abril 28, 2009

Um mau momento de um bom caracter

Pepe, viva imagem do desespero, por um momento fora de si, avança chutando em frente bola e adversário, adversário e bola. Sem particular violência, sem lhe provocar lesão ou dano, para além da surpresa e do susto. Uma cena disparatada, incrível, de criança grande, que , dadas certas circunstâncias, todos somos, de vez em quando.
Lembrei-me do Bruno Vale, há alguns anos, quando, numa situação de semelhante descontrolo emocional, pontapeou não um adversário, mas o poste da baliza, que defendia.
Sorte sua ter partido, apenas, os dedos do pé, sem perseguição mediática nem pública condenação, embora isso lhe tenha custado a presença no banco da selecção...
Face ao que aconteceu, seguidamente, a um e a outro, eu preferia, sem hesitação, cair no destempêro de Bruno, e não tanto pela qualidade do acto em si, que, num e noutro caso, revela tudo, menos maldade, mas pela censura desmesurada que se abateu sobre Pepe.
Não entendem esses moralistas, que, rasgam as vestes da indignação, invocando o facto do jogador português do Real Madrid ter dado um mau exemplo a todos os jovens, que são eles próprios os causadores do impacto, estupidadamente ampliado, desse "mau exemplo" ao mostrar, repetindo mil vezes, a despropósito, as imagens do infeliz episódio?
Passa-las em directo, com certeza que sim. Depois, porventura, uma vez mais, à guisa de comentário, ainda se pode aceitar. Mas três, quatro, cinco, dez vezes? Sei lá eu quantas!...
Sensacionalismo sórdido!
Por mim, acho que esses implacáveis juízes , os espanhois primeiro (com uma ponta mal disfarçada de xenofobia, não?) depois muitos portugueses (quiçá, pela mesmíssima razão - porque Pepe é brasileiro de origem e nunca o aceitaram, de bom grado, na equipa nacional...) estão a tentar fazer-lhe coisa muito pior do que ele fez ao Casquero do Getafe.
Violência não física, mas psíquica. Não involuntária - e, por isso, desculpável - mas intencional e, por isso, sem perdão...
E a propósito de intencionalidade, o que não deve admitir-se, e merecia mais de 10 jogos de suspensão, são agressões escandalosas, e a sangue frio, como as que vitimaram jogadores decisivos, pedras-chave das suas equipas, Anderson, Petr Cech , Pedro Mendes ou, há poucos dias, Hulk, entre tantos outros...

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