abril 29, 2009

Dragão com cinco anos

O Dragão nasceu em 29 de Abril de 2004.
O acontecimento esperava-se a todo o tempo. A gatinha Tita, era demasiado nova - tinha meses... - e é muito pequenina, ainda hoje e em definitivo... Parecia um caso de risco.
O nosso amigo Paulo Tavares, veterinário de vocação, acompanhava-a de perto, e recomendou que o chamassemos, logo que o parto tivesse início.
Por acaso, nessa noite de 29, participavamos na inauguração de uma exposição do Pintor José Tavares, pai do Paulo. Uma bela exposição!
A meio, fomos informados de que chegara a hora. A hora do Dragão!
O Paulo, com a Teresinha e a minha Mâe, como ajudantes, trataram de tudo, na perfeição. Dentro de pouco tempo, podiamos dizer que "mãe e filho se encontravam bem".
A Tita é muito ajuizada. Foi uma progenitora exemplar.
Ainda agora, ao contrário da gata Seta, que odeia toda a descendência - 3 formosos gatões - se dá bem com o seu menino, como uma companheira de brincadeiras.
Este é um gato mais pequeno e magro do que os outros. Mas impõe respeito, manda nos maiores, é um líder e um génio. Bonito, elegante! Parece que anda de fato de cerimónia escuro, com camisa, luvas e polainitos brancos....
Em focinho preto, longuíssimos bigodes brancos!








abril 28, 2009

Um mau momento de um bom caracter

Pepe, viva imagem do desespero, por um momento fora de si, avança chutando em frente bola e adversário, adversário e bola. Sem particular violência, sem lhe provocar lesão ou dano, para além da surpresa e do susto. Uma cena disparatada, incrível, de criança grande, que , dadas certas circunstâncias, todos somos, de vez em quando.
Lembrei-me do Bruno Vale, há alguns anos, quando, numa situação de semelhante descontrolo emocional, pontapeou não um adversário, mas o poste da baliza, que defendia.
Sorte sua ter partido, apenas, os dedos do pé, sem perseguição mediática nem pública condenação, embora isso lhe tenha custado a presença no banco da selecção...
Face ao que aconteceu, seguidamente, a um e a outro, eu preferia, sem hesitação, cair no destempêro de Bruno, e não tanto pela qualidade do acto em si, que, num e noutro caso, revela tudo, menos maldade, mas pela censura desmesurada que se abateu sobre Pepe.
Não entendem esses moralistas, que, rasgam as vestes da indignação, invocando o facto do jogador português do Real Madrid ter dado um mau exemplo a todos os jovens, que são eles próprios os causadores do impacto, estupidadamente ampliado, desse "mau exemplo" ao mostrar, repetindo mil vezes, a despropósito, as imagens do infeliz episódio?
Passa-las em directo, com certeza que sim. Depois, porventura, uma vez mais, à guisa de comentário, ainda se pode aceitar. Mas três, quatro, cinco, dez vezes? Sei lá eu quantas!...
Sensacionalismo sórdido!
Por mim, acho que esses implacáveis juízes , os espanhois primeiro (com uma ponta mal disfarçada de xenofobia, não?) depois muitos portugueses (quiçá, pela mesmíssima razão - porque Pepe é brasileiro de origem e nunca o aceitaram, de bom grado, na equipa nacional...) estão a tentar fazer-lhe coisa muito pior do que ele fez ao Casquero do Getafe.
Violência não física, mas psíquica. Não involuntária - e, por isso, desculpável - mas intencional e, por isso, sem perdão...
E a propósito de intencionalidade, o que não deve admitir-se, e merecia mais de 10 jogos de suspensão, são agressões escandalosas, e a sangue frio, como as que vitimaram jogadores decisivos, pedras-chave das suas equipas, Anderson, Petr Cech , Pedro Mendes ou, há poucos dias, Hulk, entre tantos outros...

