novembro 26, 2013

Recordando Espinho 2010 Cidadãs da Diáspora

Lançamento do Livro “Cidadãs da Diáspora”
Espinho, 19 de Abril de 2010
O livro “Cidadãs da Diáspora” publicado pela Associação Mulher Migrante e que resulta do Encontro que teve lugar em Espinho em Março de 2009 reúne um significativo conjunto de contributos de académicos e de elementos da vida associativa constituindo uma perspectiva interdisciplinar sobre a realidade das mulheres migrantes em Portugal na actualidade.
O encontro (e o livro que dele resultou) representou uma iniciativa da maior importância porque re-introduziu a questão do género no debate científico, fomentando a partilha de conhecimentos de especialistas da área e o debate tantas vezes ausente na comunidade científica e entre esta e a vida associativa. Da maior importância porque enfatizou a relevância científica e social da variável género.
Em Portugal, os estudos sobre mulheres imigrantes são dispersos e pontuais, não existindo uma verdadeira continuidade de interesse pelo estudo da temática. Como referem Peixoto e colegas em 2006, o estudo das migrações não tem contemplado uma perspectiva de género, assumindo que as características das migrações nacionais se podem generalizar a todo o universo. Não é correcto proceder a esta generalização porque existe uma especificidade nas migrações das mulheres: especificidade quer nas suas causas, quer nas dificuldades que encontram quer na forma como vivenciam o próprio processo migratório.
Não é só na agenda científica que a variável tem estado ausente mas nas próprias políticas imigratórias que não têm contemplado a dimensão género.
A imigração envolve uma dimensão de género mas as políticas e as leis migratórias não se dirigem a problemas específicos de género (Obando, 2003).
Das cento e vinte medidas do “Plano para a Integração dos Imigrantes”, cinco medidas referem-se à igualdade de género o que reflecte que a questão de género está a começar a ser contemplada nas preocupações do estado português mas que ainda não ocupa a centralidade que merece.
As mulheres deveriam constituir o centro do debate sobre imigração, devendo os organismos responsáveis pela elaboração e implementação de políticas migratórias procurar fazer um diagnóstico da situação de cada comunidade de mulheres, procurando compreender as razões e os contextos que levam as mulheres a migrar, as dificuldades específicas que enfrentam em resultado da sua dupla condição de mulheres e de imigrantes e os seus objectivos e expectativas na sociedade receptora.
Estou certa que a Associação Mulher Migrante continuará  a desempenhar um papel fundamental na vida das mulheres imigrantes em Portugal.
A Associação está de Parabéns por mais este passo e apesar de ausente sinto-me presente neste momento de comemoração!
Joana Miranda
 
 
 
 

Recordando Espinho 2009

Entrevista Vereadora Manuela Aguiar


 
Um mês após a tomada de posse como vereadora da Cultura, Biblioteca, Arquivo Municipal e Relações Exteriores e Geminações, que balanço é-lhe permitido fazer dos seus pelouros? O que encontrou?


Quando se reuniu com os agentes culturais da cidade, na passada quarta-feira, apercebi-me que os responsáveis pelos departamentos da Cultura, Biblioteca, Arquivo Municipal e História estiveram presentes. É sua intenção criar sinergias entre os diversos departamentos?


Os responsáveis pelos departamentos abrangidos pelos seus pelouros dão-lhes todas as garantias?


Estará no horizonte a criação de uma empresa municipal, à semelhança da Gaianima e da Feira Viva, dos concelhos vizinhos de Gaia e Santa Maria da Feira, que fique responsável pelos eventos culturais?



Cultura
 
Um aspecto que não passou em claro daquela reunião foi o número de agentes culturais que apareceram. Ficou surpreendida pela quantidade? Ou já tinha essa percepção?


As queixas mais comuns dos produtores de cultura espinhenses prendia-se, essencialmente, com a falta de espaço e com a falta de financiamento. Que respostas pode dar a estes pedidos?


Tucátulá, De Par em Par, Encontro de Homens Estátuas...Estes são alguns dos eventos desenvolvidos nos últimos anos pelo Departamento de Cultura. São para continuar, nos mesmos moldes? Há espaço para surgir outros projectos?


