dezembro 05, 2012

Mov Fem - 1º república


1 Historicamente -M- de excepção - Rainhas, Regentes, chefes de Estado . Saúde, educação, diplomacia, heroínas de guerra...

2 - Imprensa feminina do sec XIX. 2ª Metade - Francisca Wood, Torrezão - jornalismo, literatura, consciência da questão feminina
Outeiros,(sec XVII) salões literários, assembleias Leonor, Marquesa de Alorna

3 - Princípios sec XX - movimentos colectivos, M- notáveis, famílias progressistas (muitas M- casadas com activistas, republicanos, maçons) Pouco impacto público no começo - círculos restritos de elites Movimento tardio:

Em 1902, CM de Vasconcelos:
"O combate das massas femininas em vista de melhores condições sociais está inteiramente por organizar (...) o aparecimento de uma mulher na política seria considerado uma monstruosidade. (razão para as diferentes Constituições do Reino e da República não excluírem expressamente o voto das mulheres - exclusão implícita, subentendida...)

4 - Início da participação pública - out of the shadows..
.1904 - I Congresso do Livre Pensamento - Adelaide Cabete, Maria Veleda e outras Perfil da militante: fem, rep e” maçons”
1907 - iniciação na Maçonaria de Adelaide Cabete, Ana C Osório, CB Ângelo -lojas de adopção "Humanidade" - as 3 iriam ser"veneráveis", a última teria o seu nome dado a uma loja depois da sua morte em 1911)

1908 - Alarga-se o espaço de intervenção, no quadro do movimento republicano (acções de propaganda ,M- a secretariar comícios e sessões
Criação da Liga Republicana da Mulher Portuguesa - a convite de António José de Almeida, Bernardino Machado, Magalhães Lima (GM do GOLU)

1909 -LPMP integrada nas estruturas do PR (equivalente a um actual deparamento feminino de um partido) Ana C O é oradora num comício

1910 . Generaliza-se a intervenção das M em acções de propaganda promessa de igualdade política e civil, sufrágio universal, co-educação

O VOTO
Visão comparativa na Europa:
Países nórdicos
1907 - Finlândia voto, elegibilidade, 19 M- no Parlamento
1907/1913 - Noruega Afirmação progressiva dos direitos políticos (acção de Camilia Collet. Desde 1884, Union for Working Women de Gina Kroeg)
1907/1915 Dinamarca Gradualismo; 1889 (conselhos escolares), 1890 (conselhos sociais),
1901 (Conselhos municipais)1907 - Voto restrito (M- com independência econ)1913 - voto e elegibilidade com algumas diferenças1915 - voto igual
(na Islândia, voto em 1915 e na Suécia em1921 (influência de escritores, Ibsen, Ellen Kay, Frederika Hertha)

+UK (sufragistas, sufragettes)
1903 - W Social and Political Union - Mrs Pankhurst (no Parlamento já 200 deputados favoráveis ao suf fem)
1907 . Grande marcha sobre o parlamento, aquando da discussão da lei eleitoral1910 - nova grande marcha, aquando de nova discussão
1912 - Começo da luta violenta das suffragettes (E P)1914 - 18 - trégua devida à Guerra. voto antes do fim do conflito, em1918.elegibilidade de seguida, m ano (1ª eleita Lady Astor, Mrs Pankhurst candidata pelo P Conservador!)(Estátua póstuma frente ao Parlamento)

Europa do Sul
Portugal . 1º voto 1911 .CBAngelo1931 - voto com restrições1969 - voto igual exct locais -só chefes de fam, M ou H)
1975 . sufrágio universal
Espanha - 1931 (1º elegibilidade, seguidamente voto)
França - 1946

O DISCURSO (mais convergência) A ACÇÃO / (diferenças)

E Pankhurst: If civilization is to advance at all, it must be through the help of women, freed of their political shackles, women with full power to work their will in society"

Angelina Vidal: A liberdade não comporta escravos - só a Mulher livre pode produzir sociedades livres, fortes, moralizadas e sadias"

Ana Castro Osório: Se uma República nos expulsa das suas leis cívicas, não podemos considerar nossa a Pátria onde não temos direitos, onde não temos voz para protestar"( a mesma veemência na análise da realidade. nos objectivos a prosseguir, nos fins, mas não nos meios, na estratégia)

O FEMINISMO PORTUGUÊS - a tentação do companheirismo, a recusa do afrontamento radical

A via portuguesa acompanha a ala moderada de outros mov fem - e praticamente não comportou extremistas (Maria Veleda, politicamente das mais revolucionárias, no capítulo do feminismo abdicou até do sufragismo...)

Porquê?
RAZÕES POLÍTICAS

Confluência de causas (Rep e Fem) Ligação umbilical LRMP/PR ( por ex. mais do que sufragettes ao Labour)
Pela mão dos H - abertura à vida pública das M-

SITUAÇÃO FAMILIAR/ SOCIAL Laços familiares, fam ideológicas e fam de sangue - casais Mov de elites, não de massas

NA OPOSIÇÃO, NO PODER
Oposição - proximidade, cumplicidade, esperança Poder . Promessas incumpridas, tensões, conflitos (tb dentro da maç).
cisão - umas mais fem do que rep (as 3 veneráveis da maçonaria), sufrágio...Outras mais rep do que feministas (Mª Veleda) acento na educação, leis de família...

SUFRÁGIO - causa perdida Moderação excessiva da reivindicação - não sufrágio universal, mas voto restrito a elites. Receio do voto rural e do voto fem (contracção do universo eleitoral) (Na Europa. tb esqª contra o voto fem por receio, direita por preconceito)

LEIS ELEITORAIS em Portugal
1911 - o voto de CB Ângelo( requisitos, chefe fam, etc - recurso, juiz Castro)
1913 - 1915 - 1918 - 1927 (já Estado Novo)
M protestam, com manifestos, petições, pedidos de audiência (n- luta radical...) Reacção popular ao voto (estrondosa ovação . idem com Guardiolas, na AN, idem 1987)

EDUCAÇÃO, LEIS CIVIS (divórcio, mas igual no Dº de Família)
(desajustamento leis realidade social - nos círculos burgueses, pelo menos. "a M- port casa para ser livre" dizia A C Osório, embora à face da lei perdesse toda a liberdade).
Co-educação - criação de escolas...

AS CISÕES
As "mais republicanas" Mª Veleda - abandona a reivindicação do voto feminino - não sendo adversa ao voto feminino defende em 1º lugar a emancipação da M- considerando perigosa "enqt a M- não estiver inteiramente liberta da tutela religiosa, a sua interferência na vida política do país". (...) sendo já tão grande o nº de eleitores inconscientes, aumentar esse nº com o voto das M- parece-me grave imprudência: se as M- são conservadoras, a educação as libertará"
As "mais feministas" AC Osório "A questão feminista é a questão da M- que tem sido na sociedade a eterna escrava, a perpétua ludibriada. Por isso, ninguém pode dizer que traímos este ou aquele ideal, porque só devemos ter políticas do ponto de vista do interesse do nosso sexo".

1911 - o abandono da LRMP por ACO e as outras feministas
1912 - criação da APF - Assoc de Propaganda Fem (apolítica, sem filiação ou oposição religiosa, aberta a todos, sem filiação partidária, com ligação a mov internacionais feministas
1914 - Conselho Nac das M- Port (1ª presidente Cabete, última Mª Lamas) - afiliada no International Women's Council, sufragista
1916 - Cruzada das Mulheres- Port (presidente Ana de Castro Osório)

A IDEIA da PARIDADE (avant la lettre)
Adelaide Cabete - O feminismo não é o que muitos julgam e pensam, asM- a desejar imitar os H-, fumando, usando colarinho e gravata etantas outras imitações ridículas"
ACO - "O verdadeiro feminismo é um dever partilhado por M e H dedesejar as M criaturas de inteligência e razão, educadas util e praticamente, de modo a verem-se ao abrigo da dependência"

Angelina Vidal "Não separemos a nossa emancipação da emancipação do H-"

Alice Pestana (CAEL) - Só a Educação e a cultura podem libertar a M-(pacifista: "A guerra contra a guerra"

Mº Veleda - A necessidade de viver honestamente pelo tº é que nos inspirou o feminismo . A M- tem de arremessar para bem longe o seu diadema de deusa, despedaçar o ceptro da sua ilusória realeza ecaminhar ao lado do H-. serena, corajosa e altiva para um mundo novo:M-e H- unidos nos direitos e ideais" (exorta à educação)

dezembro 02, 2012

Para o jornal Portugal em Foco - mensagem de Natal



Por esta altura, todos os anos, Dona Benvinda Maria telefonava-me a pedir, com urgência, uma saudação de Natal, para a Revistaa, com que o jornal festeja a data.
Faltou-me agora ouvir a sua voz, mas o pedido foi feito, com a mesma intenção, e eu respondi, como sempre, com todo o gosto - e pensando muito nela


Um Natal de Saudade


Vamos viver a mensagem de Natal para que nos sintamos sempre, ao longo do ano inteiro, mais próximos uns dos outros, no acompanhamento das nossas vidas, na solidariedade, na lembrança.

Que as luzes que iluminam as árvores de Natal, as ruas, as casas em festa, nos iluminem também o caminho a andar, com as lições que nos deixaram os nossos maiores, com as perspectivas que os mais jovens vão descobrir!

Que o casal de emigrantes num trânsito aventuroso, mas venturoso, em terra estranha, com o seu menino recém-nascido - o menino que vinha dar-nos um novo mundo de valores humanos transcendentes e com eles abrir nova era na História universal! - seja, verdadeiramente, um modelo inspirador, para que, em Portugal, possamos resistir às dificuldades dramáticas dos tempos que atravessamos, numa maior união entre a parte da Nação que se debate com as maiores agruras, dentro do nosso território (e de outros, também...), e a que contempla o futuro com a certeza do bem-estar e da prosperidade, em Estados melhor geridos e mais desenvolvidos.

Dentro de fronteiras, aumenta, dia a dia, o desemprego, o desânimo, a pobreza, e, com tudo isso, cresce, num dramático recomeço de ciclo, pelas mesmas más razões de sempre, a emigração! "Portugal, País das migrações sem fim" foi o título que dei, na meia década de 90, a um livro sobre estes temas sem querer fazer profecia, e sem adivinhar a colossal dimensão que o fenómeno iria em breve atingir... Sabemos todos que esse movimento infindo de dispersão, com os seus altos e baixos, as suas mudanças de percurso e a diversidade de integração socioeconómica das pessoas, serviu sempre o engrandecimento de Portugal, levando consigo, nos laços mantidos com a terra-mãe, a expansão da cultura e da língua na diáspora, em verdadeiras comunidades extra-territoriais. Assim se fez e faz a nossa História - uma história de família, de “família-comunidade”- e de “família-nação”.

E o Natal é, por excelência, a festa da família, uma reunião que vence distâncias na geografia e que atravessa os tempos, com as reminiscências dos Natais do passado, a memória dos que estão longe ou dos que já partiram... É o grande reencontro no afecto, no coração, no espírito!

Por isso, neste Natal, no meu mundo de saudade, onde revisito família e amigos, vão estar, de um modo muito especial, as recordações que guardo de Dona Benvinda Maria. Da sua amizade. Da sua vida exemplar ao serviço de grandes causas! Da sua energia e coragem! Estou certa que o Filipe e todos os que contribuem para feitura e para o sucesso do “Portugal em Foco” partilham comigo esta vontade de assim sentir o Natal de 2012.

