junho 30, 2010

Uma maneira de lhe chamar morcão

Morcão no Porto não é insulto, é, em regra, uma verdadeira constatação de facto.
O morcão à moda do Porto é aquele que se deixa ficar para trás, que podia fazer mais e melhor, o molengão, o medroso, o desfazado, sempre a caminhar com o passo errado.
Em futebol é, por exemplo, o tipo que não sabe escolher uma equipa, que não sabe aproveitar os talentos onde eles valem mais, que não percebe o que todos os outros já viram.
O tipo que troca os homens altos por baixinhos, nos últimos minutos do jogo com a Dinamarca, que, estando a perder 2-0, previsivelmente - para todos, salvo para o morcão - vai mandar balões para a grande área adversária, onde a altura vale mais do que tudo. E assim conseguiu o 3-2 em escassos minutos. Quem não se lembra?
O tipo que, quando a selecção, nas suas próprias palavras, precisa de um "criativo" para religar uma dispersão funesta de rapazes atarantados, se esquece que tem no "banco", disponível pela última vez, o maior criativo que Portugal jamais teve...
Por tudo isto, a equipa nacional tinha, à chegada à África do Sul, 2000 a 3000 portugueses à sua espera e, no final, 10 ou 20 na despedida.
Os números falam por si. Foi uma maneira clara de chamar morcão ao único responsável pelo comportamento desolador dos "navegadores" à deriva, em terras africanas de grande imigração portuguesa.
Não venha ele dizer que a equipa fez coisas bonitas (para além do massacre dos inocentes coreanos), porque a reacção popular é esclarecedora... Não foi só uma questão de resultados, foi o "como" eles acontederam!
O "como" tem a marca inconfundível do supremo morcão!

SCOLARI, o mal menor!

Scolari nunca me convenceu.
Porém, sendo as escolhas de MADAÍL (ainda se lembram que ele existe?) o que são - na melhor das hipóteses um "tipo Scolari", na pior um "tipo Queiroz" - eu antes quero o brasileiro de volta!
Sem ele não tinha havido Deco nem Pepe na selecção. Nem bandeiras de Portugal nas janelas. Nem devoção a Nª Sª de Caravaggio.
O que é que nos deu Queiroz, para além de ter, segundo ele próprio, criado Ronaldo, a criatura que se virou contra o criador?

E QUEIROZ CRIOU... RONALDO!

Não sabia. Mas hoje, fiquei a saber, porque o disse, em conferência de imprensa, o divino Queiroz, que nunca mente, que nunca se engana, que tem sempre razão!
Mas se é assim tão fácil fabricar um Ronaldo, porque é que ele não se dedica, a tempo inteiro, à produção em massa de Ronaldos? Porque é que só produziu aquele?
Já agora: não se importa de "criar" um novo Deco, cuja falta, para todo o sempre, é muito maior do que a de Ronaldo?

DECO: duplamente estrangeiro

Duplamente estrangeiro, como brasileiro de origem e como portista para sempre!
A Deco, que deu muito mais à selecção nacional do que previsivelmente jamais dará o celebrado CR7, na hora do adeus, ninguém se lembrou de dirigir uma palavra de agradecimento!...
Deco, ao contrário de falsas vedetas, ou vedetas inúteis, foi sempre o mais influente dos jogadores das equipas que tiveram o privilégio de o ter, nos seus anos aureos, a pensar e a executar o jogo. O FCP, o BARÇA... E Portugal!
Deco nunca foi um daqueles "profissionais" que dão muito mais do seu talento ás equipas que lhes pagam fortunas do que à selecção do seu pais (Portugal!). Nunca reivindicou o estatuto que era de verdade o seu: o de nº1. Nunca procura dar nas vistas. Joga bem demais, mas, às vezes, tão subtilmente que é preciso estar atento ao traçar da jogada, para ver de onde ela vem...
Acho que os fazedores de notícias sempre procuraram menoriza-lo, por PURA XENOFOBIA, incapazes de aceitar o facto de o cérebro da nossa selecção ser "brasileiro" e "portista".
Para alguém que, como eu, passou a vida a trabalhar entre migrantes, e a admira-los pelo sentimento com que vivem a dupla cidadania, esta monstruosa ingratidão para com DECO, nosso imigrante, é insuportável!