Ainda na reunião, teve uma frase que achei curiosa: "Espinho precisa de mais beach parties". Definitivamente, Espinho tem de olhar para a sua praia de outra forma?



Infra-estruturas
 
Em termos de infra-estruturas, Espinho é capaz de ser um dos concelhos mais bem servidos, tendo em conta a sua dimensão: FACE, Multimeios, para citar alguns. Que projectos tem para eles?


Como encarou a inauguração do edifício da Biblioteca, sem aquilo que lhe é essencial, os livros? Está para breve a abertura desse espaço aos espinhenses?


Espinho tem um património cultural edificado muito interessante, com alguns edifícios abandonados, como o palácio de Rosa Pena, ou outros perdidos para terceiros, como o cine-teatro São Pedro. É possível a cidade reave-los?



Geminações
 
Que objectivos vão reger a política de geminações?

Apercebi-me de uma certa apetência da nova vereadora pela cidade francesa de Brunoi. Pretende reforçar os laços europeus de Espinho, em detrimento de outros mais sul-americanos?

novembro 14, 2013

Abertura do Encontro Mundial 2013

À Associação “Mulher Migrante”:
Permitam-me em nome pessoal e em nome da Associação Graal de Coimbra, agradecer o convite para assistir e escutar as intervenções de grande qualidade no encontro “Mulher Migrante Perspectivas Sociais e Culturais”. Cumprimentar a Associação “Mulher Migrante” por esta iniciativa, por ocasião de celebração dos 15 anos de actividade e dizer-vos, que, com trabalho tão consistente, muitos mais virão, com certeza.
Escutaram-se diferentes perspectivas, sobre o tema Migrações, todas elas interessantes e sustentadas. De facto, este tema, ainda necessita de muita luta, de muita vontade e da continuação de Boas Práticas por parte das associações, da sociedade civil e dos nossos governantes.
Recordo as palavras da Doutora Maria Beatriz R. Trindade: “Portugal foi, desde sempre, país aberto ao mundo, exposto à universalidade o que o tornou mais criativo com o resultado do contacto de povos e de culturas”. Foi na época das Descobertas que começámos a ter os primeiros contactos com outras culturas, com novos produtos, com novos povos e com novas línguas, fomentando, assim, a abertura a novos conhecimentos transnacionais a novos contactos e a novas formas de pensar.
As novas mobilidades da migração trouxeram uma grande diversidade de povos e culturas, como podemos constatar. Associado a esta mobilidade, está o factor género, que não pode ser esquecido das agendas associativas e políticas – factor crucial das novas formas de mobilidade e diversidade migratória.
Hoje cruzamo-nos com a imigração a que chamamos “feminizada”, ou seja, a crescente participação das mulheres nas migrações, quer para o reagrupamento familiar quer em situação autónoma com o desejo de proporcionar uma vida melhor aos filhos, à família e a elas própria, claro. Mas também feminizada, no sentido de ocuparem postos de trabalho na esfera doméstica, lares, creches ou em casas de famílias ricas. Não esquecendo ainda, as profissões feminizadas da educação e saúde, no que diz respeito às imigrantes mais qualificadas.
Citando a Drª Maria Manuela Aguiar no livro, “Problemas Sociais da Nova Imigração”, “olho precisamente com optimismo a nossa condição de país de imigração. É necessário encarar os imigrantes com os mesmos olhos com que vejo os nossos emigrantes”. Sabemos que sempre que lhes são dadas, nos países estrangeiros, condições de integração, se tornam realmente cidadãos/ãs de duas pátrias. Pois é isto que os/as nossos/as emigrantes sentem e o que realmente querem quando emigram, o mesmo se aplica aos/às nossos/as imigrantes: O que querem é sentirem-se cidadãos e cidadãs com direitos.
Depois de um (final) de encontro inesquecível e produtivo deixo os parabéns à Associação “Mulher Migrante” e, em especial, à Drª Rita Gomes com quem me cruzei e tive o gosto de conhecer, entre outros/as participantes. Os parabéns pela árdua tarefa de lançamento dos livros, que debatemos no encontro, os quais já tive o prazer de ler.

novembro 06, 2013




Intervenção : Alexandra Ribeiro CUSTÓDIO - França

 

ENCONTRO MUNDIAL MULHERES DA DIÁSPORA - 24 e 25 Outubro 2013

« Empreendorismo Feminino « 

na Diáspora da Mulher  Migrante

 

Uma empresa nasce sempre dum ato económico entre duas pessoas que se conhecem e que decidem de fazer negócio juntas. Sem pessoas não há empresa.