Para todos, Feliz Natal

novembro 23, 2012

Nota de Abertura da Revista

Vamos olhar, nas páginas de uma revista, um mundo, feito de sonhos e de obras de muitas Mulheres Portuguesas. Vamos à procura da realidade plural, dinâmica e mutável da nossa emigração feminina, situando-a no espaço que efectivamente ocupa, ainda que sem ter a visibilidade correspondente. Vamos pôr no centro das atenções as múltiplas formas de asserção das mulheres na cultura, nas artes e nas ciências, no associativismo, no desporto, no trabalho, no empreendedorismo….
Move-nos a intenção de retratar, tão bem quanto possível, a história do passado e a história no seu curso para o futuro, sempre com a esperança de contribuir para a mudança, de influenciar o processo, e de mobilizar para a acção a metade que tem sido marginalizada nas nossas comunidades.
Em 2011, o Encontro Mundial de Mulheres da Diáspora, o terceiro organizado pela “Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante” foi um acontecimento que nos trouxe novos dados e perspectivas sobre as migrações portuguesas, e que, em conjunto com muitas das suas protagonistas, trazendo ao diálogo a força de crenças e sentimentos e com muitos dos investigadores neste domínio, com a sua visão objectiva e rigorosa das coisas, nos permitiu repensar os modos combater pela causa que nos une "num espaço sem fronteiras" - a da cidadania assumida pelas mulheres migrantes, enquanto membros de pleno direito de duas comunidades nacionais. Cidadania para além do reconhecimento do simplesestatuto jurídico, que em muitos países está já adquirido, a criação das condições para a sua facticidade, para a assunção de direitos e deveres em concreto, o seu exercício, à medida da querer e das capacidades de cada pessoa.
As situações de facto são, como é sabido, as mais diversas, influenciadas tanto por factores individuais, que, no caso das mulheres, tendem ser vistos como levando a uma escolha natural ou espontânea de menor participação, como por factores estruturais, sociais e políticos, que àqueles se sobrepõem, condicionando fortemente a livre expressão da cidadania feminina. E, por isso, tem o Estado a obrigação de intervir activamente para assegurar a igualdade de género, como, em Portugal, manda a Constituição da República, sem circunscrever ao território nacional o âmbito de tais “tarefas”, que qualifica como “fundamentais”
Incumbência do Estado, mas também nossa.
A igualdade conquista-se primeiro na lei, mas, depois, decisivamente, na consciência das discriminações subsistentes. E, por isso, a observação, o estudo, a constatação das diferenças, no que se constituem em limitação de direitos, são imprescindíveis. E é neste campo que o legislador, e os próprios cidadãos, o Estado e a sociedade civil, devem convergir nos seus esforços. Eis o que nos tem determinado numa colaboração de mais de duas décadas, ininterrupta e estreita, com sucessivos governos, qualquer que seja o seu quadrante partidário - porque esta é uma questão nacional, ou, mesmo mais, civilizacional.
E, assim, em iniciativas próprias tanto quanto nessa tradição de trabalho em projectos comuns com serviços públicos, universidades, centros de investigação e ONG’s no País, e nas comunidades do estrangeiro, com mulheres e homens que querem construir sociedades mais igualitárias, temos feito um percurso singular – e que, bem vistas as coisas começou antes mesmo da constituição da AEMM…

novembro 20, 2012


Manuela Bairos e Maria Manuela Aguiar participaram no II Simpósio Internacional "Rosa dos Ventos O Português nos quatro cantos do mundo", que, comemporava 65 anos de ensino de Português na Universidade de Toronto. Com uma excelente organização da Profª Manuela Marujo e da sua equipa e intervenções, nomeadamente, do Professor Malaca Casteleiro, da Presidente do Instituto Camões, do Cônsul de Portugal, Dr Júlio Vilela e de conferencistas brasileiros, contando com a presença de alunos da Universidade e de membros da comunidade portuguesa, o simpósio decorreu nos dias 28 e 29 de Setembro.
No painel dedicado ao tema "A língua portuguesa e a Diáspora" , moderado pelo Cônsul Geral Júlio Vilela, Manuela Bairos falou sobre "A diplomacia da língua portuguesa e a Diáspora" e Manuela Aguiar sobre " Histórias de vida" - ASAS para voar - lançamento do projecto na Diáspora portuguesa" (Academias Seniores de Artes e Saberes)
No final dos trabalhos, Manuela Bairo e um grupo de participantes do simpósio visitaram o Museu Português de Toronto, enquanto Manuela Aguiar partiu para a festa do 56º aniversário do First Portuguese Canadian Cultural Centre, onde teve ocasião de se dirigir aos presentes, enaltecendo a acção do First nos vários domínios em que foi pioneiro, mas, muito em particular, co campo da acção para os mais idosos, qualificando o seu Centro de III Idade, como uma verdadeira universidade sénior, em pleno funcionamento.
No dia 30, antes do regresso ao Porto, Manuela Aguiar esteve na Casa dos Açores com Virgílio Pires e com Manuela Marujo e Aida Baptista, que aí realizaram a primeira das actividades do projecto ASAS em Toronto - uma aula sobre escrita criativa, com enfoque no tema narrativas de vida: "Minha vida numa moldura". Um sucesso, que se espera tenha continuidade ao longo dos próximos meses.

Síntese da Intervenção de Maria Manuela Aguiar
Manuela Aguuiar começou por referenciar os esforços da Associação a que pertence, e, antes disso, até dos seus próprios projectos na Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, para promover a recolha de narrativas de vida de emigrantes, como embrião de um futuro Museu das Migrações. Um Museu cujo primeiro património seria a história das pessoas e das instituições de que se são formadas as comunidades portuguesas, em sentido orgânico - uma forma ideal de fazer a história das migrações, como parte da história da Nação portuguesa - guardando a riqueza. das singuralidades de experiências individuais imersas na grande vaga dos movimentos de expatriação e de retorno,
O Museu da Emigração sueca , em Vaxö , com os seus registos de milhares de imagens e de entrevistas de gente comum foi o modelo inspirador do Fundo Documental e iconográfico das Comunidades Portuguesas, criado na primeira metade da década de 80, (no âmbito do Instituto de Apoio à Emigração e às Comunidades Portuguesas), para proceder à recolha de imagens e de contributos de investigadores e dos próprios emigrantes, e à sua publicação, mas o "Fundo" acabou por não ter continuidade.
Manuela Aguiar não escondeu as dificuldades com que tem deparado os projectos da Associação de Estudos Mulher Migrante, que se enquadram no mesmo tipo de preocupações - incluindo o que está em curso, com a denominação de "Ateliers da memória" . Resultados concretos foram obtidos no Rio de Janeiro, onde a Directora do Jornal "Portugal em Foco" Benvinda Maria impulsionou uma publicação com narrativas de vida de cerca de 120 mulheres portuguesas e luso-brasileiras e na região de Buenos Aires está em curso um projecto semelhante, encabeçado pela Associação Mulher Migrante Portuguesa da Argentina.
Segundo Manuela Aguiar o próprio projecto da criação de Academias Séniores de Artes e Saberes foi desde o início visto como um meio de incentivar a recolha das narrativas, pela via da oralidade ou pela escrita. Essa é a única matéria que se coloca como prioritária no programa de funcionamento das "Academias" tudo o mais sendo deixado ao critério de cada organização, por se entender que só cada um dos interlocutores saberá como adaptar o paradigma das chamadas universidades sénires às características do associativismo local .Mais importante do que o número inicial de participantes, o número de cursos ou actividades. a própria designação que cada iniciativa tome, é que se vá num crescendo de participação, que signifique mobilização dos mais velhos para o intercâmbio de saberes, para o convívio, lúdico e útil, para o aumento da auto-estima. Para que se sintam cidadãos que ainda podem dar muito de si aos outros, à sua comunidade Para que possam ajudar a combater a tão falada decadência de boa parte das associações portuguesas.

novembro 19, 2012

MALICE

Maria Alice, jornalista e directora do mais antigo jornal de língua portuguesa em Toronto era uma Mulher de cultura, de Letras e de causas, com um intenso interesse pelas coisas da política, tanto nacional, como canadiana e mais ainda pelas da sua comunidade.


Sempre pronta a conversar à mesa do café, ou ao telefone, como se o tempo que perdia connosco, não o fosse gastar em noitadas de porfiado trabalho.

Sim, havia o seu “quê” de excessivo na personalidade de Maria Alice – mas todos os seus excessos eram virtuosos (salvo o de ser fumadora inveterada): excesso de generosidade, de voluntariado, de cuidado com o detalhe, com o sucesso de todas as vertentes de uma acção, que a fazia uma parceira mais do que fiável, infalível, em qualquer iniciativa conjunta. As suas organizações tinham o rigor de um relógio suíço, a par de um entusiasmo e uma emotividade muito à portuguesa. Amigos não lhe faltavam, Sabia escolhe-los na perfeição, e pô-los a trabalhar para o “bem comum”. Foi através dela que conheci o filantropo Virgílio Pires, o Manuel Leal (que ela achava “esquerdista” – que exagero! …) ou o Laurentino Esteves, o jovem promissor, que tratava como um segundo filho

Só ela me faria estar numa passagem de ano em Toronto (porque para além da minha família portuguesa, achava que eu tinha obrigações para com a minha vasta família de afectos luso-canadiana…). E não nos limitamos a confraternizar em duas ou três festas de associações, mas em quatro ou cinco, umas visitadas no ano que findava e outras já no ano seguinte,,, No meio de um nevão que cobria os passeios, onde se afundavam os nossos sapatos de salto alto. Coisa benigna, quando comparada a uma ida de Toronto a Kingston, que durou horas e horas, sob sucessivas tempestades de neve, com o Virgílio Pires firmemente ao volante do seu Cadillac, que resvalava aqui e ali, mas sempre sem

perder o rumo…. E, depois de cumprirmos na íntegra o programa – visita à Igreja portuguesa, encontro no clube, entrevistas à rádio e à televisão e jantar como Mayor – regressamos à aventura de mais umas horas de condução exímia do Virgílio, sob a fúria da intempérie. Em ininterrupta e divertida conversação a três, naturalmente…

Com Malice não havia silêncios nem tempos mortos, era assim, cheia de energia, de ideias e de projectos, que levava por diante contra todos os obstáculos, fossem os da natureza ou os dos seus opositores - que nunca a venceram nem convenceram...

O que a movia? Julgo que era, antes do mais, o portuguesismo, a vontade de defender a cultura portuguesa na imensa panóplia de culturas conviventes no Canadá e também o inconformismo face às práticas e tradições que desvalorizavam o modo de ser feminino.

O Correio Português era o jornal da Maria Alice e do António Ribeiro, numa paridade completa, pragmática e eficaz. Mas para Malice, como os amigos lhe chamavam, o jornal foi mais do que um jornal bem gerido e bem escrito. Com ele deu voz à comunidade, fez a história da comunidade, mas também soube ter voz própria e ser protagonista de primeiro plano na construção de um universo luso canadiano que não parava de crescer, após o início das migrações em massa dos anos 50.

Do seu pioneirismo no campo da escrita e do jornalismo ao seu pioneirismo na representação dos emigrantes no Conselho das Comunidades Portuguesas, desde os anos 8o até ao último dia de uma luta contra grave doença, fica a força de um exemplo de vida, Fica a memória da fase primordial da emigração portuguesa no Canadá, em páginas e páginas do seu "Correio". E fica, também, à espera dos investigadores que o possam tratar e divulgar, um precioso arquivo fotográfico, recolhido no Museu Português de Toronto, graças a uma intervenção atempada de Virgílio Pires.

Na verdade, Malice tinha sempre à mão, para além do inevitável maço de cigarros,

a sua máquina fotográfica de profissional...Nesse arquivo, está, em imagens, muito do passado português em Toronto – cabe agora ao “Museu” revela-lo, valorizando-se.

E, por fim, numa revista que fala de mulheres na diáspora não poderíamos esquecer que a ela se deve a proposta para a realização do “1º Encontro Mundial de

Mulheres Portuguesas no Associativismo e no Jornalismo”, em 1985. Esse seu gesto é, de algum modo, o precursor da longa caminhada, em que andamos, e em que a sua memória nos acompanha.



Maria Manuela Aguiar

novembro 17, 2012

Pioneiras da Diáspora da década de 80

No início de 1980, Sá Carneiro escolheu-me para Secretária de Estado da Emigração do seu Executivo e, por dever de ofício, parti então, para as primeiras de muitas visitas a comunidades do estrangeiro. Deparei com um mundo de homens - homens que me recebiam surpreendentemente bem, atendendo ao facto incontroverso de eu ser a primeira mulher que um Governo da Pátria mandava ao seu encontro, desde o remoto começo das migrações portuguesas…

Havia, é certo, algumas raras mulheres que com eles ombreavam, mas constituíam a excepção à regra e eram, naturalmente, excepcionais, a todos os títulos... .
Malice Ribeiro em Toronto, Manuela Chaplin em Newark, Mary Giglitto em San Diego
Benvinda Maria no Rio de Janeiro, Manuela da Rosa em Pretória… (cito pela ordem cronológica, determinada pelo roteiro dessas “viagens de descoberta” das pessoas e das comunidades).
Digamos que elas partilhavam, formal ou informalmente, o “poder” nessas pequenas" repúblicas de homens" - e tinham bastante poder, tomavam decisões, ou influenciavam acontecimentos de uma forma pública e não só nos bastidores... Eram reconhecidas admiradas e algumas, para além disso, a meu ver, temidas também - visivelmente, no caso das formidáveis jornalistas, MaliceRibeiro e a Dona Benvinda Maria e da cronista Manuela Chaplin... Mas as outras impunham respeito do mesmo garu e natureza : quem ousaria atravessar-se no caminho da Mary, “alma mater” do grandioso Festival Cabrilho ou ou pôr em questão o movimento feminino de Manuela da Rosa, fundadora da “Liga da Mulher Portuguesa da África do Sul?
Destas cinco "grandes" da Diáspora, três foram pioneiras da presença feminina no Conselho das Comunidade Portuguesas - ao tempo oriundo do associativismo e espelhando o perfil masculino do dirigismo das suas organizações..Eleitas e reeleitas “conselheiras” quando e como desejaram (Malice, Chaplin e Manuela Da Rosa, pertenceriam ao CCP na sua segunda vida, a partir de 1997, num modelo de eleição por sufrágio universal). E Mary e Benvinda Maria só não foram por que não quiseram - uma assembleia de pendor "político" não era o palco preferido de uma e de outra.

novembro 15, 2012

Não foi a primeira vez que me convidaram para falar de mim e do que me levou aos caminhois da pollítica -  ali o que fez a diferença foi uma audiência tão simpática de uruguaios que frequentam os cursos de portugués do Clube Brasil. O presidente do Clube, filho de portugueses comoveu-se até às lagrimas a falar do país e da língua de seus pais. Estava criado o ambiente propício às emoções e às confidências. A recordar o meu passado feminista que vem da infância, De ouvir as Avós a dizerem-me: "As meninas não fazem isto, não fazem aquilo". Era o  plural o que mais me intrigava...  E partia em frente a provar que "as meninas" eram tão capazes como os meninos de escalar uma árvore, de me dependurar nas traseiras de um eléctrico ou de marcar um golo a jogar futebol com os primos... Comecei por me sentir uma espécie de representante das "meninas" e acabei no Governo e no parlamento, a representar a Nação...

