novembro 22, 2010

Não é plausível...

Ainda a questão da responsabilidade dos políticos no estrito cumprimento das "burocracias" ou do "show" de segurança montado à sua volta (no caso de Sá Carneiro centrado, pelo visto, no insignificante e não no essencial, como era a guarda e inspecção de uma aeronave em que seguiriam duas das principais personalidades do Governo - e em que morreram):
A pags 564, escreve-se na enciclopédica biografia que, depois de uma das "desaparições" do Primeiro Ministro, o chefe da segurança pessoal "repreendeu-o por causa daquela irresponsabilidade".
Não é preciso ter conhecido muito de perto o Dr. Sá Carneiro para ter a certeza de que nenhum segurança se atreveria a "repreende-lo" ... Solicitar, recomendar, insistir, apelar, sim - "repreender", não! Não se coaduna com o relacionamento permitido por aquele primeiro ministro, com o respeito que ele inspirava.
Do mesmo modo é inconcebível uma "repreensão" ao Dr Mário Soares, que, como é do conhecimento público, no mesmo e em outros cargos, não infringia as regras de segurança menos do que Sá Carneiro - antes pelo contrário!

Há uma outra frase atribuída a Sá carneiro que é bem mais plausível:
"A vida para mim sem risco, não faz sentido" (embora eu ache mais provável que ele tenha dito: "a vida sem risco para mim não faz sentido").
Não fazia mesmo!

E, logo depois, o jovem jornalista emite a sua própria opinião, nesta espantosa síntese, que o classifica, ou desclassifica, definitivamente:

"Em situações de perigo Sá Carneiro era ousado (até aqui tudo bem!); no combate político, era frenético (FRENÉTICO? Não acredito que alguém com pretensões a biógrafo sério possa escrever tal enormidade!); mas, no dia-a-dia, era pacato"
(dupla pernonalidade ou quê?)
Tanto estudo, tanta entrevista, tanto papel, tanto facto bem documentado - e tão fraco entendimento da essencial coerência de ideias, de combate, de vida do biografado. E tão escassas referências ao seu pensamento plítico! É impressionante!
É a ressurreição da visão das coisas e dos gritos de guerra dos "inadiáveis" e quejandos, por interposta pessoa...
Neste aspecto, a biografia está para Sá Carneiro, como aquele "soap" intragável, subsidiado pela RTP, está para Amália Rodrigues. Em Portugal não se pode ser grande demais...

Será que, um dia, um verdadeiro historiador, um politólogo, se vai encarregar de fazer justiça a Sá Carneiro?

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