agosto 16, 2010

A FRONTEIRA DA CULTURA...

1 - Em Espinho. Falo da cultura, no sentido de "pelouro da cultura" da Câmara.
Começa a ser cada vez mais difícil explicar aos munícipes, que me interpelam na rua, os limites da minha competência na vereação!
O "programa cultural" da Alameda 8, tal como as "beach parties" e os "happenings" nocturnos da piscina não são comigo. Sobre essas organizações, sei tanto quanto os próprios munícipes. Isto é: sei "ex post facto". Ainda hoje estive a ler, por curiosidade, num dos "plackards" da Alameda o elenco dos artistas ou conjuntos musicais que actuam diariamente nesse vasto e centralíssimo "espaço cultural". Só conheço dois. Na 1ª quinzena o panorama era ligeiramente melhor - conhecia 3 ou 4.
Não há nisto nada de extraordinário. Constato simplesmente a diferença geracional!
A escolha é, a 100%, dessa gente nova, que é o presente e o futuro da terra. O seu, a seu dono!

Eu só tenho a ver com as exposições do museu, com as iniciativas da biblioteca e do arquivo municipal, com festivais como o "Tu cá tu lá" ou as marionetes - com o concurso das "estátuas vivas, com as comemorações do centenário da República... Coisas desta natureza. Por sinal, todas pouco ruidosas, pelo que, ao contrário do que se passa na Alameda, ou nas noites da piscina ou da praia, não dão lugar a protestos de ninguém. Note-se: não sou contra a animação nocturna de uma cidade turística como é Espinho. Com conta, peso e medida. Conciliando interesses, nem sempre, reconheço, fáceis de conciliar. Se fosse minha a responsabilidade de os equacionar procuraria a fórmula, e o modo de a por em prática, em diálogo com a população. Mas não é. E não sendo, não posso responder aos espinhenses que me encontram na rua por processos cujas particularidades ignoro em absoluto.
Comigo, alías, não trabalham jovens assessores. Os meus colaboradores directos podem não ser exactamente da minha geração, mas é como se fossem. Temos afinidades, Estou em total sintonia com eles. Uma sorte, porque não foram nomeados por mim. Já estavam onde continuam. Que boa sorte! São funcionários com uma grande capacidade de trabalho, com talento e criatividade. Sentamo-nos à volta de uma mesa redonda (positiva e simbolicamente redonda), no meu gabinete do FACE, e preparamos em conjunto as formas de executar os nossos projectos.
É obra colectiva, que me tem dado muito prazer. Impressiona-me imenso o fazerem tanto com tão escassas verbas e tão pouco pessoal.
Não sou só eu que fico impressionada, dentro e fora do país... Um exemplo: em julho, em Brunoy, durante uma visita a equipamentos culturais, comparamos os nossos respectivos programas culturais e chegamos à conclusão de que eram surpreendentemente semelhantes. Eu lembrei-me de acrescentar que os festivais e o concurso de estátuas, mais o apoio dado ao Cinanima e ao Fest e a vários outros eventos, estavam a cargo de uma dirigente (a Drª Idalina Sousa) e de apenas três funcionários. A estupefacção no rosto do Director da Cultura daquela nossa cidade geminada foi digna de se ver!...

Outra questão de "fronteiras":
Quem manda nos "equipamentos da cultura", nos edifícios, no FACE (na decisão de abrir concursos para a abertura dos cafés e das lojas), na Biblioteca (na velha e na nova "casa", nas relações com os arquitectos, na abertura de concursos para o mobiliário, sem a qual as novas instalações continuarão de portas fechadas) também não é a vereadora da cultura.

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