Conf O céu é o limite Síntese em inglês

The role of woman in the Portuguese Diaspora has been relatively unacknowledged throughout centuries of huge migratory movements largely dominated by male stereotypes.
Nevertheless emigration had in fact profound effects in the life of women within the family circle, in society and in the labour market, and women did strongly contribute to transform both individual immigration projects and the Portuguese communities in host societies.
Traditional Portuguese policies opposed and limited feminine emigration as women were expected to suffer "double discrimination" abroad (as foreigners and as women) but recent studies and hearings of women speaking for themselves reveal that in many cases and for a majority of them, emigration signified more rights and opportunities.
In more prosperous, modern and egalitarian societies they became aware  of individual rights and of social causes and learned new ways of being  wives, mothers, citizens and professional workers They were a decisive factor  in the integration and in the wellbeing of the whole family and very often  an obstacle to the choice of returning to the country of origin.
Inside their ethnic group, they also played an important role in the setting up of cultural organisations guarding traditions and ways of being and living collectively. But the association movement is still mostly led by men, women reacting in some cases by creating their separate associations . The major institutions of Portuguese emigration are still less egalitarian than the host society as a whole - although some more than others.
A comparative view of progress in this domain, through research, seminars and debates is a way to press for change.

novembro 14, 2012

MALICE homenagem em Toronto

Síntese das palavras ditas na homenagem a Málice, na Casa do Alentejo, a 25




de Outubro de 2010:

Há 30 anos raras eram as portuguesas emigradas que tinham voz na sua comunidade.´Maria Alice foi para mim, desde o dia em que a conheci, uma revelação do que pode ser a liderança no feminino – e no seu melhor!
Na verdade, muitos anos de c onvívio confirmaram o que antevi desde esse encontro inicial, na primeira “missão de serviço” que me levou à América do Norte: ali estava alguém que tinha infindas reservas de energia, de coragem, de dedicação à “res publica” e que delas fazia uso, apaixonadamente, intensamente, no quotidiano de uma das maiores e mais dinâmicas comunidades lusas à face da terra (como, com ela e com outros dos seus dirigentes, aprendi que é a de Toronto).
O que a movia? Julgo que era, claramente, o portuguesismo, o sentimento patriótico, sempre mais desperto no estrangeiro - na aventura da emigração - a par do inconformismo com as regras, as práticas e as tradições que desvalorizam o género feminino e lhe reservam um papel secundário. E, também, as causas que abraçava, com entusiasmo, tais como: a defesa dos direitos dos imigrantes, e das mulheres; a defesa da cultura portuguesa na imensa panóplia de culturas conviventes no Canadá; propósito de informar, com rigor, com verdade, sobre o passado e a actualidade de uma Pátria, distante mas presente; a vontade de dar corpo e alma a uma comunidade, que para sempre lhe deve parte da dimensão que alcançou - e que não para de crescer. Málice, como os amigos lhe chamavam - e por isso a chamo eu assim - foi uma pione ira da emigração portuguesa em Toronto. Fundou, com o marido, António Ribeiro, o primeiro jornal de Toronto, escrito - e muito bem! - na nossa língua. Tornou-o um semanário “ de referência ” no mundo português de além fronteiras, e um espaço de vivência de ideias e de grandes causas. Envolveu-se em inúmeras realizações importantes e campanhas de mobilização
comunitária, porque vivia para a sua própria família, como para a família mais extensa, a do associativismo, o núcleo agregador dos emigrantes, que constrói verdadeiras comunidades. Foi Conselheira eleita do CCP, desde os anos 80
(quando o “Conselho” era, quase em exclusivo, masculino ) e para o CCP trabalhou, eficiente e incansavelmente, até ao fim dos seus dias, vencendo a doença enquanto lhe foi possível. Um grande exemplo para os jovens, para as gerações que farão o futuro!
Maria Alice Ribeiro tem, para sempre, o seu lu gar na história do jornalismo da diáspora, na história das comunidades portuguesas do nosso tempo. E, connosco, os que tivemos o privilégio de ser seus amigos e admiradores, permanece
viva na memória e na saudade.

Maria Manuela Aguiar

novembro 13, 2012

The role of woman in the portuguese Diaspora has been relatively
unacknowlwdged troughout centuries of successive migratory movements
largely dominated by male stereotypes.
Neverthless emigration had in fact profound effects in the life of
women in the family circle, in society and in the labour market, and
on the other hand, women did strongly contribute to transform both
individual immigration projects and the portuguese communities in
host societies.
Ttraditional portuguese policies opposed and limited feminine
emigration as women were expected to suffer "double discrimination"
abroad (as foreigners and as women) but recent studies and hearings
of women speaking for themselves reveal that in many cases, for a
majority of them, emigration signyfied more rights and more
opportunities. In more prousperous, modern and egalitarian societies
they became aware of individual rghts and of social causes and learned
new ways of being wives, mothers and professional workers They were a
decisive positive factor in the integration of the whole family and
often an obstacle to the option of going back to the country of
origin.
Inside their ethnic group, they played an important role in the
setting up of cultural organisations guarding traditions and ways of
being and living collectively, seats of community life due to their
presence and contributions. But such organisations are still mostly
led by men, women reacting in some cases by creating their separate
associations . The situation is changing gradually, but that
"portuguese universe" abroad is still less egalitarian than the host
society as a whole.

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Encaminhar

Notas sobre o colóquio de S José

San José - Abril 2012




Numa primeira intervenção convidei os participantes o olharem todo um passado de desinteresse dos poderes públicos e da “inteligência” nacional pelas questões da igualdade entre os sexos, de acesso da mulher à educação e à participação cívica, questões que se levantaram tardiamente em Portugal – e, mais ainda nas comunidades do estrangeiro, muitas das quais permaneceram, ou ainda permanecem, num estado de anacrónico conservadorismo neste particular domínio.

Comecei por fazer, a traços largos, a história da evolução do movimento feminista português de novecentos aos nossos dias, da revolução pós 74 no plano jurídico-constitucional, e, seguidamente, das políticas contra a discriminação de sexo a que a Constituição obriga o Estado e que no estrangeiro foram de aplicação mais morosa e inegavelmente mais descuidada – uma situação que se inverteu nos últimos anos e para a qual a AMM pode legitimamente reclamar uma boa contribuição, em parceria com sucessivos governos (ou não fosse no plano nacional, na prática, e desde a sua criação em 1994, a única totalmente voltada para a especificidade das situações das mulheres migrantes…)



E perguntei, para efeito de debate: qual é o grau da mudança verificada na realidade? Continuará tudo quase como dantes, com as mesmas e persistentes discriminações, de facto, apenas encobertas de uma forma mais subtil num quadro teórico de igualdade? Como comparar avanços reais ou retrocessos em Portugal, na Califórnia, nos EUA e, mais globalmente, nas comunidades de outras partes do mundo?

Apesar da perfeita revolução operada na esfera jurídica, no pós 25 de Abril - que essa é perfeita e objectiva e coloca o Portugal numa vanguarda europeia e universal - apesar da igualdade entre os sexos, consagrada na Constituição e nas leis, que com ela têm de conformar-se, o nosso parece ser ainda um dos países europeus da "União" onde é mais raro encontrar responsáveis, a alto nível político, que demonstrem, encarar como prioritária a matéria do equilíbrio de participação de género, vendo-a como vertente nuclear de um "avanço civilizacional (tal como há mais de um século o via já Emmeline Pankhurst, porventura a mais emblemática das sufragistas)

A aplicação do sistema de quotas, a partir de 2006, parece indiciar isso mesmo, pois se tem limitado ao parlamento ou autarquias, onde a lei as impõe, sem que os Primeiros -ministros, no Governo, onde a escolha é livre e é sua, se tenham, até ao dia de hoje, preocupado em assegurar uma proporção minimamente aceitável de mulheres no Executivo.

Apesar do direito de voto e de elegibilidade, apesar das quotas, a paridade é ainda uma utopia, numa república de homens…Desde 1910, os líderes de uma República, que se revia como moderna e progressista, recusaram o sufrágio às mulheres, do primeiro ao último dia, e, não foi por acaso. Foi, com certeza, por força de factores culturais, que pesaram mais do que a vontade de seguir os bons exemplos de outros Estados europeus (quase todos monarquias). Será este pano de fundo cultural que condiciona ainda fortemente o tratamento dado à discussão sobre os papéis de mulheres e homens na sociedade e na vida pública…

Se assim é, em termos gerais, mais o é, naturalmente, no domínio das migrações, tanto mais que a emigração portuguesa foi, ao longo de séculos, uma aventura quase em exclusivo masculina Mas a emigração feminina cresceu, a partir de oitocentos e aproximou-se da igualdade numérica, nos anos 70/80 do século XX.

A partir de então, muitas interrogações são pertinentes, de algumas das quais ali me fiz eco: Qual a parte das mulheres, na construção das comunidades portuguesas? O que significou para elas a o trajecto migratório, no estrangeiro? Pode a alegada decadência do movimento associativo, em tantas e tantas comunidades, ser combatido com a maior mobilização das mulheres? Há uma consciência disso, por parte delas mesmas, dos dirigentes associativos e dos governantes? Como se vêm as migrantes, na sociedade em que vivem, e face àquela de onde vieram?

"Os Encontros para a Cidadania - A igualdade entre homens e mulheres nas comunidades portuguesas" realizados entre 2005 e 2009, nos quatro cantos do mundo português constituíram uma via de procura de respostas para essas e outras interpelações.

Com a particularidade de ser empreendida, em conjunto, pela "sociedade civil" por ONG’s e pelo Governo. Proposta por aquelas, decisivamente apoiada por este. Mais concretamente, proposta pela Associação de Estudos Mulher Migrante e apoiada pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, com um envolvimento político muito grande de membros do Governo, que estiveram sempre presentes.

Esta experiência, que de algum modo, se insere no que chamamos “congressismo”, juntando a vertente de acção concreta à dos estudos (na melhor tradição do feminismo português) terá significado o início de uma ruptura com o passado, que parece pesar sobre a tomada de consciência dos problemas num domínio tão decisivo –e está sendo continuada, a partir de um novo Encontro Mundial de Portuguesas da Diáspora em 2011 em iniciativas como a que nos reuniu em S José

As conclusões daquele Encontro deram respostas e colocaram novas questões, que em S, José, na presença do SECP Dr José Cesário, tivemos ocasião de passar em revista, e de acrescentar. O SECP esteve ali em perfeita coerência consigo, com um discurso que vinha de trás, pois foi, como deputado, na Assembleia, o primeiro a propor uma Resolução pioneira que convocava os governos a mobilizarem mulheres e homens para a mudança na partilha das decisões e de poder no universo da diáspora, para a afirmação livre de capacidades e de contributos.



Olhamos não só a política, mas outros campos do empreendedorismo feminino que preenchem o conceito lato e eficaz de cidadania, com protagonistas notáveis em diversos campos., começar pela cultura, pelas artes, pela ciência. Uma organização com a marca da Profª Deolinda Adão, ela própria um exemplo de uma Académica que nem por isso deixa de ser militante de causas e interventora.

Estivemos na Califórnia, onde as Portuguesas foram pioneiras no movimento associativo e fraternal – e estão particularmente bem preparadas para o futuro mais igualitário. De S. José trazemos exemplos de boas ideias e de boas práticas e a obrigação de lhes dar visibilidade e divulgação.



Numa segunda intervenção, foi a política que esteve mais em foco e o diálogo conduziu-a, no meu caso, como nos outros, para o contar de experiências individuais, para a análise do bom e do menos bom das vivências muito concretas e dos seus ensinamentos.

novembro 12, 2012

Natália sobre Albertina

O Olhar da Pte. da Associaçâo Mulher Migrante na Argentina para a 1ª Mulher Presidente do Clube Português




Sra. María Albertina



Eu conhecí a Sra. María Albertian muito jovem no ano 1970, na Quinta da Saudade, que pertençe ao Clube



Começei a ver seu trabalho e a observa-la como uma Associada mais, mas sempre admirando essa Mulher......



