maio 05, 2016

A emigração portuguesa distingue-se de todas as outras, na Europa e, porventura, no mundo, pelo seu carácter duradouro, multissecular e pela sua dispersão universal. Deve-se a razões fundadas numa história singular, de que nos orgulhamos, no gosto das viagens e do movimento, numa cultura enraizada de expatriação e numa tradição de convivialidade com outros povos, que tem facilitado a sua integração, e o consequente sucesso, quase sempre maior do que seria razoável esperar. Mas deve-se também a causas menos nobres ou fecundas...Quando consideramos os últimos dois séculos - o período que, após a independência do Brasil, marca o curso de correntes migratórias que já se não podem enquadrar-se no processo de colonização empreendido pelo Estado... - deve.se, sobretudo, ao desgoverno pátrio, ao anacronismo das estruturas económicas, à pobreza das pessoas... Á pobreza. Ontem, como hoje. Se recuarmos apenas um século, precisamente a 1913, ouviremos a voz de um dos maiores especialistas neste domínio, o Professor Emygdio da Silva, a falar de "emigração delirante". Nunca se vira no Reino coisa assim, números que subiam. em 2012/2013, a mais de 110.000! Só o eclodir de uma guerra mundial haveria de travar a hemorragia migratória. pois a limitação das saídas ou a sua proibição por leis e regulamentos foi sempre uma barreira que os Portugueses souberam ultrapassar. O "salto" para os baleeiros que levavam à América oitocentista, como o "salto", com que atravessavam os Pirinéus, rumo aos biddonvilles de França, no nosso tempo.

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