abril 25, 2009

Quotas contra quotas

I- Muitas são os cidadãos - mulheres e homens - que se manifestam contra a "Lei da Paridade" e o seu instrumento operativo, a previsão de quotas para o sexo subrepresentado nos diversos cargos políticos. São os que ainda acreditam que, no interior dos partidos políticos, as escolhas se fazem, por "mérito" e que basta, por via de regra, o mérito para se ser escolhido, independentemente do sexo...
Foi com argumentos desta ordem que o PR vetou uma mais impositiva versão original da Lei (se bem se lembram, o seu primeiro veto!)
O mérito!
Em anos e anos de militância partidária - coisa do meu passado, definitivamente passado, mas nem por isso esquecido nos seus ensinamentos - não vi ninguém promovido a candidato por puro "mérito" , desacompanhado de outros atributos ou qualidades, tais como a activa militância em facções, a amizade ou fidelidade aos "poderosos" (num mundo, onde o poder é masculino) ou a popularidade alcançada, não raro, em domínios que não qualificam para este tipo de serviço à "res publica" .
O recente processo de selecção para a lista "europeia" do PPD/PSD, que foi mais tardio e mediatizado do que os dos outros partidos, exemplifica particularmente bem a minha tese.
Como se tornou público, no "sobe e desce" na escala dos potencialmente elegíveis, determinante acabou por ser, em toda a linha, a "força das armas" (no sentido das armas adequadas aa combate de que se trata) ou, se preferirem, as afinidades e ligações partidárias de cada um.
Reconhecida competência deu o segundo lugar ao único "sobrevivente" do mandato cessante, Carlos Coelho, mas a verdade é que também não lhe falta suporte das cúpulas do PSD - porque se faltasse não continuaria, de pouco lhe valendo todas as suas iniciativas e dinamismo.
O critério partidário dominante tende a premiar fidelidades (escolhendo "one of us", como diria Thatcher) não a procurar, desinteressadamente, os "melhores". A palavra-chave é "alinhamento" , seja em grupos maioritários ou minoritários , visto que estes também têm a sua"quota", mais ou menos proporcional à dimensão ou peso político estimado.
Não quero com isto dizer que não possam coincidir dois critérios ou duas lógicas, juntando-se, então, o útil ao agradável - ou seja, a excelência ao "companheirismo" . Há gente capaz dentro de todos os partidos, mulheres e homens - com certeza que há ! O problema é que, tanto entre os melhores, como entre os piores, são muito mais os homens do que as mulheres, e não pela boa razão, que só poderia ser o valor individual...


II- Vamos, então, passar ao arriscado exercício de sopesar as questões de "mérito relativo", na hierarquização da lista proposta pelo Partido Social Democrata.
Em primeiro, o nome de Paulo Rangel, a meu ver, não se discute - é muito bom, como o seria Marques Mendes, e, francamente, de momento não vislumbro mulheres com melhor perfil para a missão.
Em segundo, o já referido Carlos Coelho, com provas dadas, embora não o deslustrasse vir atrás da antiga Ministra da Ciência, de Durão Barroso, que ocupa a terceira posição, em obediência aos ditâmes da Lei...
Em quarto, Mário David, com experiência na área internacional (e também, por sinal, muito próximo de Barroso). Aceita-se, nesse ou outro lugar.
E em quinto? Bem, o quinto é a "quota" da poderosa Região Autónoma da Madeira. É, nas palavras do "Correio da Manhã", " o desconhecido Nuno Teixeira". Sem mais comentários...
Em sexto, dupla quota: a quota da paridade e a quota dos Açores.
A acreditar no relato dos jornais (no plural, note-se...), para conseguir um lugar elegível, o PSD-Açores terá substiuido o seu anterior deputado por uma mulher, assim aproveitando uma oportunidade de posicionamento aberta pela nova regulamentação. Maria do Céu Patrão Neves é professora catedrática de Ética, na Universidade dos Açores - uma indigitação prestigiante para o conjunto dos candidatos, que até ficaria bem lá mais acima...
Em sétimo , Regina Bastos, uma antiga deputada da Assembleia da República e, também, antiga deputada do Parlamento Europeu. Com "curriculum" de sobra .. . Não entrou pela regra da paridade, que a relegaria para a nona posição - de duvidosa elegibilidade - mas, como quase todos os colegas do género masculino, pela "quota da distrital" (de Aveiro). É esse o caso dos "representantes" da distrital de Braga, um autarca, colocado em oitavo, e da JSD, em nono...
Indiscutível, felizmente, a qualidade das três senhoras - todas acima da média!
Nem seria preciso tanto :bastava a "igualdade de competências", que, na minha óptica, é, sempre, o pressuposto ético das leis da paridade.
A sua aplicação correcta depende, pois, das escolhas em concreto... Excelentes, porventura a exceder expectativas, as do PSD, neste primeiro teste de aplicação de uma lei mal amada.
Piores, as do PS, paladino da "paridade à portuguesa": entre os nove primeiros titulares, inclui apenas três mulheres, duas das quais já são candidatas à presidência de Câmaras. Se vencerem, terão homens como substitutos. E, assim, veremos o próprio partido-legislador (autor, proponente, votante) defraudar os objectivos da sua lei...
Dos maiores partidos, o único que se limita ao cumprimento dos "mínimos legais" é, precisamente, o PS. Estranho! Ou talvez não, se olharmos a composição tão pouco paritária do Governo Sócrates, que fica, neste aspecto, àquem do de Durão Barroso, para não falar sequer dos governos em perfeito equilíbrio de género de Zapatero ou de Sarkozy.
O PSD, opositor declarado da legislação da paridade, na hora da verdade, não hesitou em demonstrar que, por sinal, não lhe faltam candidatas de mérito para preencher quotas (em conjugação com outras variantes de quotas - as que não são vistas como tal...).
Com isso ,na prática, e contra os argumentos teóricos da esmagadora maioria dos seus dirigentes revela, afinal, que a Lei da Paridade serve a Constituição, a República e a Democracia.