Admirava sua atuaçâo em todo momento, nas festas..... um día perguntei que me informaram..... como essa Mulher tinha um lugar destacado dentro do Clube, era a única.....saber da sua vida e é assím como posso dizer-lhe , que lá pelo 02 de Dezembro de 1952, se Inaugurou a Sede do Club Plortuguês, e esta Mulher com grande Portuguesismo, muito Jovem mas com uma grande vocaçâo `de trabalho Associativo, começa a trablhar no Clube Português, como socia......

O Clube Português era uma casa nova donde ainda hoje está a Sede principal. María Albertina, começa no día 13 de Outubro de 1952, e de ahí para adiante nunca mais deixou de estar, de pertencer, e trabalhar sempre em todo momento e em todos os Festejos do Clube.



Nâo só trabalha no seu Clube que também hà mais de 35 anos , que ela vai aos diferentes Clubes e sempre convoca muita gente a assistir às Festas de outras Instituiçôes as mais Jovens,



Tenho conhecimento dos diferentes lugares que trabalhou, membro da Comissâo de Jovens, nessa altura o Clube, estaba com quasse todos Portugueses, já que era o único lugar donde os Portugueses podíam ir a buscar um pouco de Saudade e recordar a Patria Distante....



Esteve em varias Sub- Comissôes Diretivas do Clube, Foi integrante do Rancho Folclórico (ALEGRÍAS PORTUGUESAS) Cultura, Sub- Comissâo de Damas etc.



Durante estes 60 anos esteve na divulgaçâo da Cultura Portuguesa e colaborando com todas as Associaçôes Portuguesas, do Grande Bs. As. e tambêm com as mais distantes.



A Sra. María Albertina é una pionera do Associativismo dentro da Comunidade Portuguesa na Argentina, eu era muito nova ainda quando ouvia falar da Sra. Albertina como se dizia, era a única Mulher , que já era nomeada como uma Mulher participante, e que os Homens a respeitabam, nâo era pouca coisa.? eram tempos donde o Homem quería estar dirigindo tudo, e tinhamos homens muito machistas, por isso que esta Mulher na altura que ela foi pte. teve que demostrar que tin ha condiçôes pessôais , para lutar contra esse Machismo que faço referência.



Seus cargos principais foram: Vice-Pte. desde Outubro do ano 2000, a Setembro de ano 2002,

Foi a primeira Vice-Pte. Mulher e despois Presidente dentro dos períodos de Junho do ano 2000, a Setembro de 2002, sempre esteve nas Comissâo do Clube Português o mais antigo da Argentina, de Janeiro de 2004 a Dezembro do 2004, novamente Presidente Interina .(Por Renuncia do pte. em ejercicio.



Foi Socia Fundadora da Associaçâo da Mulher Migrante Portuguesa na Argentina e grande colaboradora, estando sempre ao nosso lado.



Também Socia da Casa de Portugal Virgem de Fátima de Villa Elisa da Cidade de La Plata.



No Ano 2003 o Ministerio dos Negocios Estrangeiros das Comunidades Portuguesas, Dr. António Martins da Cruz le otorgó a Medalha ao Mérito pela atuaçâo relevante em Prol das Comunidades Portuguesas.



Todo este trabalho feito pela Sra. María Albertina foi com o acompanhamento da sua familia, seu marido Amandio Gago Rodrigues, um trabalhador incansavél e incondicional em todo momento com sua esposa.....



E seus filhos o Dr. Marcelo Fabián Gago Rodrigues e A Licenciada Arlete Liliana Gago Rodrigues, que adoram Portugal, pelo ejemplo da sua Mâe,os quais muitas das vezes tiveram que ter a ausência da sua Mâe em casa para ela poder realizar todos estes trabalhos.



Quem nâo está dentro de uma Associaçâo nâo sabe dar valor.,às horas de dedicaçâo que se dá? mas tudo se faz pelo nosso Portugal lá distante.



Quando penso que pensaram em escolher uma Mulher para Presidente, para dirigir o Clube Português nâo deve têr sido fácil!!!!!! mas uma Mulher que têm um trabalho como María Albertina nâo podia ser ignorada pelos seus pares da Comissâo Diretiva.





También foi Diretora do Boletim Informativo durante 20 anos , foi parte do Staff, do programa radial A VOZ DO CLUBE PORTUGUÈS) , programa que leva 46 anos de vida , sendo também Diretora do Programa.



Tambêm foi membro do Conselho das Comunidades Portuguesas na República Argentina, durante muitos andes-



Como Pte. da Associaçâo da Mulher Migrante e Socia Vitalica do Clube Português sinto-me muito orgullosa de têr sido integrante da Comissâo Diretiva do Clube e têr compartido momentos inolvidáveis junto à Sra. María Albertina.



Trabalhar com uma Mulher de estas características foi uma grande oportunidade que tive de aprender ao seu lado e hoje posso dizer que estar em uma Comissâo nâo só é querer ser Pte. senâo temos qeu têr o ejemplo de uma Mulher como ela, que continúa a trabalhar e domostrar que está muito alto seus valores , para continuar a dar Ejemplo de Sabiduría, e que muitas pessôas aprendam dela, que foi Ejemplo de todos os tempos dentro do Associativismo na Argentina



Tería muito mais para falar de esta gran Lutadora do Clube Português; mas dizem que a Verdadeira Historia começa depois!!!!!quando nâo estamos por aquí...........
Portugal teve a honrra demandar como Emigrante à Argentian uma grande cidadâ a trabalhar pela Lingua, Cultura, e pelas Costumes e por tudo o que está relacionado com Portugal



Muito Obrigada María Albertina !



Sra. Natália M. Renda Correia



Pte. Associaçâo da Mulher Migrante Portuguesa na Argentina



Mulheres em movimento - Espinho notas para a intervenção

1 - A tradição portuguesa da segregação de género
Espaço exterior, público - H
Espaço interiro, doméstico - M

Idem na emigração -M mantidas no interior do País  Mar e mundo - aventura masculina
Políticas proibitivas de emig feminina, desde sempre, com excepções pontuais (casais ' d' El-Rey, órfãs d' El-Rey)
Movimento crescente, clandestino, a partir de fins do sec XIX - oposição de especialistas, E Silva, A Costa

2 - Feminismo manifesta-se em círculo restrito, na imprensa feminina (casal Woods, Guiomar Torrezão) - de meados a fins do sec XIX
Sem impacto na sociedade em geral. As M "aceites" não ousam ser feministas -Mª Amélia Vaz de Carvalho, que só aparece como escritora depois da morte do marido o poeta Crespo
1902 - Carolina Michaelis escrevia: "O combate das massas feministas está totalmente por organizar. O aparecimento de uma M na política seria considerado uma monstruosidade".
1904 - Um prenúncio: participação de algumas senhoras no I Congresso do Livre pensamento e na adesão de um primeiro núcleo à Maçonaria (a primeira experiência acontecera de 1880 a 1885). ACO, Cadete e Veleda estão presentes mas só aderem à Maçonaria em 1907.
1908 - Criação da LIGA Republicana das M Port - pela mão dos homens. Convite de Bernardino Machado, Antº José de almeida e Magalhães Lima
1909 - LIGA formalmente integrada no PR. Presença de M em actividades de propaganda e nos Centros rep.
1910 - Generalização da participação de M- em sessões públicas - oradoras (ACO), secretárias de comícios, um pouco por todo o ladoRevolução . Grandes esperanças num mundo mais igualitário - Direitos civis (Divórcio) e Direitos políticos. Direito à educação
Ganhos em várias frentes, mas não na política (sufrágio)... (igualdade pioneira, na Maçonaria - lojas de rito próprio, autónomas, dentro do GOLU, 38 anos antes de qlq outro país europeu) Não em campo aberto...
Voto isolado de Carolina B Ângelo em 1911, aproveitando a omissão da lei qt a sexo - lei alterada em 1913 e todas es leis eleitorais seguintes.
Divisão no movimento feminista, como nos partidos em geral... (umas mais feministas, outras mais rep

3 - A IDEIA DA PARIDADE NO DISCURSO FEMINISTA durante a 1ª República
( Feministas e femininas - precursoras de uma caminhada conjunta - anti radicalismo e modernidade - prematuramente?)
Angelina Vidal - Não separemos a nossa emancipação da emancipação do H
Caiel - Só a educação e a cultura podem libertar a M-
ACO - O verdadeiro feminismo é um dever, partilhado por M e H, de desejarem as M- criaturas de inteligência e de razão, educadas util e praticamente, de modo a verem-se ao abrigo da dependência
Adelaide Cabete - O feminismo não é o que muitos julgam e pensam, as M a desejar imitar os H-, fumando, usando colarinho e gravata e tantas outras imitações ridículas
Mª Veleda - A necessidade de viver honestamente pelo trabalho é que nos inspirou o feminismo. A M tem de arremessar para bem longe o seu diadema de deusa, despedaçar o ceptro da sua ilusória realeza e caminhar ao lado do H, serena, corajosa, altiva, para um mundo novo: H e M unidos nos direitos e nos ideais.

4 - O porquê desta vontade de partilha e mudança em favor de todos - Singularidade do caso português

Entre cruzamento de causas - a revolução rep e a revolução feministas indissociáveis no seu pensamento.
Famílias de sangue (famílias inteiras de activistas rep.) e famílias de ideologia. Apreço e reconhecimento mútuo. Elites. Intelectuais, compreensão da necessidade de mudar o regime, as regras, num futuro cheio de promessas e expectativas de mais igualdade feminismo como humanismo e aspiração democrática.
Crença nas virtudes políticas" da educação. Obscurantismo/conservadorismo. Cultura, meio de fazer adeptos dos novo regime.
Veleda - 1º a educação, num2º tempo, o voto (não criar mais eleitores inconscientes...) "Se as M são conservadoras, a educação as libertará"

5 - A causa perdida do sufrágio
Pedem apenas o voto para as mais instruidas e esclarecidas - e é-lhes negado . Afastamento de ACO. Se uma Rep não nos aceita nas suas leis, nós não consideramos nossa a pátria inde não temos direitos, onde não temos voz para protestar.(maçonaria, retira estatuto de autonomia às lojas fem, qd adere à Assoc Internacinal, em 1922 - Deixam o GOLU e aderem ao Direito Humano, com sede em Paris - maçonaria  mista)

6 - O Direito de Voto
1931 . Restrito às M com curso do Liceu ou superior
(Espanha no mesmo ano, mas 1º com elegibilidade)
1933 - Constituição. regra da Igualdade - exct natureza da M e bem da Família
- voto a nível local, solteiras, com bom comportamento
1934 - Elegibilidade - alfabetizadas, mais de 21 anos
Eleitas: Cândida Parreira, Guardiola. Domitila
Câmara Corporativa - Clemência Dupin de Seabra, grande empresária
1945 - DL 35426 de 31 Dez - visa retirar o Dº de voto às M casadas
1946 - Derrotado na AN - defesa Luísa Van Zeller e Luís Pinto Coelho
1969 - Voto igual para a AN
Autarquias - chefe de Fam (M solteira, viuva, ou marido ausente)

6 - REVOLUÇAO DE ABRIL 74
1975 - voto igual a todos os níveis
1976 - Igualdade consagrada na Constituição - sem precedência de qlq luta (apenas o divórcio é objecto de campanha pública)
Artº 9º, considera como tarefa fundamental do Estado alínea h): “a promoção da igualdade entre H e M”
(tarefa imperfeita, inacabada - mais descurada na emig do que dentro do país - Comissão da Igualdade - CITE)
1997 - Novo artº 109º
"A participação política activa de h e m na vida política constitui condição e instrumento fundamental de consolidação do sistema democrático, devendo a lei promover a igualdade d direitos civis e políticos e a não discriminação em função do sexo no acesso a cargos políticos"
Parece exigir uma lei da paridade (cirurgia invasiva da ordem enquistada). Entra as teses da "alteração de mentalidades" e as da "actuação sobre as estruturas", opção constitucional pela última...
Legitimação:
Presunção de igualdade de capacidades (em termos de formação, único factor que poderia justificar a ausência de M em paridade)
Presunção inilidível de discriminação - indiciada pelos números
Nao há questão de" mérito" - como onde há provas objectivas, exames , onde me parece inadmissível a adopção de quotas-  porque há, sim, nepotismo ou companheirismo nas escolhas partidárias -  e os partidos são poderosíssimos.
Falta de intervenção no interior dos partidos, sobretudo os posicionadas à direita (nos paíse nórdicos . quotas dentro dos partidos, não nas leis eleitorais)

Números elucidativos das últimas eleições que antecederam a aprovação da Lei da Paridade em 2006
1991, 1995,1999, 2002, 2005
PS 10% 13% 20% 23% 29%
PCP 18% 27% 29% 33% 21%
PSD 7% 8% 14% 17% 8%
CDS 0% 20% 6% 7% 8%
(BE paritário, desde o início)


