agosto 07, 2010

A primeira revolução nacional

A 6 de Agosto, em Espinho, uma iniciativa do Centenário da República em cenário diferente do habitual - naquele espaço de passagem, do lado sul da grande tenda da "Feira do Livro", convertido em sala de eventos, ao ar livre. Um achado: para além de quem lá vai expressamente para participar, há os que transitam, param para ouvir e ficam, às dezenas.
Ficam, pela certa, quando o orador é o Miguel Urbano Rodrigues. Já aconteceu por duas vezes: primeiro na apresentação conjunta com a Ana Catarina de Almeida do livro "Metamorfose de Efigénia", a convite da Editora Calendário e, ontem, numa organização em parceria entre a Calendário e a Câmara de Espinho, para falar sobre as grandes revoluções populares, em Portugal: a de 1383-85 e a de 1640 - com incursão, numa perspectiva comparatista, por outras revoluções, como a francesa (é um "must"!) e, também, pela que todos conhecemos, a de 1974.
Concorde-se ou não com ele a cem por cento, é sempre um prazer ouvi-lo e aprender com o que tão brilhantemente, nos sabe ensinar!
Por ali andou, na sua palavra inspirada, bem vivo o Povo - "sujeito da História", na que foi, como salietou, a primeira de todas as revoluções nacionais da nossa era, no século XIV. E, depois, a de Seiscentos, a da reconquista da independência, que se prolongou por quase 3 décadas e se estendeu, contra espanhois, holandeses e outros "invasores", pelo universo das possessões quase perdidas do Reino de Portugal. Hora de lembrar o sentimento nacional luso -brasileiro (a prenunciar já a Nação futura), que derrotou os holandeses no nordeste, e de enaltecer a grande expedição de Pedro Teixeira, desconhecida de quase todos os portugueses - a que, de Belém aos Andes, subindo, o curso dos rios de todos os perigos, acrescentou ao Brasil a imensa Amazónia!

1 comentário:

Maria Manuela Aguiar disse...

No liceu, nunca me falaram do nome de Pedro Teixeira!
Coisa muito bizarra, porque o seu feito é um dos maiores da nossa história inteira - feito dele e de todos os que, às centenas, o acompanharam - na maioria índios. E para além de ser uma fantástica aventura humana e científica, teve enormes consequências para a dimensão territorial do Brasil.
Pedro Teixeira tem estátua em Belém do Pará, e os portugueses fazem dela ponto de paragem obrigatória para qualquer visitante. Foi a partir daí que comecei a informar-me sobre essa "bandeira" antiga.
1638 foi a data em se concluiu - antes da revolução e da separação das Coroas peninsulares, e, por isso Teixeira pode reclamar toda essa Amazónia, em nome de Filipe, Rei de Portugal. Apesar do protesto "espanhol" (para cumprir Tordesilhas...), o rei não interveio... Era a hora exacta!