Eu acho que uma EMPRESA é uma criança que nasce, que devemos criar, valorizar e fazer crescer para durar e ter sucesso.

Uma mulher tem essa faculdade natural de ser mãe, de « maternar »,  de compreender a empresa, de ajudar a crescer e de desenvolver. A « visão feminina » da empresa é uma mais valia nessa relação de negócios muitas vezes ignorada dela própria. Ela mesmo não se sente a altura.

Eu sou diplomada em gestão de empresas e contabilidade e tenho experiencias em varias funções de direção nos sectores de atividades muitos masculinos como a mecânica (20 anos) a construção civil (10 anos) e a restauração rápida Grupo McDOnalds ( 5 anos)

Tenho responsabilidades na vida Associativa, Pública e Política (ambiente muito machista) já mais de 20 anos. Sou casada, tenho um marido e sou mãe de 2 filhos.

Sou dirigente duma empresa que eu criei em 2005, LUSOFORMA, gabinete de gestão, contabilidade e formação com 5 funcionárias.

Sou Presidente do Portugal Business Club de Saint-Etienne desde 2009. Este clube de empresários é em maioria masculino mas a equipa de Direção é composta de 50% de mulheres e 50% de homens. E uma regra implementada para o futuro. » 

Meu objetivo  identificado por todos : A paridade em todas as instâncias de decisão. (as mulheres tem que reagir)

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Os empresários aderentes reconhecem-me a capacidade de liderar, mobilizar, animar, ativar e incentivar a criação de laços. Estas condições são indispensáveis para um ambiente de negócios e animar os recursos humanos das empresas ; primeiro capital duma empresa. Os homens aderentes do Clube sabem todos isso.

A mulher, (por valores educativos adquiridos) geralmente não aspira ao Poder. Ele gere muitas vezes a empresa no back-office e deixa o titulo de «  Patrão » ao seu marido ou a um homem que pretender prioritariamente ao « Poder ».  

Um homem sente-se sempre com falta de Valorização, de Legitimidade, ainda que a mulher nem tanto, ela não reclama o poder . Muitas vezes é sua própria culpa.

Será que estes valores serão menos importantes para as mulheres que para os  homens ??

Sem duvida que nosso genro naturalmente feito de mais altruísmo, de partilha, de comunicação e de trocas facilitadas com os outros ; favorece estas pré-disposições que têm as mulheres a criar laços numa relação humana de confiança para depois realizar um ato económico.

As mulheres, ao meu ver, não desenvolvem tanto EGO.

As melhores equipas comerciais atualmente são as mulheres, lideradas na maior parte dos casos pelos homens. Colectivamente, elas partilham muito mais o conhecimento

E esta altura de crise mundial económica mais sobretudo crise de valores, vai sem duvida favorecer  um empenho superior das mulheres para superar as dificuldades de mutação dos valores  familiares e empresariais.

Os movimentos económicos do mundo vão ser muito menos de bens de produção industrial mais muito mais de bens imateriais. As transferências dos conhecimentos entre os homens vai ser superior. Estes « novos produtos » virtuais objetos de negócios vão ser mais qualificados e não podem ser quantificados.  Esta revolução lenta é muito mais acompanhada pelas mulheres do mundo em silencio que pelos homens que não as presentem tanto e querem resistir.

Em 100 milhões de europeus, há 66% de mulheres que vão silenciosamente acompanhando esta mudança . Elas ajudam, hoje, este Novo Mundo dos negócios a nascer.

Na diáspora da mulher migrante, lembro-me da minha avó paterna, Claudina, que não sabia nem ler, nem escrever mais era ela quem fazia negocio, quem vendia os produtos da produção agrícola nos mercados. O meu avô ele trabalhava a terra e, ela vendia a produção para trazer dinheiro para a casa. Ela tinha intuitivamente a competência para estabelecer uma melhor relação comercial com os clientes.

