março 07, 2010

Na abertura do Centenário da República em Espinho

Na qualidade de vereadora da Cultura apenas umas breves palavras na sessão que decorreu a 5 de Março, no Centro Multimeios


As minhas saudações para a Senhora Doutora Maria Barroso, os Senhores Presidente da Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Espinho, autoridades, Espinhenses e amigos que vieram de fora para partilharem este dia connosco.
Um dia especial para recordar 1910 e uma revolução portadora de mutações, e de esperanças, de utopias, todas sonhadas, nem todas, naturalmente, cumpridas. Algumas restam para nós próprios levarmos por diante!
Queremos lembrar e reviver esse período singular da nossa história, e podemos hoje fazê-lo sem dividir os portugueses, com espírito cívico e perfeita tolerância, homenageando, por igual, mulheres e homens com visões diferentes, mas a mesma vontade de engrandecer Portugal.
Em Espinho, com estas a comemorações, ao longo do ano de 2010, pretendemos, envolver os cidadãos de todas as idades, de diferentes convicções e pensamento, assim como instituições, escolas, centros e grupos culturais e cívicos, pedindo-lhes activa participação e oferecendo a nossa disponibilidade de colaboração com as suas próprias iniciativas.
O nosso programa procurará, por um lado, trazer à memória costumes e vivências da época, reconstituindo o ambiente de salas de aula, de festas, tertúlias, saraus, comícios republicanos, ou organizando edições facsimiladas de jornais locais de Outubro de 1910, e várias exposições, a maior das quais, sobre "os Rostos da República" - onde os rostos femininos não serão esquecidos... - e, por outro lado, fazer o "balanço do século", com a intenção de perspectivar o futuro desse passado, em temáticas que mantêm um particular înteresse para a cidade e o país, como as migrações, o municipalismo, a educação, o laicismo, a literatura, o cinema - e a "questão feminina", evidentemente.
A instrução, a vivência da cidadania, a igualdade de direitos das mulheres estiveram entre as grandes causas republicanas e são actualmente uma daquelas que somos chamadas e chamados a continuar.
Não sei se algum outro município do país dedicará a sessão inaugural do Centenário às mulheres da primeira república. Nós escolhemos, de caso pensado, colocá-las, desde o início no centro das atenções - porque foram mulheres excepcionais, e o merecem, e porque tinham razão ao proclamar que a republica moderna e democrática não poderia construir-se sem elas.
Para dar hoje, aqui, voz a essas mulheres, ninguém melhor do que a Doutora Maria Barroso, ela própria uma protagonista da história que importa contar, uma grande senhora da cultura e da política portuguesas no século XX e XXI, que sempre se distinguiu pela sua coragem, lucidez e coerência, na luta pela liberdade.
Permitam-me que termine, com palavras de uma das feministas que melhor exprimiu o sentir das suas contemporâneas, Ana de Castro Osório:
"Se uma república nos expulsa das suas leis, não consideramos nossa a pátria onde não temos direitos, onde não temos voz para protestar".
Mas disse também: "A pátria amada pelas mulheres não morre nunca na História".
E nós temos, em 2010, mais razões de amar a pátria onde agora temos direitos e temos voz.

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