novembro 16, 2010

Uma questão protocolar

Não estive no encerramento do Cinanima, por "uma questão protocolar". O Presidente entendeu - e entendeu muito bem! - fazer-se representar pela assessora do seu gabinete, pelo que não fazia sentido a presença da vereadora da cultura.
Que, de outra forma, seria um "must".
É claro que não é possível a toda a vereação participar nos diversos eventos que animam a cidade, porque são, felizmente, muitos! E, por isso, há uma rotação de "representações" da Câmara ou do seu Presidente, que é incontornável. O Cinanima entrou nessa rotação.
Creio que foi esquecido um pormenor: o Cinanima é uma organização da Câmara, que aqui tem estatuto de "parceiro", não de mero apoiante ou "sponsor" (como acontece, por exemplo, com outro dos grandes eventos que anualmente coloca Espinho no "Agenda Cultural" do País: o Festival de Música da Academia...).
Ora à programação do meu pelouro, eu costumo assistir, sempre que isso não é de todo impossível. E a colaboração dada para a orgnização do Cinanima passou, em larga medida, pelos serviços que de mim dependem.
Compreendo, pois, os que criticaram a minha ausência. Aqui fica a explicação - e, de qualquer modo, o meu pedido de desculpa.
Para o ano, espero lá estar, seja em que veste for...
E parabéns a todos os que fizeram desta edição do CINANIMA mais um motivo de orgulho para Espinho.
Pude estar na abertura. Fascinante o filme exibido! Dentro de meses, quando entrar nos circuitos comerciais, hei-de rever "O mágico" - que me deu dos mais bonitos e comoventes momentos de cinema de toda a minha vida!

2 comentários:

Maria Manuela Aguiar disse...

Este episódio, que não deve ser sobrevalorizado, recordou-me um outro, bem mais complicado de resolver. Era eu Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas e ia a chegar a Guimarães, para presidir a uma cerimónia de geminação dessa velha cidade com Londrina, uma cidade nova do sul do Brasil. Era o dia oficial da Comunidade Luso-Brasileira, 22 de Abril (do ano de 1986, salvo erro).
Já prestes a entrar no castelo, junto à muralha, aborda-me o Governador Civil, um militante destacado do PSD, grande amigo do Engº Eurico de Melo. Queria informar-me que o Presidente Soares o tinha nomeado seu representante nessa sessão solene.
Fiquei estarrecida! Por muito importante que o senhor fosse e se achasse, nem por isso deixava de ser um funcionário, não eleito, antes nomeado pelo governo, justamente para representar o Governo no distrito. O Governo, ou seja, qualquer Ministro ou Secretário ou Sub-secretário de Estado. Representa-os na sua ausência, jamais na sua presença!
Aquele gesto do PR, a meu ver, só podia explicar-se por desconhecer o facto da comparência de um membro do Governo... A obrigação do Governador Civil era tê-lo alertado para o melindre da representação, porque ele, sim, sabia exactamente quem estaria ou não estaria, onde e quando, em Guimarães naquelas comemorações, que eram promovidas pela Secretaria de Estado, em parceria com a Câmara Municipal.
Ficou muito admirado, quando eu lhe respondi que não podia aceitar a situação, não por mim, mas por respeito pela natureza do relacionamento institucional entre o Governo e os seus funcionários. Ele era "meu" funcionário, ponto final! Debalde invocava a opinião de Eurico de Melo, Ministro da Defesa e um político pelo qual tenho a maior estima. Nunca procurei averiguar junto do Engº se o que ele então alegava era ou não exacto...
Achava a sua atitude absolutamente patética!!! E para não atrasar a cerimónia (como é sabido, fui ensinada, desde sempre, a ser pontual, como forma de respeito pelos outros - é uma questão de maneiras, e não só...), congeminei uma saída que não tinha ocorrido ao velho advogado que ele era.
"Vou fazê-lo meu representante" -disse-lhe secamente.
Lá dentro, perante a ampla audiência, as câmaras de televisão e os inúmeros microfones das rádios, tomei a palavra e anunciei que o Senhor Presidente da República e eu própria, em nome do Governo, entregava a representação naquele acto ao Governador Civil e que ficaria na sala, a título particular, pela amizade que dedicava aos emigrantes e aos brasileiros que ali estavam como convidados da "minha" Secretaria de Estado.
O homem estava lívido. Mas teve o que merecia. E assim se salvou a honra das instituições!
Eu sei que sou muito "institucionalista"...

Maria Manuela Aguiar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.