Lei da Paridade - LEI ORGÂNICA nº 3/2006
(aprovada pelo PS e BE - contra os demais partidos)
Veto do PR à 1ª versão que excluía as listas incumpridoras. Passa 2ª versão com multas pecuniárias (cortes nos subsídios estatais aos partidos)
(1ª tentativa, sem sucesso em 2001)

Necessidade de estudo sobre incumprimento da lei - mulheres que renunciam para deixar os lugares para os homens

Espinho 27-10-2012





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outubro 07, 2012

MARY GIGLITTO por Edmundo Macedo


A MARIA ANTÓNIA (MARY) ROSA GIGLITTO


Um dia a Mary meteu-se no carro, foi de San Diego a Tijuana no México e ..."morreu".  "Ressuscitou" e quando chegou a casa telefonou e disse-me:
 " ... o menino sabe que hoje, pouco depois de chegar a Tijuana, morri ... e  não foi a primeira vez?"
 Havia qualquer coisa com a Mary que de vez em quando lhe dava para "morrer"... mas nunca se esquecia de "ressuscitar"...
 Tratava-me, brincalhonamente, por menino.  E a graça, a suavidade, a doçura da voz dela?     
(O novo Acordo aceita "brincalhonamente""?
 A Mary verdadeiramente nunca morreu. Um dia ausentou-se mas ficou indelével, como que esculpida, nos corações de uma multidão. De uma multidão de amigos, de Portugal, do México, de Espanha, da América, do mundo! 
 Durante os escassos meses que precederam a sua partida para o infinito, a Mary arrostou de frente com o inimigo que tanto a martirizava, desafiou-o, bateu-se como leoa, mas o inimigo era brutal.
 E quando o insidioso Diabo traiçoeiramente a prostrou, quando se lhe acabaram as formidáveis reservas, quando o sistema fechou e o ocaso deixou a sua tão amada Terra na maior escuridão, a Mary disse  "não posso mais"  e resolveu ir descansar.
 E as vezes que ela me disse ter nascido em Portugal e na América!?
 É que quando a família Rosa partiu da Ilha Açoriana do Pico a caminho da Califórnia, já lá vão mais de setenta  anos    - o seu patriarca alimentando o sonho de triunfar na pesca comercial do atum nas águas abundantes do Pacífico até à distante Samoa -,   a Mary já vinha com eles, protegida contra a intempérie no ventre materno, pelo que a Maria Antónia concebida no Pico resultou na Mary nascida e criada em San Diego, Califórnia, Estados Unidos da América, zip code 92106.
 E então a nossa Mary  - ao contar-me esta primeiríssima história colhida ao seu berço -  extravasava de emoção, de orgulho, até de paixão, que ela era Americana, sim, mas Portuguesa também!!!
E revelava-se-me Luso-Americana tão evidente e tão genuina como a areia de todos os desertos, como a seiva que o pinheiro grita, dorido da incisão, como o milagre das papoilas brancas e encarnadas ondulando em Agosto nos trigais da Lusitânia.
 A Mary Giglitto foi especial!
Para sua família, uma inexpugnável fortaleza!
Para os seus amigos, epítome de lealdade!
 Na sua determinação em fazer, em produzir, em realizar, foi simplesmente infatigável.
Entre gozar a comodidade da sua casa, ou esgrimir, subia resoluta aos estrados onde se travam todos os combates, marcando-os com a sua legenda de brasão, que rezava assim: 'Perder, Talvez, Sem Lutar, Nunca.'
 Durante décadas a Mary chamou a si o encargo de organizar em San Diego o Festival Cabrilho, que ela acabou por transformar numa bem-aventurada assembleia em representação de quatro Nações exprimindo em harmonia o seu apreço por coragem, por bravura.
 A coragem, a bravura daqueles que romperam os mares e encontraram o desconhecido.
 A Mary Giglitto conquistou a maior consideração da Marinha Portuguesa, da Espanhola, da Mexicana e da Norte-Americana. Em termos mais claros e precisos, granjeou a reverência de Portugal, Espanha, México e Estados Unidos.
 Louvores, aplausos e insígnias honoríficas nunca a motivaram. Mas os louvores, aplausos e as insígnias honoríficas chegaram, que ela os merecia.
 Não se esgotou na sua extrema dedicação ao Festival Cabrilho a obra primorosa da nossa Mary.
Só que a Mary  -- que eu tive a felicidade de conhecer como quem conheceu um tesouro -- não quer que eu diga mais.

Edmundo Macedo
Los Angeles, Outubro 2012

setembro 04, 2012

Entrevista 2011/ texto sobree Mº Archer


 Qual o objectivo principal do Congresso e o que esteve na sua origem?


Um primeiro objectivo é olhar a realidade complexa e dinâmica da nossa emigração, situando às mulheres no espaço que efectivamente ocupam, ainda que sem terem ainda a visibilidade que merecem. Uma visão diacrónica, conforme à enunciação das grandes temáticas em que se vai incidir o nosso enfoque sobre as portuguesas da Diáspora: história, memória, devir.
Por isso, no centro das atenções estarão as múltiplas formas de asserção das mulheres no associativismo, na cultura, nas artes e ciências, no desporto, no empreendedorismo, no trabalho… Move-nos a ambição de retratar, tão bem quanto possível, a história do passado e a história no seu curso para o futuro, com a esperança de influenciar o processo, de mobilizar para a acção a metade mais marginalizada nas nossas comunidades, que e é por isso a que oferece a maior margem para o seu desenvolvimento. Numa época em que se fala da dificuldade de manter abertos muitas centros culturais e de convívio, sobretudo por falta de quem os queira dirigir - o que, como é evidente, exige grande entrega e disponibilidade - , a chegada das mulheres ao dirigismo associativo duplica o "campo de recrutamento", se assim o posso dizer. E como capacidade e vocação para o voluntariado é coisa que não falta a tantas mulheres que até já lá estão, nos bastidores dessas organizações, vale bem a pena motiva-las para ocuparem também a linha da frente. A própria gestão será melhor, não porque elas sejam melhores, mas porque o equilíbrio de género é um factor favorável, reforça complementaridades, confronta pontos de vista e modos de actuação, de uma forma nova e criativa. Acho que é sempre diferente e estimulante trabalhar em equipas mais ou menos paritárias. e excelente por fim à segregação dos sexos, à divisão atávica de trabalho entre um e outro. De um ponto de vista puramente pragmático, todos ficam a ganhar. Para além disso, esta procura de equilíbrio de género pode e deve ser vista como um exercício de cidadania ao qual são chamados, por igual, mulheres e homens... A Constituição da República impõe ao Estado a "tarefa fundamental" de promover a igualdade de sexo, no que respeita à participação cívica e política. Não é uma tarefa menor, como indica o qualificativo "fundamental"! O Estado tem levando a cabo essa sua incumbência constitucional, através de organismos próprios, de planos, de acções centradas dentro do território, que poucas vezes se estenderam às comunidades do exterior. Mas não vai ser mais assim! Acredito que estamos no limiar de uma nova fase. O actual Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas mostra bem, neste início de mandato, querer dar um conteúdo, real, em acções muito concretas e de uma forma sistemática, à tarefa fundamental de promover a igualdade entre mulheres e homens nas comunidades portuguesas..Estará connosco na Maia, assim como os deputados pela emigração, e os autarcas. Vai ser um Encontro feito de diversos encontros, entre políticos e "sociedade Civil", entre pessoas com ligações várias à emigração, entre o "mundo académico", professores, especialistas e investigadores, com a sua capacidade de análise científica e de teorização, e o "mundo da experiência vivida", as protagonistas da emigração, com a força das suas expectativas, e o seu querer - mulheres portuguesas, numa relação transnacional, em que o seu destino se transforma e em que transformam o meio em que estão.
Na origem deste Encontro Mundial está, à distância de mais de mais de 25 anos, um primeiro Encontro de Portuguesas da Diáspora, convocado pelo Secretaria de Estado da Emigração para ouvir as representantes de associações e dos media sobre os principais problemas que se colocavam, não só às mulheres, mas também às comunidades, globalmente. Era uma forma de suprir um défice de audição, de que havia já consciência bastante. Era, por sinal, ao tempo, uma iniciativa inédita. Nenhum governo de um país de emigração dera um semelhante sinal de preocupação e de interesse pela situação da metade feminina das suas comunidades do estrangeiro, apesar de, tal como em Portugal, ela não estar praticamente representada nos órgãos consultivos do tipo do nosso CCP.

Foi, alias, de dentro do CCP que surgiu a proposta para a realização do 1º Encontro, feita por uma das raras mulheres que nele tinha assento - Maria Alice Ribeiro, directora do mais antigo jornal português de Toronto.
O Encontro assumiu um modo de funcionamento, de abordagem das questões e de formulação de propostas e recomendações, bastante semelhante ao do Conselho. Foi um "fórum" do mesmo género, mas melhor, com todas as suas virtudes e sem os seus defeitos. Mais pragmático e, mais consensual, absolutamente livre depressões e influências partidárias.. Fiquei "convertida" e tentei, a partir do Governo, institucionalizar uma conferência periódica para audição das emigrantes. Não tive tempo de concretizar esse projecto, porque deixei a Secretaria de Estado. Foi do lado da "sociedade civil", através da Associação Mulher Migrante, criada em 1994, por algumas das organizadoras e participantes no Encontro de 85, que prosseguiu a luta pela maior intervenção cívica das emigrantes aí encetada.
Este é o 3º Encontro Mundial organizado pela "Associação", depois dos de 1995 e de 2009. Pelo meio, inúmeras reuniões, seminários, colóquios, no país e nas comunidades do estrangeiro, quase sempre em colaboração cm departamentos do Estado.
Graças a essa colaboração, a AMM acabou por ter, ao longo de décadas, um papel visível como parceiro no prosseguimento de políticas com uma componente de género nas comunidades - através do que podemos chamar "congressismo". Sou uma adepta do "congressimo"! Afinal, foi também através das suas formas várias, de convenções, colóquios, debates, que os movimentos de emancipação feminina se desenvolveram, desde os tempos de Elizabeth Cady Stanton, em Seneca Falls, ou, no século seguinte, com as nossas feministas da 1ª República. Uma boa razão para as vamos evocarmos. no início do Encontro da Maia!

 Quais são os maiores problemas que se colocam actualmente às mulheres migrantes portuguesas?

As situações em concreto são hoje muito diversas. Num período de recomeço de grandes vagas migratórias, as mulheres são, cada vez mais, protagonistas autónomas de uma aventura, em que tradicionalmente se limitavam a seguir o marido, a família... Há as que têm excelente preparação académica e profissional, assumem riscos bem calculados, procuram, como os homens, o que o país, infelizmente, não lhes pode dar. Todavia, também continua a emigração à moda antiga, pouco qualificada, tanto feminina como masculina. Para muitos, como no passado, é a fuga à pobreza, a terras de horizontes fechados...
Ao contrário do que se comummente se julgava, antes dos primeiros estudos com a vertente de género, sobre a emigração portuguesa na Europa (penso nos da Profª Engrácia Leandro, em Paris), consta-se que as mulheres são, em regra, as maiores beneficiárias da saída, da expatriação - sobretudo as oriundas de meios rurais, que, lá fora, acederam, em massa, ao mercado de trabalho, e, em muitos casos, se integraram tão facilmente, ou mais, do que os maridos. Empregadas no sector dos serviços, quase sempre dominam melhor a língua, fazem a mediação entre a sociedade local e a família, ganham um novo estatuto no círculo familiar.São, por isso, quem mais tem, previsivelmente, a perder em caso de reinserção no país e são muitas as que procuram adiar ou evitar o regresso, em regra, mais desejado pelos homens.
Em todas as fases do ciclo migratório a "padronização"no masculino é ainda um facto, as especificidades da situação das mulheres permanecem insuficientemente estudadas, apesar de progressos inegáveis neste domínio, devidos sobretudo ao interesse de universidade, centros de estudos, equipas de investigadores. Espero que também o "Observatório da Emigração", criado pelo anterior governo, passe a incluir, sistematicamente, a vertente de género nas suas preocupações.
E é evidente que em Encontros como o da Maia também vamos à procura de respostas a esta pertinente pergunta que me põe.

ATENDENDO À SUA EXPERIÊNCIA, FOI SECRETÁRIA DE ESTADO DA EMIGRAÇÃO, QUE PERFIL PODE SER TRAÇADO DA MULHER MIGRANTE?