O Vitor Baía de Queiroz

Portugal não venceu o Euro 2004 porque o Sr. Scolari decidiu jogar sem um guarda-redes de classe e nenhuma equipa ganha coisa alguma sem um grande guarda-redes...
Por acaso havia um ao dispôr, que, nesse ano, tinha dado ao FCP, semanas antes, o título de campeão da Europa de clubes: Vitor Baía, que individualmente recebeu o galardão de melhor da Europa no seu posto.

Portugal fez um Mundial de 2010 tristonho e apagado. Foi uma equipa partida ao meio, sem um organizador de jogo, sem "cérebro", sem alma. Sem DECO.
DECO: o Vitor Baía deste Scolari de 2ª categoria, que se chama Carlos Queiroz.
E DECO, o mágico estava lá - no banco, castigado só por ter dito a verdade.

junho 10, 2010

NA LINHA DA FRENTE APENAS HOMENS...

Reparo sempre nestas coisas...
Na fila VIP, ao lado do PR, nas cerimónias do 10 de junho, em Faro, 5 ou 6 homens solenes, de fato escuro e gravata - nada de saias eventualmente garridas - representando as mais altas instâncias do Estado, a organização do dia nacional e a autarquia anfitrã.
Onde estão as mulheres?
Não estão.

Depois da tempestade, a bonança

Não, não é a mudança na insustentável situação económica de Portugal.
É o esquecimento de todas as desgraças diante de um ecrã de TV.
Vem aí o Mundial.
A hora de DECO e companhia, não a dos deprimentes políticos da 3ª República
(3ª ou 2ª, para aqueles que acham que as monarquias podem ser mais ou menos democráticas, mas as repúblicas não... ).

Situação Insustentável...

Há muito que eu desconfiava que assim era a situação, neste nosso Portugal desgovernado...
Agora é o PR quem o diz, a 10 de Junho de 2010.
Depois de o dizer, o que fará?

junho 09, 2010

Moralismo ou o quê?

Estou bem lembrada daquelas medidas muito moralizadoras, que amigos meus do PSD promoveram, entusiasticamente, no ano de 1995: em 1º lugar, a famosa "lei das incompatibilidades".
Com toda a estima pessoal e sinceríssima consideração pelos principais proponentes, achei aquilo um exagero e uma "desnecessidade"... Levada a lei à letra, poucos portugueses poderiam fazer politica. E, de facto, não tinha as supostas virtualidadas para evitar nepotismo, compadrios, ou desmandos maiores.
Agora, em 2010, o corte nos vencimentos dos políticos, desacompanhado de igual medida no que respeita aos proventos do "pessoal" político (que é, naturalmento bem mais numeroso, porque quase todos os políticos geram um círculo alargado de colaboradores, oriundos da sua "cantera" partidária...) suscita-me o mesmo "feeling": será "para fazer de conta"...
Idem, idem, aspas, no que respeita ao tecto uniforme das pensões.
Só posso estar plenamente de acordo se se aplicar não apenas aos habituais funcionários públicos e similares, à CGA e CNP, mas a todos os sistemas, a começar por aqueles que atribuem pensões realmente milionárias.
Aqueles que podem comprar, como ontem dizia um deputado de esquerda, grandes iates e Lamborghinis (coisa que ninguém consegue com pensões de 5030 euros).
Basta de parar a moralização nos "pequenos milionários"... Vamos até aos médios e aos grandes. Aí estou de acordo, e até podem baixar o tecto para metade.
FORÇA!
Quem ousa?
Nestas coisas, não gosto definitivamente de meias tintas.

junho 04, 2010

Demagogias!

A Assembleia anuncia grande poupança nas deslocações aéreas dos deputados, obrigando-os a viajar em classe económica, nas distâncias mais curtas.
Não quer isto dizer grande coisa, ao contrário do que parece...
É que há tarifas de executiva mais baratas do que as tarifas superiores de económica...
E as grandes agências, com as quais os organismos de Estado contratam são, quase sempre, especialistas em praticar margens de lucro alto, sobre o preço mais elevado possível...
Assim, a melhor medida seria restabelecer a concorrência e procurar, caso a caso, o orçamento mais baixo.
Sabiam que há mais de meia dúzia de tarifas de económica ou de executiva - dependendo de condições concretas, restrições na alteração do bilhete, etc?...