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Antecipava o mercado, acompanhava o consumidor, partilhava conhecimento e não « paradigomos adequeridos », ela tinha CREATIVIDADE sem fim

Também outro exemplo pessoal ;  A minha mãe, Natércia, que era mulher de casa e que criou seus 5 filhos, que só estudou até o primeiro ano de liceu . Era « alfaita », ela trabalhava. Ela geria as contas da casa, enquanto o meu pai trabalhava fora para ganhar  para a casa.

Nenhuma decisão de compra importante ou de investimento era tomada sem  o assentimento e a rubrica da minha mãe.

Como a minha mãe, a Mulher Migrante foi sempre responsável da gestão das contas da família nas condições sempre muitos difíceis das migrações. Não seria já isso o seu primeiro ato empresarial, a sua primeira empresa  que ela aprendeu a gerir por necessidade e por obrigação.

A mulher migrante da ultima geração (não agora) muitas vezes sem formação inicial, não teve cursos de gestão mais tinha a pratica comercial e a capacidade de gestionária dos recursos financeiros da casa.

Ela realizava actos « empresariais » todos dias sem o dizer, sem o saber, sem mesmo identifica-los

O Portugal BUSINESS CLUB de França, foi criado em 2005

Pelo um grupo de 5 empresários portugueses da região de Lyon (3 homens e 2 mulheres, já tínhamos paridade assumida).

Ele tem por objetivo de reunir todas as forças vivas de França que tenham uma ligação direta ou indireta com o desenvolvimento económico dos países lusófonos.

Podendo assim criar uma sinergia que permitira facilitar as trocas de experiencias e partilhar informações.

Nos pretendemos criar vários clubes em França em varias cidades nas quais os empresários, muitas vezes sentem-se sozinhos para provocar encontros e conviverem a volta dos negócios.

Em toda a França temos mais de 300 empresas aderentes sou 8% são mulheres. 

Criar laços humanos e ações comerciais reais

Isso é o objectivo prioritário do nosso Clube.

Fazer negócios em língua portuguesa é uma mais valia económica

Isto é a nossa mensagem.

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Eu sou uma Presidente otimista e quero deixar esta mensagem « 

Nos tempos de crise e de dificuldades que vivemos na Europa e no Mundo ; eu penso sinceramente que é esta a melhor altura de ter criatividade para criar novas oportunidades. A imaginação feminina não tem limites e a capacidade da mulher portuguesa vai sem duvida aproveitada para inventar novo futuro positivo.

 Ela vai contribuir a emergência de este novo mundo de negócios muito mais perto dos valores humanos.

A todas as mulheres da Diáspora, eu digo para terem honra das vossas próprias ações, serem sempre positivas nas vossas empresas e sempre ativas e ambiciosas nas vossas casas para poderem sempre adquirirem conhecimentos e liberdade para construir o vosso futuro.

Essa postura será sempre uma boa atitude para construir o Nosso Destino.

Eu digo sempre, que quando eu ver uma mulher « incompetente » ocupar um posto de responsabilidade substituindo um homem competente…

Esse dia realmente pode dizer que ganhamos IGUALDADE

 

 