No Encontro de Viana, em que estive precisamente nessa qualidade, houve uma definição dada por uma participante de França, Aurora Vackier, que me pareceu paradigmática e que nunca mais esqueci: as emigrantes portuguesas são "corajosas, laboriosas e apagadas".
Aquelas duas esplêndidas virtudes mantêm-se, e uma das nossas preocupações continua ser o "low profile" da maioria das emigrantes! Menor hoje do que então, sem dúvida. Mas quanto há a fazer, para que se revelem, para que caminhem na vanguarda, par a par com os homens.
Eu própria, levei algum tempo a aperceber-me do papel das mulheres nas comunidades da emigração. Os meus interlocutores eram sempre homens. Elas ficavam na sombra. Era evidente que o trabalho profissional, que é a regra geral, pelo menos nas comunidades da Europa e da América do Norte, as revelava aos meus olho com activas cidadãs. É sempre pelo trabalho, pela independência económica que a emancipação se alcança.
Mas outra coisa que aprendi, pela observação, foi que a afirmação das emigrantes é sempre muito mais rápida e mais fácil nas sociedades de acolhimento do que no mundo paralelo. mais fechado, mais conservador, das comunidades portuguesas!

 NO GERAL COMO DECORRE A INTEGRAÇÃO NO PAÍS DE ACOLHIMENTO E QUAL A LIGAÇÃO AO PAÍS DE ORIGEM?
Como disse, o trabalho fora de casa é um factor fundamental de integração na nova sociedade. O facto de as mulheres portuguesas se inserirem tão bem ou melhor do que os compatriotas, deve-se ao facto de procurarem imediatamente um emprego, o que lhes dá confiança em si, lhes permite o relacionamento com a gente do novo país, lhes dá consciência dos seus direitos e mais força dentro do círculo familiar. Com a sua integração ajudam poderosamente para a integração dos outros, da família inteira. Não é a situação corrente em muitos outros grupos étnicos, onde as mulheres vivem encerradas num verdadeiro "ghetto", regido pelas regras da sociedade de origem.
E, do mesmo modo espontâneo e pragmático, como a experiência mostra, conseguem estabelecer as pontes com o país de origem. São as guardiãs da língua e das tradições, envolvem-se, discretamente, é certo, mas depressa, na vida associativa, para apoiarem o ensino do português, e toda a espécie de actividades culturais, a música, o folclore, o desporto, a gastronomia.

Antes de elas chegarem, levando os filhos consigo (e neles pensando acima de tudo), muitos dos centros de convívio criados pelos emigrantes eram pequenos bares ou tabernas, onde os homens se encontravam para beber um copo e jogar as cartas...

 QUE DIFERENÇAS HÁ ENTRE AS MULHERES MIGRANTES E OS HOMENS MIGRANTES?

Há diferenças entre homens e mulheres, sem dúvida, em todos os tempos e em todos os lugares. Na emigração oitocentista, a sorte das mulheres melhorava muitas vezes, como mero reflexo da capacidade do marido ganhar a vida, Na emigração mais recente elas trabalham, como eles, embora não nos mesmos sectores, e contribuem directamente para o orçamento familiar…
Havia a ideia, que chegou até os nossos dias, que as emigrantes num mercado de trabalho irremediavelmente segmentado, em razão do sexo, eram sempre duplamente discriminadas, como mulheres e como estrangeiras. Esse mito caiu... As discriminações tendem a atenuar-se no contexto da emigração, em países mais desenvolvidos e mais modernos. Os portugueses aderem com relativa facilidade aos novos valores dessa modernidade. Apesar do nosso relativo atraso em alguns aspectos, partilhamos uma herança europeia, cultural, ética, religiosa e sempre demos provas de marcada vocação para o relacionamento internacional... Em Roma, sê romano! Em sociedades mais igualitárias, os próprios homens se abrem, por mimetismo, quanto mais não seja, a comportamentos menos sexistas.
A emigração portuguesa é uma das mais equilibradas em termos quantitativos, pois as mulheres constituem cerca de 50% do total e em termos qualitativos, graças a essa aptidão de mulheres e homens aderirem a novos comportamentos e atitudes, na sua vida comum, no seu relacionamento. Mérito masculino, também, sempre que isto acontece. E acontece, com frequência.

 NUMA LÓGICA DE IGUALDADE, A SEPARAÇÃO DO TEMA POR GÉNERO NÃO É CONTRAPRODUCENTE?

A realidade da emigração é complexa é plural, há que a estudar nas suas facetas e singularidades, nomeadamente as de género…, porque existem! Tudo o que vá no sentido do conhecimento mais aprofundado das especificidades da situação de mulheres e homens, como de quaisquer outras particularidades que se detectem na vida das comunidades (envelhecimento de populações, características das segundas gerações, conflitos geracionais…) é importante do ponto de vista científico como do ponto de vista político. De facto, as medidas de correcção de desigualdade, de aproveitamento de recursos humanos, de potencialidades dos membros de grupos, de instituições, de comunidades, têm de se basear na verdade das coisas e das pessoas...
A igualdade conquista-se a partir da consciência das discriminações, fundada na observação, no estudo, na vontade de mudança que a própria constatação das injustiças ou dos favorecimentos suscita. Esta nossa iniciativa enquadra-se numa procura das novas dinâmicas da emigração e da desocultação de tudo o que particularmente respeita à emigração feminina. Foram os estudos de género, desenvolvidos por investigadores dos dois sexos, evidentemente, que modificaram, de forma radical, a nossa percepção do fenómeno. E no campo da solidariedade o mesmo se pode dizer, como muito bem o expressou há anos, na reunião fundadora da "Associação da Mulher Migrante Portuguesa da Argentina" o Conselheiro das Comunidades Luís Panasco Caetano: "não é preciso ser jovem para apoiar os jovens, não é preciso ser velho, para acompanhar a situação dos mais idosos, não é preciso ser mulher para lutar pelos direitos das mulheres".

A PROPÓSITO DO CONGRESSO, A AMM DIZ; – no seu blogue – QUE “a paridade está há muito conseguida na proporção mulheres/homens na emigração portuguesa. Todavia, não se reflecte ainda no movimento associativo, nos centros de decisão das instituições, na vida pública, na política”.
QUEM É RESPONSÁVEL POR ESTA SITUAÇÃO E O QUE PODE SER FEITO PARA INVERTER A SITUAÇÃO?

O enfoque está aqui colocado na partilha do que podemos considerar a "esfera pública", na liderança, na assumpção formal do poder, ainda desigualmente repartido por género, à semelhança do que acontece, no próprio país, em matéria de participação cívica e política.
É legítimo querer individualizar as culpas pelo "estado de coisas" em que são muitos os responsáveis, homens e mulheres, a começar na família e na escola e a continuar nas direcções de organizações cívicas, dos media, nos partidos políticos, e, bem entendido, nos governos, nos políticos. Mas ainda mais importante é ver este "estado de coisas" como uma "pesada" herança cultural do passado, à espera de infinitas transformações. E este é o tempo de as alcançar, com novos valores, com outro sentido de justiça e de dignidade das pessoas, através da mudança de mentalidades, mas não só - também através de correcção de vícios estruturais do sistema, que resistem mesmo à abertura dos espíritos, das mentalidades, e constituem barreiras e obstáculos muito poderosos.
Os detentores do poder formal, maioritariamente homens, ficam em cheque, quando os índices de participação das mulheres no dirigismo associativo ou na política são, por exemplo, muitíssimo inferiores aos de acesso à universidade, ou aos da conclusão de estudos superiores. Onde depara com critérios objectivos (como são as classificações conseguidas numa universidade) a "metade feminina" é mais do que metade matemática. Onde funciona a escolha discricionária, (para não falar de compadrio o nepotismo) acontece precisamente o contrário.
Mudar é preciso e há muitas maneiras de provocar profundas metamorfoses - a observação da realidade, a informação sobre ela, a reunião para o debate de ideias, de propostas são apenas algumas... O Encontro situa-se nesta linha de intervenção, ainda que entre os participantes, haja os que são mais norteados pela pura preocupação académica de saber e outros, mais prosélitos, como é o meu caso, com o objectivo de agir, ou de se municiar com argumentos para a acção concreta.

NA PRÁTICA, QUE PAPEL DESEMPENHA A SECP?
Os cortes orçamentais, que estão a abarcar a generalidades dos sectores, podem ameaçar os apoios oficiais às comunidades portuguesas
TEME UM MAIOR ISOLAMENTO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS?

Tal como eu o vejo, o papel do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas começa por ser o de um mediador. Mediador a nível do governo e da administração publica, entre os portugueses de fora e os do território, entre as diversas comunidades, tão dispersas e alheias umas das outras. Aproxima-las, entre si, e do País, dá-las a conhecer e a admirar (porque são, de facto, admiráveis), é parte essencial de uma missão, que nunca está acabada. Em oitenta, quando estive no governo, falava a este propósito, de promover "políticas de reencontro", entre os portugueses. Acho que é uma forma expressiva de sintetizar um projecto que se desdobra em mil e umas acções...Entre elas, as que procuram mobilizar as mulheres para a participação cívica e política.
Para além das nossas fronteiras, a tarefa fundamental que o legislador constitucional, na alínea h) do artº 9, impõe ao Estado, cabe, naturalmente, em primeira linha, ao SECP. A diáspora, onde tantos são os obstáculos específicos, sobretudo ao nivel da desigualdade de participação cívica dentro das próprias comunidades portuguesas, esteve, por muito tempo, esquecida. Depois de um auspicioso começo, com a referida audição das mulheres emigrantes, em 1985, que pode ser considerada uma primeira manifestação de uma política de género, voltamos ao ponto zero. Durante décadas, o que se fez de mais relevante, deve-se à sociedade civil - o caso do Encontro Mundial de 1995, em que a SECP não foi sequer um dos parceiros principais. Mais tarde, já no século XXI, foi, sobretudo, através de parcerias com ONG'S que o Estado veio a retomar o seu curso de acção no universo da diáspora. A AMM, em conjunto com várias outras ONG'S propôs ao Secretário de Estado António Braga, em 2005, justamente duas décadas passadas sobre o Encontro de Viana, a realização de uma série de "Encontros para a Cidadania", com o objectivo de promover a maior intervenção cívica e política das expatriadas. Buenos Aires, Estocolmo, Toronto, Joanesburgo e Berkeley foram as comunidades que receberam as principais reuniões, ao longo dos quatro anos seguintes. Um excelente trabalho, que envolveu sempre associações locais, e que dará frutos se for continuado.
E agora, foi o próprio Secretário de Estado José Cesário que nos entusiasmou a avançar, pois quer dar a prioridade devida às suas obrigações constitucionais de promover activamente a igualdade nas comunidades. Estamos, definitivamente, num novo patamar das políticas de género!

Quanto a cortes orçamentais, suponho que terão de existir, mas espero que possam, em certa medida, ser supridos, pela colaboração com o movimento associativo das comunidades! Se há coisa de que tenho a certeza é de que não é por falta de subsídios que as comunidades se vão isolar. Ao contrário do que se passa no país, elas estão pouco habituadas a receber benesses do Estado. Fizeram-se por si, com os seus próprios meios, são absolutamente independentes. Sempre solidárias com o país, sempre atentas ao que nele se passa, sempre actuantes. Uma presença viva e prestigiante de Portugal - é o que querem ser e são!
Para o que contam, essencialmente, com os seus meios, pois estão habituadas a dar ao País muito mais do que recebem...

ESTE CONGRESSO VAI TER UM VERTENTE CULTURAL FORTE,. O que vai ser apresentado equal a razão para esta aposta?

Sim, foi de caso pensado que resolvemos dar esta orientação ao programa. Por um lado, porque em anteriores iniciativas, foram mais os temas sociais e laborais que estiveram em destaque, e, por outro, porque a mulher na diáspora se afirma, essencialmente, pela cultura, no sentido de que faz sempre a "sua" revolução cultural, como "emigrante - imigrante", entre culturas, e também porque há cada vez mais portuguesas que se dedicam às ciências, artes e letras. Promover o encontro, a convivência, a colaboração entre estas mulheres, sem as barreiras de uma fronteira, é um dos nossos objectivos. Tornar as emigrantes mais conhecidas e reconhecidas no País ajuda a País a redimensionar o mundo em expansão da sua cultura e a ter uma imagem mais verdadeira da diáspora. Vários estudos vão ser apresentados precisamente neste domínio. A qualidade dos interventores (há que usar o masculino, porque muitos serão homens) é uma certeza quanto à qualidade dos debates - e, num segundo momento - quanto ao interesse da respectiva publicação.
O magnífico Forum da Maia e a colaboração da Câmara permite dar ao Encontro Mundial a envolvência de várias exposições, concertos, projecção de pequenos filmes e documentários. Exposição sobre "Rostos Femininos da 1ª República", completada por uma exposição documental sobre Maria Lamas e Maria Archer.
E uma exposição colectiva de pintoras e escultoras, algumas emigrantes, que será comissariada por Nassalete Miranda. "A ideia foi dela, e, como é muito boa, há-de repetir-se!
Porque não organizar, no futuro, "colectivas" semelhantes em várias comunidades, com forte componente local e sempre com a vertente de intercâmbio, de ultrapassagem das distâncias geográficas e de aproximação de quem faz parte de um mesmo universo artístico?

Considera que a cultura é um dos elos mais importantes para manter a ligação com o país e as raízes?

