maio 23, 2010

Sérgio Conceição - assumir a cidadania, com coragem e com classe, dentro e fora de um campo de futebol

Tive sempre uma especial predilecção pelo desportista e pelo cidadão Sérgio Conceição.
Para além de um fabuloso jogador de futebol, cheio de talento e de garra, um cidadão sem medo de tomar posições e de lutar contra as injustiças, desassombrado e generoso dentro e fora do campo - desfazendo a imagem comum do português pequeno e subserviente, acomodado e calculista.
Foi hoje a sua festa de despedida. Que pena!
No estádio que leva o seu nome, nomes famosos estiveram com ele. Falou bem. Falou claro, como é seu hábito!

Um Heroi Português

Basta dizer assim, e todos adivinham de quem falo.
São 20.20 e vejo a reportagem dea SIC- Notícias
"Mourinho está destinado a grandes coisas", diz um fã da Nigéria! Faço suas as minhas palavras...
Em todo o mundo se fala de Mourinhomania, da Indónesia aos Eua, do Japão ao Brasil e à África.
E é óbvio que os entusiastas se dividem entre tiffosi do Inter (e de Mou!) e os tiffosi de Mou, simplesmente Mou. Conto-me entre estes últimos.

maio 13, 2010

NON HABEMUS ERNANI...

Como todos os portugueses, estou farta de viver ciclos de austeridade e sacrifícios, logo desbaratados por um breve e carnavalesco "regabofe" eleitoral, como aquele a que assistimos o ano passado. Um governo que nos não dá nem "verdade", nem "esperança".
O chamado governo do Bloco Central, em 83-85, formou-se para salvar o país da bancarrota ... e salvou!
Os sacrifícios, então, valeram a pena. Com o PS de Mário Soares, o PSD de Mota Pinto e com o independente Ernani Lopes na pasta das Finanças, as contas públicas foram acertadas, com senso e medida, sem a louca contradição de misturar projectos megalómanos na agenda do executivo. E o governo que se seguiu, o de Cavaco Silva, herdou um país viável, e integrado na CEE.
Compreende-se que, hoje, o PSD de Passos Coelhos se solidarize com um programa de austeridade que procura evitar males maiores.
Não tem alternativa, porque a outra é o abismo.
Mas que confiança merece o governo, os ministros de agora?
Este programa de esmagamento fiscal dos contribuintes, a meu ver, só poderia resultar e ser portadora de esperança com outro governo.
Outro Primeiro Ministro, um segundo Ernâni Lopes ...

Tolerância de ponto

Sim, sou a favor.
Não confundamos as coisas.
A César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
Neste caso, confluem os caminhos de Deus e de César. A visita do Papa pode até ser mais significativa para os católicos do que para os que o não são, mas é também muito importante para Portugal.
Um acontecimento com impacto e visibilidade no mundo inteiro! Mobilizadora de multidões e, por isso, dos media, igualmente.
E, na sua mensagem, Bento XVI veio falar daquilo de que tanto precisamos: de verdade, de esperança.
Em Portugal, no reino de César, não temos tido nem uma, nem outra.

FINALMENTE! OS CAMPEÕES NACIONAIS DE FUTEBOL FORAM RECEBIDOS NA CÂMARA MUNICIPAL

...DE LISBOA, naturalmente.
Espero, que no próximo ano, isso não aconteça.
Percebe-se o que quero dizer com isto... É uma afirmação que individualiza um clube, um presidente de Câmara, e, consequentemente, uma cidade.

maio 11, 2010

A VISITA

No 1º dia, a visita do Papa excedeu as minhas expectativas. No que respeita ao Papa, ele próprio, não quanto à receptividade dos portugueses à sua presença entre nós, que essa não me surpreendeu.
Desconhecia a força do "charme" discreto de Bento XVI, por contraste com o vibrante carisma do seu antecessor.
E, se a sua palavra é um momento de reflexão para todos (de reflexão sobre valores, sobre atitudes, sobre formas de solidariedade), acho que mesmo os não cristãos se devem regozijar com a oportunidade que nos é agora dada.
A visita a esta catolicíssima nação - constatação que em nada afecta o desejável laicismo do Estado - só peca por tardia.

A pedra angular da selecção

Quem foi o perito desportivo que, na noite de ontem, num dos canais noticiosos, por cabo, afirmou que receava escandalizar muitos dos espectadores, mas tinha de dizer que, na sua opinião, para o êxito da selecção nacional de futebol, a boa forma de DECO era mais importante do que a de Cristiano Ronaldo?
Não sei. Estava, como sempre, a "ouvir" televisão e a fazer outra coisa simultaneamente e não registei o nome desse corajoso e preclaro comentarista.
A mim, não me escandalizou de todo. Sou da mesmíssima opinião e já o escrevi, preto no branco, várias vezes.