Obrigada pelo convite e

Continuação de bons trabalhos

Alexandra Ribeiro Custódio

Presidente do Portugal Business Club de Saint Etienne- França
Empresaria : Cabinet Lusoforma : Formaçao,  gestao, contibilidade,
Entre 2005 e 2009, a Drª Maria Barroso foi a Presidente de Honra dos Encontros para a Cidadania - a Igualdade entre Homens e Mulheres, uma iniciativa inédita, em Portugal - e, ao que julgamos única em países de emigração - destinada a levar às comunidades portuguesas da Diáspora um forte apelo à participação de todos na expansão dos valores de género e geração, na vivência da democracia e na valorização de uma cultura universalista, como é a nossa,
Foi verdadeiramente um "correr mundo"para a Drª Maria Barroso e para um conjunto de personalidades que a acompanhava, que incluia para além de membros do Governo representantes de organizações da "sociedade civil" , unidos e motivados por uma grande causa, como é a de aprofundar a consciência das discriminações que nestes domínios subsistem e que assumem contornos específicos no quadro das migrações, assim promovendo a inclusão dos grupos mais marginalizados da sociedade, através do exercício muito concreto dos seus direitos.
Há muitos anos que admirava a Drª Maria Barroso e que com ela tinha colaborado em outras organizações ou lhe tinha pedido e sempre obtido a sua presença em colóquios ou congressos da Associação de Estudos Mulher Migrante, que tinham por fim a defesa da valorização do papel destas Mulheres, mas nunca tinha partilhado com ela longas viagens através dos oceanos, que em conversa, ouvindo-a, passavam tão rapidamente. Ou o entusiasmo das recepções, logo nas salas do aeroporto, a intensidade do dia a dia feito de debates vivos e memoráveis, de convívio constante em que os temas dos encontros se continuavam nas pausas, nos almoços e jantares, com que que as nossas comunidades gostam de acolher os visitantes... Nunca tinha podido sentir tão de perto a profunda afectividade que desperta a Drª Maria Barroso em todos quantos escutavam as suas palavras brilhantes, na substância e na forma incomparável com as diz, com a marca da convicção e da autenticidade e por isso tão mobilizadoras. E com aquela simplicidade natural, com que se torna uma entre nós, sem que nunca esqueçamos a sua absoluta excepcionalidade
Esses Encontros faziam História, como nós reconhecíamos mesmo já durante o seu decurso, não só porque significavam o pirnicípio da aplicação das políticas da igualdade de género para além das fronteiras de Portugal, na sua inteira dimensão ou espaço humano, mas porque tinham como inspiração, como presença, um expoente da capacidade da Mulher Portuguesa a sua Presidente - para as emigrantes um exemplo vivo, ali a seu lado, tão próxima e solídária e para os muitos convidados do próprio País de acolhimento, uma grande embaixadora de Portugal, da sua forma de estar na vida política e cultural.

O primeiro de seis Encontros foi o da América do Sul, realizado em Buenos Aires, seguindo-se o da Europa, em Estocolmo, os da América do Norte, no leste do Canadá, em Toronto e no ocidente dos EUA, em Berkeley, o da Africa em Joanesburgo e, finalmente, um grande Encontro internacional em Espinho.
Sobre cada um deles se poderia escrever uma longa crónica - tão longa quanto feliz. Aqui fica apenas um breve e objectivo registo de factos, que se espera sejam, assim mesmo, sugestivos, do ambiente vivido, das esperanças despertadas, do impacte que se prolonga até hoje, em novos iniciativas, deixando-nos a convicção de que há um periodo antes e depois destes Encontros, no que respeita à política de Estado para as comunidades, que já não poderá marginalizar a compornente de género.

Encontro da América do Sul - Buenos Aires, 16 e 17 de Novembro de 2005

Biblioteca Nacional, salão Jorge Luís Borges
Organização local da Embaixada de Portugal e da Associação Mulher Migrante Portuguesa da Argentina.
Sob a égide do grande escritor argentino, que, por ascedência e por afecto, é também nosso, com a presença sombólica de Maria Kodama, num auditório repleto de ilustres participantes portugueses e argentinos, com jornalistas dos principais media nacionais - imprensa, rádio, RTP - se reiniciou uma caminhada histórica, que tivera o seu começo precisamente 20 anos antes, no 1º Encontro Mundial de Portuguesas no Associativismo e no Jornalismo, convocado durante o Governo de Mário Soares. O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas António Braga propunha-se, como expressamentamente afirmou, retomar uma questão que tinha sido esquecida pelos governos ao longo de tantos anos.
Aí, em Buenos Aires, capital de um País onde a Mulher já ascendera à presidência da República, partilhando a mesa de honra com António Braga, com o Embaixador Almeida Ribeiro e comigo mesma, a Drª Maria Barroso proferiu a conferência de abertura - dando-nos, com todo o seu saber e inteligência, uma perspectiva diacrónica sobre a luta das mulheres pela plenitude dos direitos de cidadania e convidando-nos a participar na aventura de equacionar e de fazer o seu futuro.

