setembro 08, 2025

Se os meu olhos te incomodam Quando estou na tua frente, Hei-de arranca-los um dia, Para te amar cegamente Se me deixares, eu digo O contrário a toda a gente. E neste mundo de enganos Fala verdade quem mente. Afirmas que a vida é breve. Mentira! A vida é comprida. Cabe nela amor eterno E ainda sobeja vida... Há apenas mais um soneto: Eu amo os olhos tristes de gazela E o silêncio nostálgico do mar. A chuva branda, a rir e a cantar E o meigo cintilar de cada estrela. Eu amo a luz, tão dolorida e bela No silêncio da tarde a agonizar E o vento, sem repouso, que, a chorar, A sua dor fantástica revela. Mas, acima de todos os fulgores Eu amo esses teus olhos sonhadores - gotas de mel em límpidas opalas! E ao vento, à chuva, à onda murmurante, Prefiro o sortlégio perturbante Da música, sem par, das tuas falas... E este poema, com um "final feliz": Rosas murchas, são murchas, são sequinhas Como as folhas que morrem no outono E que andam, tristemente, ao abandono, Correndo pelo céu sem andorinhas Rosas murchas, imagens denegridas De tanto sonho e dor, tanta alegria E aos sentimentais da litania Lembrando o ardor ditoso de outras vidas São estes pobres versos que eu te mando. Nada valem, eu sei, mas quando os leias Quebra da minha dor as mil cadeias, Sorri de compaixão, de quando em quando. A cinza de uma flor é sempre flor E o seu sorriso, que eu procuro Em místicos jardins, os do futuro, Talvez façam florir rosas de amor!

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