Um projecto que vem de longe: o CD com músicas de Fausto Neves

A feira do livro foi, como disse, proposta que veio ter comigo.
Não assim a ideia de editar um CD com algumas das músicas do mais famoso compositor de Espinho. Já no anterior executivo, quando era vereadora sem pelouro, tinha sugerido que o fizessem. Naturalmente, quando aceitei o pelouro da cultura, esta foi uma das minhas prioridades.
Espinho precisa de se valorizar, valorizando os seus filhos mais ilustres, os seus talentos, os seus génios!
É disso que se trata, antes de tudo o mais.
É justo acrescentar que aqui termina a minha parte... o que se seguiu é mérito, é obra da Academia de Música de Espinho.
Sempre gostei desta forma de colaboração entre poderes públicos e entidades privadas, quando estas sabem fazer as coisas insuperavelmente bem!

Feira do Livro na Alameda 8

A Feira do Livro, que vai ser inaugurada na chamada "Alameda 8", no dia da cidade, tem para mim um significado especial: foi uma das primeiras iniciativas que lancei na Câmara de Espinho, ainda em 2009. Nada que tivesse previsto, por mim própria. Fui contactada por uma empresa que apresentava um belo "curriculum" e prometia animação cultural ao longo dos meses de verão.
Nessa altura, não estava sequer equacionada a hipótese de utilização da "Alameda" na parte coberta da linha férrea. Mas a instalação da Feira, e a sua integração no projecto de animação do centro nevrálgico de Espinho, nesse lugar privilegiado, tornou-se uma solução incontornável.

junho 01, 2010

Contra o preconceito anti-futebol na política portuguesa

Desde que a Câmara do Porto iniciou a sua cruzada contra o FCP, a instituição que mais nome e prestígio tem dado à cidade, desde que Mota Amaral, instado pelo seu "vice" Manuel Alegre, na Assembleia da República, se lançou, "alegremente", na mesma senda, nos anos em que o FCP venceu a taça UEFA e, depois, a Champions a a Taça Intercontinental - já muitas vezes critiquei a tentação mal disfarçada de políticos como esses, que se servem do futebol, alta e poderosamente, em proveito de uma imagem de suposta superioridade moral, a pretexto de se distanciarem de qualquer ligação ao futebol.
É uma atitude eticamente tão censurável, do meu ponto de vista, quanto a de manter ligações dúbias e oportunistas em qualquer sector de actividade, seja ele desportivo ou não.
Reconhecer o mérito desportivo, como reconhecer o mérito artístico ou científico, é uma obrigação dos responsáveis pelo poder, a nível autárquico ou nacional. As coisas são tão simples como isto. Menorizar o futebol é, na melhor das hipóteses, uma atitude complexada, pedante e intelectualóide e, na pior, pura hipocrisia ou má fé.
É o que penso como cidadã ou munícipe, em relação a qualquer clube ou delegação de clube, de qualquer cor...
Como portista, para quem o FCP, está sempre àparte - e acima! - de qualquer interesse
partidário ou político, não esqueço, por exemplo, que o meu clube, num dos muitos anos em que ganhou o campeonato nacional, foi homenageado, em Lisboa, pelo presidente da Câmara Santana Lopes e não foi sequer recebido na Câmara do Porto por Rui Rio!
E em 2010, não posso dizer que gostei que o SLB fosse campeão nacional, mas gostei de ver a forma como foi entusiasticamente acolhido na Câmara pelo Presidente António Costa, e como foi chamado, a par de outros clubes da capital, a saudar o Papa Bento XVI.
Também gostei muito de assistir, no sábado passado, na Casa do FCP da Trofa, a um fantástico concerto de Mário Laginha, promovido pela Câmara.
Eis um paradigma de colaboração entre um executivo municipal e uma instituição da terra, que, lá por ter uma ligação umbilical a um grande clube de futebol, não é menos do que qualquer outra, e merece igual consideração e respeito.
Espero, pois, voltar, em breve, à Trofa, para um próximo evento cultural na sede da Delegação do FCP!