Depois de dois dias intensos de debates, e da aprovação das conclusões que são um notável documento sobre as matérias em análise, a Drª Maria Barroso, como que sintetizando as conclusões, diria: "Considero que foi uma refelexão aprofundada sobre os problemas que dizem respeito às mulheres, e, em particular, às mulheres migrantes. Mulheres e Homens têm de assumir um papel onde ambos os géneros contribuem para a melhoria da sociedade".

Encontro da Europa

Estocolmo, Museu Etnográfico, Março de 2006
Organização local da PYCO, Federação Internacional de Mulheres Lusófonas

Presente ao lado da Drª Maria Barroso e do Embaixador de Portugal, a antiga Ministra, Comissária Europeia e Presidente da Internacional Socialista de Mulheres, Anita Gradin, que foi uma próxima e importante colaboradora de Olaf Palme e a grande impulsionadora da "praxis" da paridade. Entre ambas, como todas entre nós, na organização dos trabalhos, e entre nós e o Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Jorge Lacão, representando o Governo, havia uma evidente sintonia de posições. E, tal como na Argentina, foi forte a participação de personalidades e de ONG's do país que nos acolhia, a permitir a troca de experiências e ensinamentos. E a imprensa nacional e regional marcou, de novo, presença e deu ampla notícia das propostas deste novo congresso.
"É muito importante que os homens estejam presentes, não queremos uma sociedade de mulheres, mas antes de homens e mulheres conscientes dos seus direitos e deveres", salientou a Dr.ª Maria Barroso. É este ênfase na ideia da cidadania feminina para o serviço da comunidade, na linha de pensamento das feministas da 1ª República, que nos leva a vê-la, nos ideais, como na acção concreta, pela liberdade e democracia, como uma autêntica herdeira e continuadora no século XXI, dessa pleide de notáveis Portuguesas do começo de novecentos.

Encontro da América do Norte

Toronto , Março de 2007 "Conferência para a Participação Cívica e Política"
Organização Local: Consulado Geral de Portugal, e um elevado número de ONG´s luso-canadianas e canadianas. Patrocínio da Região Autónoma dos Açores

De início a fim, uma constante foi o destaque ao trabalho da Cônsul -Geral, Maria Amélia Paiva, pela forma como soube reunir tantos apoios associativos, a presença de universitários e investigadores, deputadas canadianas, e activistas dos direitos humanos, mulheres e homens, assim como uma cobertura excepcional de todos os media em língua portuguesa de Toronto (que são muitos e muito bons), que, de uma forma unânime, saudaram aquela realização e deram a dimensão do seu relevo, contribuindo para que as temáticas desenvolvidas e o essencial de uma mensagem clara e forte chegasse à comunidade inteira.
O Secretário de Estado Jorge Lacão, que, como é seu hábito, para além dos momentos solenes de abertura e encerramento, participou activamente nos trabalhos de todos os paineis, divulgou aí o Plano Nacional para a Igualdade e a extensão da Lei da Paridade às eleições do Conselho das Comunidades Portuguesas (que viriam a ser as primeiras a que as novas regras se aplicaram). O Embaixador Silveira de Carvalho e o Dr Álamo de Oliveira em representação dos Açores foram também ilustres intervenientes.
A Drª Maria Barroso, partilhou do entusiasmo geral, realçou a abertura de horizontes ("A Mulher de hoje pode governar uma Nação"), mas não deixou também de realçar o pano de fundo de discriminações que subsistem: "temos muito que lutar para que a igualdade entre homens e mulheres seja uma realidade, mas tenho a certeza de que um dia venceremos. Já não será para mim, mas para aquelas que nos darão continuidade".
Para além da Conferência, houve ainda temo para corresponder a convites da comunidade, visitas ao Museu dos Pioneiros e à Associação de Apoio a Deficientes Portugueses, onde a Drº Maria Barroso e eu recebemos o título de Presidentes de Honra. Recém inaugurada esta grandiosa obra de solidariedade, tornou-se já um "ex-libris" da nossa Comunidade.
Na despedida de Toronto fica a frase de Jorge Lacão, que a imprensa reproduziu: "Viemos ver coisas extraordinárias."
E um dos articulistas da imprensa escrevia: Um encontro para a cidadania tem que se lhe diga. É bem capaz de cavar alicerces que nem sempre foram abertos para todos (...) de trazer à discussão temas do maior interesse, que levam a harmonia a uma sociedade, por vezes pouco lógica e racional".
Fora de Toronto, numa deslocação breve a Drª Maria Barroso, aceitou irMontreal para um outro encontro, a celebrar o Dia Internacinal da Mulher - uma iniciativa que o jornal Luso Presse promove todos os anos. Com a presença de Consul- Geral dr Carlos Oliveira e da Ministra da Imigração do Québec, de várias deputadas e de uma vereadora portuguesa, viveram-se momentos irrepetíveis de emoção até às lágrimas, com a Drª Maria Barroso a receber, no fim de palavras sentidas que a todos comoveram, uma infindável ovação.