Revolução! - disse a Tia Lola

Ninguém, na família, se levanta mais cedo do que a Tia Lola.
Antes das 8.00, já ela costumava estar, de jornal na mão, a tomar o pequeno almoço, no Café. Pelo puro prazer de madrugar, porque não tinha trabalho fora de casa, e em casa, praticamente, também não.
Imagino a satisfação que lhe deu, nesse dia 25 de Abril de 1974, o facto de ter um bom pretexto para acordar toda a gente.
Não sei se fui das primeiras a ouvir o toque do telefone. Sei que era cedíssimo, e lembro-me da conversa, como se fosse hoje. A Tia estava excitadíssima. Via-se bem que a perspectiva a entusiamava, mesmo antes de saber exactamente onde as coisas iriam parar: "Manela, há uma revolução das Forças Armadas, aqui no Rossio. O melhor é ires já ao supermercado comprar o essencial para os próximos dias, porque deve fechar o comércio todo. E não saias daí - é o que os militares estão a pedir, na rádio".
E eu assim fiz. Muito me arrependo! A Tia estava na "baixa", no centro dos acontecimentos, a dar bons conselhos aos outros. Eu devia era ter ido ter com ela, deixando, tranquilamente, na quietude do meu apartamento, e na companhia das simpáticas vizinhas, a Maria Póvoas, já idosa demais para aventuras de rua, e a Endora, uma jovem e fogosa "Serra de Aire" .
Perdi essa oportunidade histórica, e desperdicei tempo a fazer compras inúteis de conservas, de bolachas, de fruta e de comida de cão - as lojas não fecharam, nunca - e, seguidamente, a ouvir e a gravar as emissões de rádio o dia inteiro. Música que, ainda hoje, me empolga. E, ao fim da noite, o anúncio de que o General Spínola, o do lido e relido "Portugal e o Futuro", estava à frente da Junta de Salvação Nacional. Uma revolução à medida dos meus sonhos. Pelo menos durante uns meses - até fins de Setembro. E, depois de algumas peripécias, com um fim feliz.
Em qualquer caso, achava e acho que teria valido a pena pagar um preço alto - mesmo que tivesse sido muito mais alto do que acabou sendo - para pôr termo à ditatura acabrunhante em que vivíamos.
Tal Tia Lola, tal sobrinha, para mim, qualquer movimento era preferível a águas paradas, que não levavam a lado nenhum...
Nesse 25 de Abril, saí para compras, apenas na Av. Uruguai: de manhã, provisões do ramo alimentar, no supermercado do meu prédio, e, de tarde, um disco grande, uma espécie de "souvenir", na Livraria Ulmeiro - "As cantigas de Maio" de Zeca Afonso. Como não tinha dinheiro vivo, a dona da livraria não só mo vendeu "fiado", como me emprestou uns contos de reis, para sobreviver até à abertura dos bancos - que, por acaso, foi logo no dia seguinte. Lá voltei a pagar a dívida, e a conversar sobre a revolução, que era tema único de conversas.

abril 09, 2009

Mulheres na Emigração - em mudança...

Releio uma declaração política feita num Forum Internacional, em Marselha, há mais de um quarto de século. E já não estou em plena concordância com o seu teor. Muidei eu de perspectiva e de opinião? Mudaram as mulheres, de quem se falava? ou já tinham até mudado, sem que fosse perceptível a verdade inteira das suas situações?
Quanto ao FORUM:
Fomos convidadas, a Teresa Costa Macedo, então Secretária de Estado da Família, a Maria João Sande Lemos, dirigente do PSD - e, provavelmente, o elo de ligação a entidade organizadora, uma "internacional" feminina de uma área centro -direita, e de maioria latino-americana, se a minha lembrança das coisas, já bastante vaga, está correcta... - e eu própria, Secretária de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas.
Disse as palavras, que abaixo reproduzo, no documento original, tratando a dupla discriminação das mulheres migrantes, como sendo uma regra geral -fenómeno que hoje vejo com outros olhos.... Depende muito das circunstâncias, e até das mulheres!
No caso das portuguesas, a emigração, mesmo com todos os obstáculos e dificuldades, acabou por ser, na maioria dos países e continentes, a começar pela Europa, um verdadeiro "caminho de libertaçâo" (de preconceitos, de dependências familiares...).

Voilà: