junho 03, 2009

Dia de um Portugal maior











A 10 de Junho, Portugal reencontra-se, no figurino oficial das comemorações, na sua verdadeira dimensão: para além da vida centrada num pequeno teritório europeu e insular, na grandeza da sua cultura e da sua língua, simbolizadas em Camões, e na força da sua Diáspora, presente nos cinco continentes do mundo.

É um breve encontro, que dura um dia somente, em clima de festa!
Como aprender a preparar o futuro, com as potencialidades e as energias deste Portugal redimensionado à medida da sua realidade?

Eis o grande desafio que se colocou - e coloca - a sucessivos governos, a sucessivas gerações de políticos, depois que a democracia foi restaurada, há décadas, sem ter ainda conseguido o esboço de uma estratégia, de um projecto nacional, que abranja esta "totalidade".

Falta uma política cultural, baseada, antes de mais, na língua, que reforce a sua expansão entre os filhos e netos de emigrantes, à escala planetária, pois o investimento inteligente e patriótico que se exige, começa por falhar no ensino, inexistente ou insuficiente, a nível das comunidades portuguesas, assim como na cooperação com os outros Estados lusófonos, na divulgação em tantos países estrangeiros, onde a receptividade é grande.
O Instituto Camões não pode comparar-se ao "Cervantes", ao "Goethte", à Alliance Française" e não parece que a reforma anunciada vá nesse sentido...

Falta, igualmente, uma política de mobilização dos expatriados, um terço da população do país - onde sempre se reduz o seu número a 10 milhões de residentes no território, esquecendo os 5 milhões que estão fora, e que, do seu lado, lembram a terra de origem, a toda a hora...
Uma política que lhes dê visibilidade, no interior e no exterior de Portugal, e possibilidades de participarem, mais e mais, em qualquer domínio da história e do destino que se vai fazendo, e que pode contar com eles, estejam onde estiveram. É preciso percorrer os novos caminhos do mundo, que eles estão preparados para nos abrir.
Mesmo em tempo de crise, estou entre os que acreditam que vale mais investir na expansão cultural, a ligar as comunidades e os povos de língua portuguesa, do que no cimento das autoestradas, que já há de sobra, ou nas linhas multimilionárias dos comboios de alta velocidade, a ligar duas capitais vizinhas.
Só um investimento prioritário na cultura pode valorizar o passado - com a sua mensagem universalista e Camoneana, e a sua vivência em paragens longínquas, onde Portugal continua, através da Diáspora - e, em simultâneo, construir um novo pioneirismo, uma modernidade do século XXI, que tem de começar num patamar elevado de saberes e conhecimentos, num "estado de espírito", e num diálogo entre Portugueses dispersos, mas reunidos, em volta de um desígnio nacional.
Este diálogo e a colaboração muito concreta são possíveis, porque os Portugueses, por si e através das grandes instituições, que criaram, no Brasil e em todas as terras onde estão, o querem, indubitavelmente. É isso mesmo que reclamam e esperam há muito!

Há mais de 40 anos, um dos nossos concidadãos, porventura o que melhor soube, no século XX pensar este "Portugal maior", convocou dois sucessivos "Congressos" da Diáspora, instituiu a "União das Comunidades de Cultura Portuguesa" e um Instituto da Língua.
Era, nessa época, presidente da Sociedade de Geografia. Chama-se Adriano Moreira.
Vinte anos mais tarde, nova tentativa, também ela efémera, por falta de compreensão e continuidade política...
A visão de Adriano continua actual, e, por isso, me parece útil lembrá-la a 10 de Junho.
Para que as festas do Dia Nacional, que, nas Comunidades do Brasil e do mundo inteiro, se distinguem pela sua espontaneidade e caracter afectivo e pelo seu brilho, quando comparadas com as que oficialmente - e só oficialmente... - se organizam em solo pátrio, venham a ser seguidas por um movimento de convergência de esforços e de acções, que dure não apenas um dia, mas o infinito tempo de um futuro vivido em comum.
Num Portugal maior!

Maria Manuela Aguiar



O MEU 10 DE JUNHO EM NEWARK e ELIZABETH

Uma vez mais passei este dia no maior 10 de junho do Portugal maior: em NewarK - o 30º organizado pela Família Coutinho, e, nos anos mais recentes, pela "Fundação Coutinho".
Espantoso, com imensa adesão popular!
A 11, apesar da chuva, a missa na Catedral de Newark, que é tão grande e estava cheia de portugueses, de várias paróquias do Estado de NJ. Palavras sábias e inspiradas do Bispo Emérito de Leiria e Fátima, D. Serafim.
A "festa dos amigos", uma iniciativa de Maria Coutinho, na noite de 12 de Junho, reuniu mais de 750 pessoas, no bonito salão do Hotel Robert Treat. A parada, a 14, atraiu dezenas de milhares, e o tempo ajudou: nem chuva, nem muito calor.
Muitas autoridades americanas, o Governador do Estado, o "Mayor", políticos de ascendência portuguesa, mas, de Portugal, apenas o autarca que foi distinguido como "Grand Marshall" da Parada. Insólito!
O ano passado esteve lá, em representação do governo, o Secretário de Estado da Presidência, Dr. Jorge Lacão, que, devo dizer, deixou a melhor das imagens, pela sua simplicidade e simpatia.

Em Elizabeth, tive, de novo, o privilégio de estar com Monsenhor João Antão e com o Padre José Manuel Fernandes (quando na Venezuela, nos anos 80, conselheiro eleito do CCP!), e com o Bispo D. Serafim.
E pude participar nas alegres e tradicionais festas e marchas de Santo António, a 13 de junho, e na procissão da manhã do dia 14, na Igreja de Nossa senhora de Fátima.
Ali é sempre Portugal!

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