maio 05, 2016

Portugal tem de ser a aventura que vive do passado presente. O país da saudade do futuro. O nosso passado é uma história que não cabe numa terra pequena. E o futuro? O futuro ainda menos.... Somos mais mar do que terra, somos gente dispersa universalmente, somos língua e cultura em expansão, somos povo que partilha com outros o espaço imenso da lusofonia. uma herança comum para a eternidade. Temos de saber gerir o legado antigo em novas formas de relacionamento, novas viagens, novos encontros. Entre Portugueses e entre lusófonos. Connosco e com eles. Temos de saber.incorpor nos grandes projetos nacionais uma dimensão, por demais esquecida pelo Estado e pela sociedade que ficou no território: a dimensão que lhe conferem os que se encontram fora, mas mantêm laços da mais diversa ordem com a Mátria, as comunidades portuguesas em que se recriam formas culturais e padrões de comportamento, que são, desde há séculos, património vivo Na base desse esquecimento, que vem das origens de imparáveis correntes migratórias, estará a forma como de dentro de um projeto régio de expansão aquele movimento se autonomizou e seguiu uma trajetória própria, que a Coroa, em vão, quis condicionar e limitar nos fluxos considerados excessivos, ou até na direção que tomava, de oriente, a ocidente, de sul a norte, nas sete partidas do mundo, primeiro dentro, mas cada vez mais fora do enquadramento colonial. Olhando retrospetivamente enta pulsão permanente entre poderes públicos e o seu plano imperial, e cadadãos anónimos, partindo em massa, contraditâmes e proibições, com a sua ambição individual e o seu modo fácil de se relacionar com os outros, haveremos de concluir que efémero foi o império que se fez e desfez, enquanto, paralelamente, as comunidades nascidas da expatriação antiga ou de migrações recentes resistiam e se multiplicavam. Comunidades, Diáspora, pura sociedade civil, que o Estado sempre ignorou e, que, por isso, ao Estado nada devem... Desde o século XVI, um terço da popução portuguesa escolheu viver fora da sua terra. Um êxodo multissecular, desmesurado que pareceia acentuar a desmesura da Expansão, nas suas rotas de comércio, e no esforço de domínio ou de colonização de colossais parcelas do planeta, a que nunca faltaram voluntários... Valeria sempre a pena, fazer com isso a diferença na história universal, como nós acreditamos, dando razão aos Homens de Estado. Mas a verdade é que futuro deu, fundamentalmente razão aos homens comuns, aos emigrantes - muitos homens e algumas mulheres que, contrariando leis e práticas, em número crescente, os acompanharam, sobretudo para o Reino do Brasil, após a independência, incessantemente para Império, depois para a República, alheios a mudanças de regime. . Somos tanto mais europeus quanto mais formos portugueses

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