Encontro para a Cidadania em Àfrica
Joanesburgo, Março de 2008
Sala de Conferência do "Lusito", Associação em favor de Crianças Deficientes
Organização Local : Liga da Mulher Portuguesa na África do Sul. Patrocínio da Região Autónoma da Madeira e do Consulado Geral de Portugal

Nas magníficas instalações do "Lusito", para uma audiência vasta, onde prodominavam as mulheres, mas onde estavam também presentes o Embaixador Paulo Barbosa, o Cônsul-Geral Manuel Gomes Samuel e os dirigentes das principais instituições comunidade, a Drª Maria Barroso falou da situação das mulheres através dos tempos e no nosso tempo e lembrou-nos que "apesar da História ter sido tecida por Mulheres e Homens só a estes é dada relevância" - e esta é uma das injustiças a que o exercício da cidadania no feminino procura por fim.

novembro 03, 2013

Para Isabel Saraiva

  O relacionamento Portugal Japão  começou, por acaso, em dia de tempestade , na aventura de um pequeno junco perdido que na ilha encontrou porto de abrigo e, logo, amizades... Começou para não mais acabar, com aquelas pessoas, em concreto, num fascínio pelas diferenças culturais, que, porém, se combinavam em grandes afinidades entre gente com uma enorme abertura e curiosidade pelo "outro", uma afabilidade inata e uma visão da honra que presidia aos actos da vida, e era, para ambos os povos, mais importante do que a própria vida. Com pessoas, mais do que com políticas e estratégias de Estados, continuou, numa partilha de conhecimentos científicos, de lucros do comércio, de gosto pelas artes...Um percurso que recomeça ciclicamente com aqueles que procuram novas simbioses culturais, com a força da paixão pela alteridade, e da sua genialidade e sabedoria - percurso pontuado por nomes ilustres, desde  Fróis ou Rodrigues no tempo primordial, a Wenceslau em oitocentos, ou ao já nosso contemporâneo Martins Janeira.
Com este precioso livro que pertence mais do que a duas línguas, ou a duas artes, verdadeiramente a dois mundos, vem agora Isabel Saraiva abrir novas vias de diálogo intercultural luso-nipónico,  Com os seus poemas, a sua pintura...

Como escrevia Wanceslau de Morais, a pintura japonesa é como uma invocação [...] é como se dissesse que aquele pincel inteligente, não pinta, pensa e recorda.

As aguarelas suavemente polícromas e as estrofes breves e significativas dos poemas "hai-kai" de Isabel Saraiva convertem-se em talentosa invocação de um passado longo de atracção recíproca entre dois países que tantos mares separam... São como que uma nova viagem por espaços que guardam memórias de naus e caravelas, na viagem construindo pontes feitas de afinidades redescobertas, de convergência da visão de coisas essenciais. Como na história antiga, olhares e expressões que se cruzam num inesperado entrelaçamento de culturas, num mesmo sentimento de admiração pelas infinitas singularidades do outro, numa vontade de compreensão e de intercâmbio...
Nela se funda a amizade multissecular, que perdura, indestrutível, em pontes de afectos  erguidas, há séculos, entre o "grande Portugal" da odisseia  marítima e o Dai Nippon, como, no nosso tempo, entre o Porto e Nagasaki.
Nas palavras de Isabel Saraiva:

Traço de arco de uma ponte
comércio de olhares
 - rostos serenos