junho 03, 2012


Festejar o Dia Nacional homenageando o Poeta dos "Lusíadas" e os Lusíadas ainda hoje dispersos pelo mundo, é originalidade nossa e, a meu ver, constitui-se em escolha absolutamente perfeita.
Portugal reconhece assim que é mais mar do que  terra, é mais a sua gente e a sua  Cultura  em expansão do que apenas um Estado a viver dentro dos limites de fronteiras geográficas.  No simbolismo da data escolhida não se destaca apenas um dos muitos acontecimentos decisivos  que marcaram o longo e extraordinário itinerário de Portugal, como Nação e como Estado soberano, mas  a própria essência da Pátria  (ou da Mátria, segundo Natália): o espírito universalista de que se fez a sua História, e que em Camões tem a mais elevada expressão cultural e ética, e a sua inteira dimensão humana, indissociável de uma imensa Diáspora.
Assim se convoca para a comemoração, numa simultaneidade de homenagens rendidas, o Portugal,  que se imortalizou pela Aventura marítima, pela Expansão,  pelo encontro de Culturas, e o Portugal que se continua em novas formas de convivialidade,  de interacção, de progresso em benefício de outras terras e também da nossa, de que as comunidades da emigração são um novo paradigma.
Uma Aventura que foi e é movida pela vontade de superação das capacidades - capacidades de enfrentar o desconhecido, de fazer sacrifícios, de trabalhar duramente, de procurar a fortuna individual e o engrandecimento da comunidade e do País. Como não ver uma linha de continuidade entre navegadores e  marinheiros, entre portugueses de todos os ofícios, que desde então se espalharam pelas sete partidas  do mundo, em sucessivos ciclos de um êxodo incessante, e os emigrantes do nosso tempo?
Esquecidos no quotidiano, apesar de saberem transformar a ausência em inúmeras manifestações de solidariedade,  de presença nos destinos da sua terra, os expatriados surgem, enfim, no olhar da Pátria, a 10 de Junho, com o lugar central a que têm direito. E o Dia nacional torna-se uma grande reunião de família, desdobrada em mil e uma reuniões à escala universal. Fora de fronteiras, como se vai reconhecendo crescentemente, a festa é sempre mais espontânea, mais coisa do povo do que de autoridades, mais emotiva e vibrante, talvez  porque aqueles Portugueses se sintam herdeiros directos de uma história feita de movimento e de intercâmbios. E porque é através deles que Portugal vive ainda em todos os continentes, onde aconteceu o melhor do seu passado, e se dá a conhecer. numa perspectiva de futuro. O 10 de Junho não pode, naturalmente, celebrar-se a olhar para dentro, numa postura de isolamento! É uma comemoração para reunir ecumenicamente os amigos - no espaço da lusofonia, nos países que falam a mesma língua, nos países todos da nossa emigração.
Com eles, tanto ou mais do que connosco, e pela língua de Camões, que a tantos povos e nações pertence, se fez e se fará a eternidade de Portugal e se alcançará o futuro da "Lusitana Antiga Liberdade " de que falava o poeta .

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