A Santidade de Mandela

Adriano Moreira foi um dos portugueses mais notáveis do século XX - e continua a sê-lo, no presente. Um dos mais cultos, um dos mais lúcidos. Expoente de uma geração, que atravessou dois regimes de forma singularíssima. Demasiado inteligente e não suficientemente acomodado ou "ortodoxo" para ter, na política portuguesa, o sucesso reservado a figuras imensamente menores, que todos sabemos quem são...
Ouvir a sua palavra é sempre um prazer e uma lição.
Como aconteceu hoje, no seu comentário à visita papal, na SIC- Notícias (21.00 h).
Só ele, ao falar de santos do nosso tempo, seria capaz de falar da santidade de Mandela!
Não posso estar mais de acordo!

maio 09, 2010

Animal Farm - a lição ao vivo em todos os canais de televisão.

Conhecem a expressão:
"Somos todos iguais, mas há uns que são mais iguais do que outros".
Li a fábula de ORWEL, na versão inglesa, há muitos anos. Foi leitura obrigatória - e deliciosa - de um dos trimestres do curso do British Institute de Coimbra, onde tirei o meu "Lower Certificate", pela Universidade de Cambridge.
Parece que em português a tradução é "O triunfo dos porcos". Não tenho a certeza, e, de qualquer forma, não é de porcos que quero falar. É de discriminação - e, por acaso, de discriminação em caso de triunfo.
De uma vergonhosa e escandalosa discriminação, absolutamente paradigmática do centralismo português, que se estende da política ao desporto.
Há cidades ou regiões mais iguais do que outras. Há portugueses mais iguais do que outros. Há clubes de futebol mais iguais do que outros.
Ao longo de 4 anos, o campeão nacional deste desporto, no dia em que ganhou a Liga, não mereceu nos telejornais das várias televisões mais do que uns minutos.
O vencedor era o FCP - um clube do norte do país.
Hoje, todas as televisões nacionais - RTP-1, SIC, TVI, SIC-Notícias, RTPN e TVI 24 estão a dar intragáveis e repetitivas reportagens, todas de uma inevitável similitude, há cerca de 90 minutos, sobre a vitória do SLB - clube da capital da Republica - no campeonato.
Nos TELEJORNAIS!
Haverá algum país do mundo civilizado onde aconteça coisa semelhante?
Já imaginaram uma vitória do Paris-St Germain a dominar por completo os telejornais de França? Ou a vitória do Chelsea a monopolizar os da Grã-Bretanha??
No que respeita aos canais privados, não haverá muito a fazer - apenas "zapping" para outro canal... É ridículo, é quarto-mundista, mas é o mercado a funcionar, deploravelmente. Constata-se (um "galicismo", eu sei...).
Em relação às que pertencem ao Estado, acho que esta discriminação deveria ser objecto de protesto, de análises comparativas com o que aconteceu em anos anteriores, de denúncia desta vergonhosa parcialidade e de sanção, naturalmente.
Que ideia é esta de "serviço público"? É para isto que eu pago taxa de rádio e de televisão na factura da electricidade?
Até às 22.00 h, a única alternativa, em canal aberto, para os teleespectadores, foi a RTP2, onde passou um programa sobre HITLER!...