Sobre isso tenho certezas absolutas. As comunidades portuguesas são uma construção fundada na vontade de manter a identidade cultural. As pessoas têm perfeita consciência da importância de falar a língua, de a ensinar, de a cultivar. A criação de escolas está na base do associativismo, como a música, o folclore, a preservação de rituais e de festas. É a realidade de uma emigração de famílias inteiras, com uma forte componente feminina, com segundas e terceiras gerações que dão vida, coesão e continuidade às instituições. Quem visita estas comunidades bem organizadas, de região em região, de continente em continente, está sempre em viagem do seu próprio país. Um espantoso fenómeno de extra-territorialidade! Como muito bem dizia Sá Carneiro: "Portugal é mais uma cultura do que um território".



ANDAMOS NA SAUDADE DE MARIA ARCHER
Para uma associação de estudos sobre as mulheres da emigração, como é
a nossa, Maria Archer é uma personalidade inspiradora, que convida à
pesquisa, à reflexão e ao diálogo.
Começámos por a lembrar no Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas da
Diáspora, em Novembro de 2011, justamente porque nesse congresso
pretendemos partir da história da emigração no feminino, traçando, por
um lado, as linhas de evolução de mais de um século de migrações
portuguesas, com participação crescente de mulheres, e, por outro,
dando-lhes visibilidade, não só mas também, numa área em que podemos
considerar que têm estado, pelo menos, tão presentes como os homens: o
domínio da Cultura, do ensino da Língua, das Letras e das Artes.
 Por ambos os caminhos, os da História e os da Cultura, encontrámos
Maria Archer.
Ela voltou, seguidamente, a ser figura de cartaz na comemoração do Dia
Internacional da Mulher. Uma "entrevista imaginária" com a grande
escritora, protagonizada por jovens das Escolas de Espinho, deu a esse
evento simples e didáctico um toque original e comovente...
E agora, aqui, em Lisboa, no Teatro Nacional da Trindade, partilhamos
de novo, a força do seu pensamento e ideais, na evocação da sua vida e
obra tão bem conseguida em sucessivas intervenções – neste espaço
esplêndido, no salão nobre onde ela própria esteve inúmeras vezes –
contando com muitas das pessoas que a conheceram e admiraram, e com a
presença e a palavra, tão honrosas para nós e tão prestigiantes para a
sua memória, da Dr.ª Maria Barroso e do Presidente Mário Soares,
símbolos da luta vitoriosa pelo Portugal em liberdade, em democracia,
que ela sonhou.

Razões não nos faltam para justificar o empenhamento cívico com que,
assim, fazemos de Maria Archer uma companheira de jornadas sobre as
temáticas de género, no universo das migrações. Ela foi, de facto, uma
grande Portuguesa da Diáspora. Sê-lo-ia, em qualquer caso, como
intelectual, jornalista, romancista, mas foi - o, igualmente, como
verdadeira precursora na pesquisa e divulgação de usos e costumes dos
povos com os quais se viu em contacto. Primeiro em África, muito
jovem, a acompanhar os Pais por terras do” Ultramar", depois, já
sexagenária, no exílio brasileiro, passou largos anos em cinco países
lusófonos, dispersos em três continentes, sempre atenta ao que
acontecia em seu redor, com uma inteira compreensão das pessoas, dos
ambientes, dos meios sociais, que soube traduzir em dezenas de
escritos de incomensurável valor literário e de enorme interesse
etnológico, sociológico e político....

Seria motivo bastante para partirmos à descoberta desse legado
multifacetado e vasto, que, num estado de quase hibernação, guarda
experiências e segredos de tantas gentes e vivências. De um amor por
África, de um enraizamento no mundo lusófono, que o nosso anfitrião
Dr. Vítor Ramalho tão bem soube focar.

Mas há mais! Maria Archer é uma daquelas figuras do passado, que é
intemporal, por saber captar as constantes da natureza humana - sem
deixar de ser, também, testemunha, memória crítica de um muito
concreto tempo português, opressivo e cinzento, pautado pelo
anacronismo das ideias e das regras de jogo social e político, que
desvenda e põe em causa, com lucidez e fulgor. Ninguém, como ela,
retrata o quotidiano desse Portugal estagnado e arcaico, avesso a
qualquer forma de progresso e de modernidade, em que os mais fracos,
os mais pobres não têm um horizonte de esperança, e as mulheres, em
particular, são dominadas pela força das leis, pelo cerco das
mentalidades, pela censura dos costumes, pelo confinamento da educação
- tendo por pano de fundo as normas impostas para o relacionamento de
sexos, com a entronização rígida dos papéis de género dentro da
família, e as consequentes desigualdades, e preconceitos sociais, o
doloroso e duradouro impasse de uma sociedade fechada ao curso da
História, que acontecia na Europa e por esse mundo fora.

Maria Archer vai dar vida às portuguesas suas contemporâneas,
revelando-as tal como elas são, com um realismo, que é, sem dúvida,
uma busca uma evidência da verdade, doa a quem doer e para que se
saiba... então e no futuro.
Nos seus "apontamentos de romancista" (em "Eu e elas", escrevendo
sobre si e sobre os outros, com um fino sentido de humor e toda a
"joie de vivre" )) confidencia-nos :"O meu trabalho neste livro foi
quase o de um artista plástico. Moldei a obra sobre o modelo vivo".
Fica-nos a impressão de que essa foi uma metodologia que usou largamente…

A mais feminista das escritoras portuguesas, é, contrariando
estereótipos dominantes (embora não o que podemos considerar a melhor
"tradição nacional", desde o século XIX…), uma feminista muito
feminina, que ousou ser um ícone de beleza, e ter uma carreira no
jornalismo e nas Letras, fazendo, em simultâneo, combate pela
dignidade e pela afirmação das capacidades intelectuais e
profissionais negadas à mulher comum.
.Ousou fazer um nome no mundo essencialmente masculino da cultura portuguesa.
Ousou ser Maria Archer, sem pseudónimos...

Na verdade, por tudo isto, julgo que podemos dizer que ela é mais do
nosso tempo do que do seu tempo - aliás, uma afirmação que se deve
generalizar às mais notáveis feministas do princípio do século XX, as
que dão rosto à exposição da Câmara Municipal de Espinho, há pouco,
inaugurada aqui, nas salas e corredores do Teatro da Trindade.
Maria Emília era, então, demasiado jovem para poder participar nos
movimentos revolucionários, em que estiveram envolvidas a Liga
Republicana das Mulheres Portuguesas, o Conselho Nacional das Mulheres
Portuguesas, mas iria ser uma das poucas que, no período de declínio
desses movimentos (e de desaparecimento de uma geração ímpar),
continuou, a seu jeito, solitariamente, uma lide incessante contra o
obscurantismo, que condenava a metade feminina de Portugal à
subserviência, ao enclausuramento doméstico e à incultura.

Foi uma inconformista, consciente das discriminações e das injustiças,
em geral, e, em especial, das que condicionavam o sexo feminino, numa
sociedade retrógrada e "fundamentalista", como dizemos hoje daquelas
em que o Estado impõe a regressão às doutrinas e práticas de um
patriarcalismo ancestral, contra o qual, naturalmente, se revoltou...

A escrita, servida pela inteligência, pela capacidade de observação e
expressividade, foi para ela uma arma de combate político. Como dizia
Artur Portela, "a sua pena parece por vezes uma metralhadora de fogo
rasante".
É um combate em que a experiência de vida e a sensibilidade artística
se fundem - norteadas por um declarado propósito de valorização do ser
feminino e da sociedade como um todo.
É já uma Mulher livre num país ainda sem liberdade - coragem que lhe
custou o preço de um tão longo exílio ...

Maria Archer é uma grande escritora (ou um grande escritor, como
alguns preferem precisar, alargando o campo das comparações
possíveis). E pode ser lida apenas como tal. Mas permite - nos também
diversas outras leituras - para além da literária, a sociológica, a
etnológica, a feminista...
Ninguém, como ela, escrutinou e descreveu o pequeno mundo da sociedade
portuguesa da primeira metade do século XX, os pobres e os ricos, as
famílias decadentes ou ascendentes, aristocráticas, burguesas, o povo"
. Mulheres e homens imersos na nebulosa de preconceitos de género e de
classe, de vaidades, de ambições, de prepotências e temores…
Gostaria de realçar a"leitura feminista, porque ninguém conseguiu,
como ela, corroer essa imagem da "fada do lar", laboriosamente
construída sobre os conceitos falsos da harmonia de desiguais (em que,
noutro plano, se baseava a ideologia do regime “corporativo") e da
brandura de costumes - assente, porém, no autoritarismo e subjugação
ao "pater familias" no pequeno círculo do lar, ou ao ditador
paternalista no círculo alargado do País.
Maria Archer é uma retratista magistral da mulher e da sua
circunstância... O rigor da narrativa, a densidade das personagens, a
qualidade literária, só podiam agravar, aos olhos do regime, a força
subversiva da denúncia.
Os poderes constituídos não gostaram desses retratos de época, como
não gostavam da sua Autora. Primeiro, tentaram desqualificá-la,
desvalorizando-a. Sintomática a opinião de um homem do regime, Franco
Nogueira, que em contra-corrente, num texto com laivos misóginos, a
apresenta como uma mulher a falar de coisas ligeiras e
desinteressantes (por tal entendendo a realidade do destino das
mulheres, coisa para ele tão sem importância....).
Não tendo conseguido os seus intentos, o Poder passou à acção: livros
apreendidos, jornais onde trabalhava ameaçados de encerramento...
Maria Archer viu-se forçada a partir para o Brasil - uma última
aventura de expatriação, de onde só retornaria, doente e fragilizada,
para morrer em Lisboa. Porém, o desterro não seria pena bastante.
Teresa Horta, no prefácio da reedição de "Ela era apenas mulher"
afirma que Maria Archer foi "deliberadamente apagada da História".
Ser emigrante é já factor de esquecimento, regra geral inelutável, na
memória da Pátria. Mas o seu caso foi mais grave, deliberado, doloso -
muito embora, do nosso ponto de vista, não esteja definitivamente
encerrado,porque é ainda possível combater esse acto persecutório,
gizado e consumado há décadas.
Como? Restituindo à obra de Maria Archer o espaço que lhe é devido no
mundo eterno da cultura portuguesa, revisitando a Mulher de Letras,
através dos seus escritos.
Em momentos mágicos, percorramos com Maria Archer as páginas
fulgurantes dos seus contos, romances e crónicas, desocultando o
passado, lançando luz sobre a realidade insuficientemente analisada e
realçada da sociedade portuguesa de 40 e 50!

A elegância do seu estilo tempera o cru realismo, o fundo pesado e
dramático de qualquer narrativa e torna sempre um prazer a sua
companhia nas incursões pelo universo bafiento e confinado em que se
cruzaram e confrontaram as portuguesas e os portugueses durante meio
século – um universo no qual as personagens femininas raras vezes
cumpriram os seus talentos e esperanças (mesmo que modestas), e os
enredos quase nunca têm um final feliz - ou merecido...
Elegância é uma palavra que quadra com Maria Archer, que a caracteriza
na maneira como pensou, como escreveu, como se vestiu e apresentou em
sociedade, como atravessou uma rua de Lisboa ou de São Paulo, como
atravessou uma vida inteira, até ao fim...
Fim não será a palavra mais apropriada... Estamos aqui justamente
unidos pelo projecto de lhe assegurar uma segunda vida, objectivo
perfeitamente ao nosso alcance, pois "existir não é pensar, é ser
lembrado", como disse Pascoaes.

Esta não é a primeira nem será a nossa última reunião para falarmos
sobre Maria Archer, o seu exílio, o seu retorno - o seu legado ou a
sua pessoa - qual deles o mais interessante? A pessoa é certamente tão
fascinante como a escritora. E mais desconhecida. Mas só assim
continuará por omissão nossa, já que ela permanece, para sempre jovem
e vibrante, nas páginas que deixou impressas.

Dizia a Mariana desse romance eminentemente "feminista" que é "Bato às
portas da vida":
"Ando na saudade de mim, mesmo perdida no tempo".
E nós andamos na saudade de Maria Archer, perdida mas reencontrada no
nosso tempo, que queremos seja o início do correr interminável do seu
tempo futuro...

Só tópicos II



126  - Maria Elisa 2x sobre futebol (primeiro só com Mulheres, MJ
Nogueira Pinto, Rosalina Machado e eu..., segundo paritário, com Dacosta, Miguel Portas,
Leonor Pinhão)
O desconhecido que não gostava de me ouvir, mas mudou e opinião depois desse programa... numa rua de espinho
A tosse e o simpático conselho de Dacosta - desfavorável ao fute, com não podiam passar...
afónica em casa de Daniel - os amigos de Berna

127 . Mulher Presidente dos EUA - filme, com Pintasilgo, Roseta e eu. Encantados com a civilidade das mulheres...

128 - Pintasilgo e Teresa SCG  em Coimbra Graal - moderar o meu radicalismo...

