbrio de forças no Médio Oriente e criou o "habitat" ao desenvolvimento da Al_Qaeda e de todos os terrorismos aparentados. O erro de Bush não tem fim à vista. Contudo, ao comparar Trump a Bush, a conclusão é assustadora, porque, apesar de toda a sua incompetência e estupidez , este ainda se situa no campo da democracia, na sua faixa mais conservadora e belicista, contudo ainda dentro dos princípios elementares e das normas mínimas de relacionamento entre pessoas, raças, sexos e religião, entre nações e povos - um homem de trato normal. Trump pelo contr´rio, quer na enunciação das suas políticas, quer como personagem é um acabado fascista do século XXI Tal como Trump face a Hillary, ele perdera no voto popular para o democrata Al Gore, e fora entronizado por um sistema anacrónico de voto colegial - tão anacrónico quanto o direito individual de porte de armas, que, há 200 anos, correspondia a uma necessidade de auto-preservação nas pradarias ou nos "saloons" do Far -west" e hoje serve, sobretudo, a violência dos fanáticos e o instinto assassino dos loucos. Na verdade, o sistema eleitoral vigente na América favorece Estados menos populosos ( por fatal coincidência, mais caucasianos, mais envelhecidos e mais conservadores), que estão sobre -representados, e cada vez mais, com o crescimento do universo cosmopolita face ao rural. Acresce um outro fator de distorção da vontade popular, que é o facto do vencedor de um Estado, mesmo tangencialmente, conquistar todos os delegados que o representam, sejam eles muitos ou poucos, assim inutilizando o voto de todos quantos, nessa circunscrição, sufragaram o outro candidato De há muito se multiplicam as críticas a essas aberrações eleitorais, assim como ao uso generalizado de armas de fogo, sem que tenha sido possível a sua erradicação. 2 - Hillary Rodham Clinton, a brilhante Senadora de NY, a competentíssima e prestigiada antiga Ministra dos Negócios Estrangeiros, no epílogo da campanha iinfame e ameaçadora de que foi alvo, com interferência direta do FBI e manifestações da KKK, ganhou a eleição por sufrágio direto e universal, como acontecera com o antigo Vice-presidente de Bill Clinton. Al Gore. Seria , em qualquer Estado, que respeite o voto expresso pelos cidadãos - de Portugal à África do Sul, do Brasil à França... - a Presidente do seu país. Fica com ela para a História, como não deixem de clamar muitos democratas, essa formidável legitimidade! Resta ao oponente a "legitimidade de sistema", ironia do destino para quem se apresentava como o candidato anti-sistema, e com ele, o poder. Poder demais para um extremista, xenófobo, racista, sexista, fascista, mesmo num Estado de Direito Num e noutro caso, há 16 anos como agora, os EUA perderam, assim, estadistas de grande estatura e de grande visão. política, realmente ELEITOS pelo POVO, e viram , em seu lugar, homens sem qualidade nem estatura política , que, à frente da única super-potência mundial, são potencialmente muito perigosos para a humanidade inteira! 3 - Pessimista, mas inconformada, quanto ao que o futuro nos reserva, regressei a Portugal no domingo, com o Globe and Mail e o NY Times, jornais de excelência, como companheiros de viagem, que a direção dos ventos torna sempre bem mais curta do que a de ida. Constatei, invariavelmente, em todos os textos a minha leitura dos acontecimentos. Horrorizada, como KrugmanTHE GREAT AMERICAN DISASTER Do 9-11 ao 11-9 1 - Cheguei a NY na segunda daquelas datas fatídicas: o "day after " da eleição presidencial americana. A viagem pareceu interminável, porque ao tempo real se somou o tempo psicológico, de quem ia chegar à América, já não para partilhar a festa da vitória, mas como quem vai a um funeral... de tudo o que admira na terra da liberdade, de todos os valores e de todas as causas em que acredita. Nessa noite, nas maiores cidades do país, o povo, que com o seu voto elegeu Presidente Hillary Clinton, saiu à rua, em pacíficas marchas de protesto. Foram as primeiras e não serão as últimas! Hopefully...Temos de esperar que o povo americano saiba defender-se da tirania , da intolerância racista, xenófoba e misógina que Trump encarna, e, com uma pacífica resistência, defender o mundo de uma eminente regressão civilizacional. O "nine-eleven" foi uma data trágica que mudou, para sempre o tempo e o espaço de paz em que viviam as democracias, desde a derrota das potências do "Eixo", do nazismo e do fascismo, na segunda metade do século XX . Um outro presidente republicano, JW Bush, lançou a guerra (do Iraque), destruiu equilíbrio de forças no Médio Oriente e criou o "habitat" ao desenvolvimento da Al_Qaeda e de todos os terrorismos aparentados. O erro de Bush não tem fim à vista. Contudo, ao comparar Trump a Bush, a conclusão é assustadora, porque, apesar de toda a sua incompetência e estupidez , este ainda se situa no campo da democracia, na sua faixa mais conservadora e belicista, contudo ainda dentro dos princípios elementares e das normas mínimas de relacionamento entre pessoas, raças, sexos e religião, entre nações e povos - um homem de trato normal. Trump pelo contr´rio, quer na enunciação das suas políticas, quer como personagem é um acabado fascista do século XXI Tal como Trump face a Hillary, ele perdera no voto popular para o democrata Al Gore, e fora entronizado por um sistema anacrónico de voto colegial - tão anacrónico quanto o direito individual de porte de armas, que, há 200 anos, correspondia a uma necessidade de auto-preservação nas pradarias ou nos "saloons" do Far -west" e hoje serve, sobretudo, a violência dos fanáticos e o instinto assassino dos loucos. Na verdade, o sistema eleitoral vigente na América favorece Estados menos populosos ( por fatal coincidência, mais caucasianos, mais envelhecidos e mais conservadores), que estão sobre -representados, e cada vez mais, com o crescimento do universo cosmopolita face ao rural. Acresce um outro fator de distorção da vontade popular, que é o facto do vencedor de um Estado, mesmo tangencialmente, conquistar todos os delegados que o representam, sejam eles muito ou poucos, assim inutilizando o voto de todos quantos, nessa circunscrição, sufragaram o outro candidato De há muito se multiplicam as críticas a tais aberrações eleitorais, assim como ao uso generalizado de armas de fogo, sem que tenha sido possível a sua erradicação. 2 - Hillary Rodham Clinton, a brilhante Senadora de NY, a competentíssima e prestigiada antiga Ministra dos Negócios Estrangeiros, ganhou a eleição por sufrágio direto e universal, como acontecera com o antigo Vice-presidente de Bill Clinton Al Gore, Seria , em qualquer Estado, que respeite o voto expresso do Povo - de Portugal à África do Sul, do Brasil à França... - a Presidente do seu país. Fica com ela, como não deixem de clamar muitos democratas, essa inegável legitimidade! Resta ao oponente a "legitimidade de sistema", ironia do destino para quem se apresentava como a candidato anti-sistema.... Num e noutro caso, há 16 anos como agora, os EUA perderam, assim, estadistas de grande estatura e de grande visão. política, realmente ELEITOS pelo POVO, e viram , em seu lugar, homens sem qualidade , que, à frente da única super-potência mundial são tremendamente perigosos para a humanidade inteira! 3 - Pessimista, mas inconformada quanto ao futuro que nos espera, regressei a Portugal no domingo, com o Globe and Mail e o NY Times, jornais de excelência, como companheiros de viagem, que a direção dos ventos torna sempre bem mais curta do que a de ida. Nos seus textos, encontrei, invariavelmente, uma leitura do acontecido na madrugada do "elevan nine" próxima da minha. "Horrorizada", como Paul Krugman ( "Thoughts for the horrified", 1ª página do NY Times), dececionada como John Irving, nas colunas de "The Globe and Mail" (The "great beast" has spoken), resistente como Timothy Egan, 2ª página do NY Times ("Resistance is not Futile). Estranhamente, em Portugal, vim encontrar , na maioria dos comentadores, à direita e à esquerda uma imensa insensibilidade, que não mostram, em geral, quando se fala da França de Marine Le Pen. Marine é uma versão "soft", quase apetece dizer "tratável", se comparada com Trump, um neo-fascista como personagem, tanto quanto no discurso e nas propostas políticas (mais Le Pen pai do que Le Pen filha...) De qualquer modo, o grau de de influência nos destinos do mundo, logo de pericolosidade, da França face á super- potência América é, por si só, menor, embora não possamos desvalorizar o surgimento de uma Europa cada vez mais irmanada com esta América, `se o extremismo de direita alastrar de leste a oeste e até para o norte (a Dinamarca a confiscar os bens dos refugiados à maneira nazi). É preciso convocar os cidadãos ao combate quotidiano pelos valores em que acreditamos, em todas as frentes geográficas, embora o principal campo de batalha seja agora os EUA. É preciso colocar em foco três dados essenciais para a reflexão e a ação O primeiro é o de que a América se mostrou dividida a meio, mas foi, ainda assim, a América aberta, humanista e generosa de Hillary Clinton que ganhou o sufrágio popular, enquanto na outra metade as motivações de voto foram muito diversificadas - não exclusivamente o extremismo ideológico, mas, por exemplo, também. questões económicas, pelo que o neo-fascismo "trumpiano", embora no poder, é, ainda, largamente minoritário. O segundo é de que Donald Trump é tão mau como parece, é tão mau como a infame campanha de falsidades e intimidação que conduziu e toda a tentação de o "branquear, de "normalizar" a sua essencial anormalidade (comparando-o, por exemplo, a um democrata conservador como Reagan) constituirá uma verdadeira capitulação. Aí estão, como aviso a estes incautos, as primeiras nomeações de Trump - Bannon o ideólogo racista da "Alt Right" ou o general Flyn, fanático religioso do "Tea PartY", que não quer distinguir entre muçulmanos e terroristas islâmicos .O terceiro é resistir, por palavras e atos pacíficos, sem desfalecimento e sem cedências. A América já começou. Os democratas (mais os de Sanders, suponho);vieram para a rua, em inúmeras manifestações cívicas. O Mayor de NY fez desaparecer do alcance da administração Trump os registos de trabalhadores indocumentados. O elenco da peça "Hamilton", na Broadway, exortou o Vice.Presidente Pence - vaiado pelo público - a respeitar os direitos das minorias. Um número crescente de clubes da NBA recusa alojar-se nos hotéis Trump, porque o desporto quer continuar a ser um espaço de convivência interétnica. A vitória de Trump representou uma terrível regressão civilizacional. Terrível, mas não inelutáve