A Homenagem ao Prof. Mota Pinto

Ontem, em Viana do Castelo.
O Instituto Carlos Mota Pinto para a formação política, foi constituido nessa cidade, por iniciativa do PSD local. A coincidir com o 25º aniversário do falecimento daquele insígne professor de Direito e Estadista.
Estadista: Se alguém merece este título, plenamente, a par dos seus títulos académicos, alcançados com brilhantismo universalmente rconhecido, é, sem dúvida, ele.
A homenagem veio romper um longo ciclo de silêncio sobre a memória, a obra de Mota Pinto.
Não sei que impacte mediático virão a ter as notáveis intervenções que ouvimos, por esta ocasião, em Viana, incluindo, na sessão de encerramento, as de Passos Coelho e de Paulo Mota Pinto. Se não for o devido, fica a esperança de que o trabalho futuro do Instituto, possa contribuir, de facto, para formar politicamente jovens mais conhecedores da história do partido e dos seus fundadores, que tiveram um papel de primeiríssimo plano no renascimento da democracia portuguesa, no pós 25 de Abril.
É certamente o caso do Doutor Mota Pinto.
Ele era um dos líderes do "núcleo de Coimbra", que aderiu ao PPD desde a primeira hora: os professores universitários, que foram os principais redactores do programa do novo partido: além de Mota Pinto, Figueiredo Dias, Barbosa de Melo, Pereira Coelho, Xavier de Basto, todos da Faculdade de Direito, para além de outros, que pessoalmente não conheço tão bem.
Mota Pinto foi o primeiro líder da bancada do PPD na Assembleia Constituinte - e foi quem deu o nome de "Assembleia da República" ao parlamento democrático recém eleito.
Aspectos que foram lembrados em Viana, assim como o essencial do seu percurso de Homem político, sempre disponível para, nas situações mais difíceis, servir desinteressadamente o País, sempre pronto a deixar os cargos, quando entendia que (por razões que foram muito diversas...) se havia esgotado o sentido da sua missão!
Aquela frase "tenho sempre as chaves do meu carro no bolso" foi muitas vezes citada..
Foi Ministro, Primeiro Ministro, Vice Primeiro Ministro, presidente do PPD-PSD.
Soube assumir responsabilidades, soube assumir rupturas. Sempre de boa fé e com a melhor das intenções - o que eu acho que é reconhecido por todas as pessoas que com ele conviveram, de perto, ainda que dele discordassem.
Um Homem extraordinário, pela sua inteligència e cultura. Prestigiadíssimo como académico: não há coleaga, não há antigo aluno, seja qual fôr a cor política, que o não considere, do ponto de vista científico e pedagógico, como do ponto de vista humano, um ser de excepção!
Em Coimbra, a "lenda" de Mota Pinto corresponde à realidade.
Porém, a nível nacional, isso está muito longe de acontecer. Acho que ele foi dos políticos que teve "pior imprensa" - a partir dos media lisboetas, amplamente dominados por personalidades das correntes que mais se lhe opuseram dentro do próprio PPD/PSD. Apesar disso, é, indiscutivelmente, uma das figuras exemplares da nova República, pela sua estatura intelectual e moral - pela sua integridade.
Mas o Homem que ele foi, tão generoso, tão simples e natural no convívio com o povo, com a "arraia muida" (a começar pelos alunos...), tão conversador, tão aberto às diferenças de opinião, tão simples e leal no trato, com uma capacidade de argumentação e um sentido de humor tão característicos - arguto, contundente, mas nunca demais, porque respeitava sempre o interlocutor ! - esse Homem não tem sido assim retratado perante o País.
Nem no seu perfil humano, nem na relevância política que teve na estabilização democrática do país.
O seu governo, um governo de iniciativa presidencial, que durou de Novembro de 1978 a 1 de Agosto de 1979, foi o primeiro governo de viragem, após o 25 de Abril: o 1º governo não socialista.
Corajosamente, como foi dito em Viana, ele recuperou os valores da noção de Pátria, da bandeira, que andavam banidos e conotados, estupidamente, ao antigo regime. Corajosamente, ele mostrou que era possível implantar a ordem e a lei democráticas, que Portugal não era mais "governado pela rua", pelas manifestações sindicais.
O Povo acreditava ainda que, acima da força do voto, estava a força das manifestações de rua, da extrema esquerda militar, que não aceitariam nenhum governo à direita do PS.
Mota Pinto arrostou essas forças e governou, porque foi preciso, contra elas. E o Povo passou a acreditar que podia votar sem constrangimento, que o País era governável em qualquer quadrante democrático. E bem, porque se tratou de um governo excepcional, determinado, audaz, competente e coeso.
Nas eleições seguintes, deu a vitória à AD de Sá Carneiro, a primeira alternância democrática resultante de um sufrágio popular. Daí em diante Portugal estava pronto, como se tem visto, para todas as alternâncias. Ou seja, para a democracia!
Sem Mota Pinto quando teria isso acontecido?
No seu regresso à política, em 1983, após a fragosa queda da AD, coube-lhe o papel de numa segunda versão dos "governos de salvação nacional" - o chamado Bloco central - evitar a bancarrota e criar as condições de adesão à CEE, logo em 1985.
Sá Carneiro, Mário Soares e Mota Pinto foram, a meu ver, os homens que mais contribuiram para moldar a nova República portuguesa, no período aureo, em que venceu os riscos de degenerar em ditadura.
Sem esquecer, evidentemente, os militares que lançaram o movimento de Abril, arriscando vidas e carreiras, os líderes de outros partidos, de outras ideologias, e tantas personalidades notáveis que, então, vieram, por convicção, para a política, e depois se afastaram.
Mas a República que herdamos, sólida, e que vemos em declínio, hoje, a eles mais do que a quiaquer outros se deve.
A nossa esperança - porque ainda há esperança - está numa segunda vaga de políticos de envergadura, que eu vejo despontar em Passos Coelho.

maio 06, 2010

PACIÊNCIA!

Que saudades dos tempos em que o vía, semana a semana, desenhar um "slalom" de dribles espantosos, a caminho do golo...
Domingos Paciência!
Passaram os anos, mas ele continua jovem, rápido, fulgurante, exactamente com a mesma forma inconfundível de progredir no terreno e de finalizar! E, em Alvalade, a ovação que lhe destinaram, foi a surpresa da noite! Bem merecida: ele é o treinador campeão, mesmo que o Braga não consiga o título...
E é tão simpático!
Tão hábil no modo como respondeu, inclusivamente, às perguntas sobre o "facto desportivo" em que se converteu a recepção recebida no estádio de um clube que não é o seu. Elegante na linguagem, moderado e modesto nas reacções. Uma grande excepção à regra que impera neste país de gente tão hiper-reactiva, e tão vaidosa, no desporto como na política...
Como eu gostava de ver treinar o meu, e seu, clube de coração!