129 RTP Praça - com Eládio Clímaco num FCP SCP sobre Baía Semana seguinte, elogio de benfiquista em montreal, almoço Dr caarlos Oliveira
 no Por no Coração com Merche sobre Ronaldo e Deco

130 Nas apostas contra o FCP... Querendo perder! En cas de malheur, ao menos ganhava a aposta...
Qd FCP ganhava, cedo para o colégio para relatar e festeja. Qd perdia, tarde, para já não me verem...

131 -  Afónica nos relatos - proibida pelo Dr Meireles. Ou no futebol, mesmo sem gritar. caso Académica N de Brito.

132 -  O pequeno tufão de Hong-Kong -  A tempestade tropical no Zaire, a caminho do aeroporto
Chegada ao Zaire - ar bebível, mais do que respirável, tal a humidade. Os mercados, com macaquinhos mortos, baratas para comer... Autocarros superlotados. o desastre... Idas com Embaixatriz Baptista Martins aos bairros populares...Alvaro Guerra Ciclo - picos...

133 - Infância Avó Maria e Guerra Junqueiro - o Melro... tão clerical, mas fã... Batem leve, levemente   recitava longos poemas, aos 90 anos. Adorava piano, música...tertúlias musicais na sala de visitas.

134 - Missionária - carta de um reclamante do canadá, referindo-se a mim...

135 - Russel e Thatcher

136 - O heckler da Ilha de Jersey - com o jornalista Ferraz. Mais tarde, morte suspeita do Vice-cônsul...E a ilha tão bonita...

137 - A 1ª conversa com o Presidente Eanes - Jan de 1981 no IDN - tomaria posse do Gov Balsemão nesse mesmo dia, à tarde

138 - Um par de Bothas!
Sec Estado - está há tanto tempo - é sua - prescreveu a seu favor
Ao Pai :a sua filha é das poucas pessoas que está na vida política para trabalhar
Parece que está a fazer serviço militar... (do Canadá para a Venezuela, aqui com Rui Machete e o chefe de gab - no  autocarro com a arraia miuda... cerimónia pela TV, lá dentro do Parlamento ...o banquete... a boleia de táxi, do deputado do PS... Hilton...polícia omnipresente, mas todos circulavam no átrio...

139 - Colégio Port de Kinshasa - a troca de presentes com a Milú...
Com Viana, Nogueira, Berto Barata... 1º Mº: Carl i Bond, Sec Estado N E: Izumbuir - ligação a Portugal
Leão de malaquite (Futre!) de marfim (Pacheco)
O chamado mercado dos ladrões
Ce grand et beau pays. Mobutu na nuvem até fecho tv, q dava muito desporto
lavar os dentes com laranjada

140 - Deixar o gov Balsemão, com o último festival da canção, na Feira.AR rep de Balsemão em Toronto, logo em Setembro..Fato de malha Chanel, impróprio para tanto calor. Multidão no largo em frente ao First

141 Inaug da cobertura do teatro na "Amicale" . a jogar matraquilhos, ganhei ao Mº do Desporto do Zaire. perdi no ping.pong. banquete Foto Ministro desaparece... Antes brilharete no "Bowling"

142 - cortesia de África contrasta com Austrália. A conselho de Emb Zózimo, audiêencia com o Mº Imigração - conversa dura, terminou melhor. levantou-se acompanhou-me  à porta... Sobre Timor...

143 - 1980 Com Tessa no Harlem  aflição do Emb - atraso para o aeroporto
Idas ao Sacks, ao judeu q vendia peles para Lauren Bacall

144 - VP da AR A receber a delegação chinesa - cavaco e Soares

145 -  frei Eliseu da Bahia: nascida para a comunicação. Sobre Docas: o desperdício de talentos

146 - Maria, Endora  e o cravo do 25 de Abril

147 - Os primeiros 1º de Maio
O imenso desfile, a fugir das bandeiras vermelhas do PCP...
A 1ª saída do PPD, com R M à frente - pancadaria no Arieiro - depois e paz, desfile pelas av novas, mini comício na PR J Fontana, em frente ao Liceu...

148 - Maputo   - os Abstractos
Mais tarde, a delegação, o medo  de alguns...
Outra visita: encontro todo o governo a passar na sala VIP- que boas maneiras!

149 - O camelia festival, em  Sacramento, síntese histórica bem sucedida

150 - Oriente, onde conhecem a nossa história...Japão deleg. parlamentar (cobaia, depois da guerra MNE Fº Amaral)
qj R Mota ganha a maratona... champagne caríssimo.
líderes todos partidos
elogio de Emb Melo Gouveia
gostar ou não gostar da culinária (só eu sim...)
presentes bem apresentados
a cerimónia da chá.
silulacro de roubo de carteira
cartões de visita - O susto co Narana
regresso num avião perigoso...
simpáticos... cumprir horários... nosso diplomata japonês cada vez mais latino
os católicos de Omura - museu das descobertas...


151 - Delegações femininas - Iraque
A federação, as grávidas
o suposto ataque aéreo
a ida a Babilónia
Museu do Traje
O míssil
O nosso Embaixador - Andresen Guimaraes
Larnaca - avião sequestrado

152 -  Israel
Páscoa em Jerusalém, escolta armada
Massada, tel Aviv
Gad ranon

153 Mécia de sena e Mª Lurdes belchior em Santa Barbara

154 - Encontro com Amália através dos primos Seabras - os jantares no Sheraton, no Ritz...

155 - Índia - as magras vacas sagradas
Bombaím. Goa, o speaker do parl, o hotel Mandovi,  Velha Goa, o entrudo...

156-  Malaca
Padre Pintado, Joan
2ª vez  - delegação, pescador que nos saúda, folclore, Pr São Pedro
3ª vez, com Nó, em rota para a Australia

157 - 2x na Austrália
1982 . com Tessa e Inácio.ida a Perth, encontro timorenses  - depois, em Lx, com Tilman decisão de criar comissão parlamentar - Com R Eanes "Qd estive em Timor..." depois corrigi: com timorenses - boleia com UDP Major Tomé (rurais do norte . os do Eurico? espanto!!!)
 visita associações de Sidney -possum  grávida- 
1998 com Zózimo da Silva  - Sidney, Melbourne e Camberra
A rua errada no sítio certo - museu . associações gigantescas Warrnanbul, Wollongong

158 -OIT   feminista paquistanesa
Montreux, albergue, hóquei, Cristina.  falar russo com Yuri...Chamonix,  Lyon, Lausanne, Itãlia- Vallais - cantar o hino - 
casaco Tia Lena (as peladas) A flor do kauko, Jimmy Mancham,  a amiga brasileira e o massacre dos indios...

159 - Jardel e Karen no centro Transm
 O socialista que mandava coroas fúnebres - a campanha de Mário S O -  livro sobre a reciprocidade

160 - Mãe - viviam como princesas.

161 - grã-cruz co PR Sampaio - as cores do clube

162 - CCP 81 - Palácio Foz - os primeiros embates./emig transoceânica/europeia
As hostes do Cardeal Medeiros/ quem preside? (autonomia assumida - MNE's a leste . vantagem coligações) Dr Cachadinha, Almeidinha, Ribeirinho Rato, P Filipe Rios... Fª Agria...

1996 - Paris  - Ribeirinho e "o nosso Conselho" - colóquio sobre direitos dos emig APCE

163 - A visita dos conselheiros a M Soares

164 - O discurso do Bispo de Bragança e Miranda

165 - Conselhos de Ministros . Passos Coelho devia ter estado lá, para perceber que Mota Pinto não era a carruagem de trás do comboio...Eu fui lá 2 ou 3 vezes
Declarações de P Coelho na inauguração do Ins M P em Viana do Castelo.

166 - 8 março 2012 - Vi filme s Thatcher - lembrei.me dos filmes visos de mão dada com o M -

167 -  Os vestidos iguais:  no 10 junho Conn, mulher do Mayor - Mª Luisa - Eduarda
chapéu, casamento de Inês Mª

168 - 10 de Junho com o visconde açoreano

169 - Newark - qts 10 de junho? calor- carro aberto com Leonardo Matias. TV Portugal no Coração
Marshall Amália - eu própria - Zé Gama - vestido comprido, NY - 

170 - Como MNE - reaçção ao reconhecimento pela Aust da anexação de Timor pela Indonésia

171 - Viagem a NY por Timor - saídas de Queiró nas traseiras da limousine
Cogresso - Kennedy, Barney Frank

172 - Com Tia Lola, saudação a Kennedy numa rua de Lx
Tia Lola e as vedetas... Diana...

173 - palácio da Bolsa - os Príncipes de Gales

174 - o britânico que tinha vivido em Buckingham, falta de humor de Di

175 - Japão a doença do imperador

178 - Criação dos gr de Amizade, no regresso

179 - M- PSD . cração de Associações autónomas
O "Observatório

180 - A Comissão de Humanização de Hospitais--

181 - o desastre de automóvel, cerca de  Aveiro - para homenagem ao Dr Fael,,,

182 - Oftalconde - o acordar da operação a ouvir falar de Sá Carneiro

183 - a 1ª ida à Madeira - o motorista sr Francisco, e a discussão partidária
a greve da TAP . a última a regressar...

184 - a jogar no casino se,pre a ganhar /dar o lucro à Isabelinha)

185 - os festivais da Canção Boticas Amarante (Tony de Matos) Trancoso

186 - Filmar as feiras francas - a equipa de video - as notícias via telex - os programas do Sr Fabiano

187 - Léon - o 10 de Junho do Cônsul honorário. o convívio com os espanhóis

188 - Marrocos - o seminário e o convite do rei Hassa II a E de Melo
jantar com os Principes . na mesa do principe menor

189 - Toronto - António e Amélia como acompanhantes constantes

190 - 1980 Ludlow . a entrevista divertida . cõnsul deixado ozinho

191 . O 1º comício  S Tirso

192 - Agustina e Sophia 

193 - Lançamento do livro de Amália - boleia a Eusébio

194 - Ruth Escobar .jantar cons -  Natália - os Lusíades

195 - Mainz - dançar com o Rancho G S

196 - Buenos Aires . reencontro com Prof Covian

197 - Paris 68 - Conversas sobre Agustina - canasta à luz de velas - o gira-discos e os poucos discos.  As viagens a Portugal, nunca de avião. O grupo da Cité e os visitantes. Os jogos de futebol

198 -   O exame da 4ª classe - a  2ª classe em Espinho - O Mosquito... O cavalo espanhol

199 - Marrocos - La demoiselle sans visa

200 -  As guerras com Clarinha - as medalhas - o coro - os teatros - a poesia

201 - Liceu - a grande indecisão... Desempata a profª de inglês

202 - Oregon e Chicago

203 - Histórias do Tio David

204 - O divórcio . Comentara da alemã... O comentário do Juiz. O Tio conservador. Bagdad

205 - Desconvite 81 - cartão do MNE


206 - Intrigalhada das comitivas, MNE Gama
monumento no Hawai,  visita aosul do Brasil , autorizada por A Santos - campanha Expresso . suspeita do assessor de imprensa...

207 - alomoço de Gradin, convite a Guterres. pergunta na AR (Silva Marques) VP Conceição Monteiro

208 - Reciprocidade - não votar contra a própria proposta, apoio de Fº Nogueira

209 - Jornadas parlamentares da Feira . a pergunta de A Bettencourt

210 - Senna . o voto na AR

211 - Aulas no bar de Farmácia (Fafe, josé Ribeiro), Coimbra estra-muros

212 - Fº Nogueira e o feminismo - o elefante rosa

213 - aula de dº soviético - o dia de todos os chumbos, sem protestos...

214 . Iraque - as grávidas - o divórcio - Babilónia - Al rachid, fogo de artifício, o míssil, Chipre, avião sequestrado

215 - Tratados falante . sed lex...

216 - toranjas e petits suisses - chã verde e peixe cru - Ernst, e a carne crua, fruta exótica em Bankok

217  Grécia. alforreca, insolação, quase perda do avião em Lx, hotel minable, o empresário que passava barreiras de auto-estradas

218 - Orlando,  reaccinarismo e misogenia

219 - Antº Costa - quotas e imig

220  Saber ferver água - ovo cozido em Paris

221 - Exames - P de Lima, A Queiro (rep), B Melo, 

222 - Prof liceu, colégio... Colegas Adília (esq, segundo família)

223 - Países visitados com de M Soares

224 - Guerra . muda de roupa na mala, para prevenir - ST Apolónia. seguir Porto

225 - CCP Pe Rios -  Estar de bem com Deus e com o diabo 

226 - A fama de não deixar pedra sobre pedra (coment F Amaral)

227  -As Coreias . convites (o VP da AR, socialista  que levei comigo e julgava q estava na do Sul)

228 - Os grandes jantares da Em da China
Delegação parlamentar - comentário a  M soares e Cavaco

229 - Confusões Manuela F leite e T Gouveia

230 - Pão com manteiga - a entrevista de rádio, q não era de TV (Mº Elisa)

231 - o Ministro da Austrália . sobre Timor. Zózimo









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