Uma síntese das palavras ditas na homenagem a Málice, na Casa do Alentejo, a 25 de Outubro de 2010:
Há 30 anos raras eram as portuguesas emigradas que tinham voz na sua comunidade. Maria Alice foi para mim, desde o dia em que a conheci, uma revelação do que pode ser a liderança no feminino - e no seu melhor!
Na verdade, muitos anos de convívio confirmaram o que antevi desde esse encontro inicial, na primeira "missão de serviço" que me levou à América do Norte: ali estava alguém que tinha infindas reservas de energia, de coragem, de dedicação à "res publica" e que delas fazia uso, apaixonadamente, intensamente, no quotidiano de uma das maiores e mais dinâmicas comunidades lusas à face da terra (como, com ela e com outros dos seus dirigentes, aprendi que é a de Toronto).
O que a movia? Julgo que era, claramente, o portuguesismo, o sentimento patriótico, sempre mais desperto no estrangeiro - na aventura da emigração - a par do inconformismo com as regras, as práticas e as tradições que desvalorizam o género feminino e lhe reservam um papel secundário. E, também, as causas que abraçava, com entusiasmo, tais como: a defesa dos direitos dos imigrantes, e das mulheres; a defesa da cultura portuguesa na imensa panóplia de culturas conviventes no Canadá; propósito de informar, com rigor, com verdade, sobre o passado e a actualidade de uma Pátria, distante mas presente; a vontade de dar corpo e alma a uma comunidade, que para sempre lhe deve parte da dimensão que alcançou - e que não para de crescer.
Málice, como os amigos lhe chamavam - e por isso a chamo eu assim - foi um pioneira da emigração portuguesa em Toronto. Fundou, com o marido, António Ribeiro, o primeiro jornal de Toronto, escrito - e muito bem! - na nossa língua. Tornou-o um semanário "de referência" no mundo português de além fronteiras, e um espaço de vivência de idéias e de grandes causas. Envolveu-se em inúmeras realizações importantes e campanhas de mobilização comunitária, porque vivia para a sua própria família, como para a família mais extensa, a do associativismo, o núcleo agregador dos emigrantes, que constroi verdadeiras comunidades. Foi Conselheira eleita do CCP, desde os anos 80 (quando o "Conselho" era, quase em exclusivo, masculino) e para o CCP trabalhou, eficiente e incansavelmente, até ao fim dos seus dias, vencendo a doença enquanto lhe foi possível. Um grande exemplo para os jovens, para as gerações que farão o futuro!
Maria Alice Ribeiro tem, para sempre, o seu lugar na história do jornalismo da diáspora, na história das comunidades portuguesas do nosso tempo.
E, connosco, os que tivemos o privilégio de ser seus amigos e admiradores, permanece viva na memória e na saudade.
Maria Manuela Aguiar
outubro 27, 2010
outubro 04, 2010
O 5 DE OUTUBRO DE 2010 EM ESPINHO
A Conferência da Senhora Dona Maria José Ritta foi o grande momento da comemoração desta data histórica em Espinho, e aquele que juntou um grande número de cidadãos interessados no diálogo para resolução de alguns dos principais problemas que se colocam à República de hoje.
Amanhã, precisamente no aniversário do século, não haverá outra sessão para este efeito, pois a celebração centra-se nos rituais do hastear da bandeira e ne execução do hino nacional pela Banda de Espinho (pelas 10.30, conforme solicitação do PR), na inauguração de uma grande exposição nas duas galerias do FACE às 12.00 (mas sem discursos nem conferência ou lições sobre o tema - que irão suceder-se mais tarde, ao longo de Outubro e Novembro, segundo esperamos) e no concerto da Academia de Música de Espinho, às 18.00.
De qualquer forma, já podemos dizer que o início foi prometedor.
Aqui fica a apreciação da Mestre Arcelina Santiago, que muito lhe agradeço, com um pequeno comentário meu, só para dizer que cabe o mérito do sucesso às convidadas, por um lado, e, por outro, à organização por parte dos serviços, aos artistas e à audiência.
Cara Amiga,
Sobre o serão de quinta-feira? Excelente! Excelente!
Parabéns! Planeou as iniciativas das comemorações do centenário da República, começando com uma homenagem às mulheres, através da conferência da Drª. Maria Barroso e continuou a homenageá-las, agora com um testemunho vivo de um rosto tão emblemático da nossa sociedade actual- a Drª Maria José Rita!
Gostaria depois, de fazer um comentário mais alongado sobre o momento que, felizmente, tive o privilégio de presenciar, mas deixo aqui apenas um breve apanhado.
Na verdade, foi cativante a simplicidade e genuinidade da ilustre palestrante que, na conferência, deu ênfase ao papel das mulheres na República e o muito que há ainda a fazer para que haja uma verdadeira equidade, provando que continua a ser a mulher atenta e próxima dos outros, característica que já nos tinha habituado enquanto primeira dama. O seu testemunho foi muito rico, desvendando aspectos da sua vida pessoal e social, reveladores de um humanismo marcante. Depois, à conversa com Margarida Pinto Correia completamos a imagem desta figura que para nós é uma referência. Enquanto primeira dama, desempenhou de forma extraordinária, um papel importante em defesa da causa pública, com autonomia, simplicidade, coerência e responsabilidade, segundo os princípios de proximidade com os outros. Como pessoa, dedicada à família e às grandes causas, como cidadã, atenta aos problemas da sociedade e ao serviço do voluntariado, prova-nos que é, seguramente, um dos rostos femininos que marcará a nossa história da República.
Os harmoniosos momentos de bailado e de musicalidade fizeram o enquadramento perfeito de uma serão feliz e inspirador...
Tal como referiu, inicialmente, amiga Manuela, que esta celebração dos cem anos da República, mais do recordar o passado, seja a projecção de um futuro promissor. Que ele seja inspirado nos valores patentes no testemunho de Maria José Rita. E que belo testemunho para homenagear as mulheres da República!!!
Abraço,
Arcelina Santiago
Amanhã, precisamente no aniversário do século, não haverá outra sessão para este efeito, pois a celebração centra-se nos rituais do hastear da bandeira e ne execução do hino nacional pela Banda de Espinho (pelas 10.30, conforme solicitação do PR), na inauguração de uma grande exposição nas duas galerias do FACE às 12.00 (mas sem discursos nem conferência ou lições sobre o tema - que irão suceder-se mais tarde, ao longo de Outubro e Novembro, segundo esperamos) e no concerto da Academia de Música de Espinho, às 18.00.
De qualquer forma, já podemos dizer que o início foi prometedor.
Aqui fica a apreciação da Mestre Arcelina Santiago, que muito lhe agradeço, com um pequeno comentário meu, só para dizer que cabe o mérito do sucesso às convidadas, por um lado, e, por outro, à organização por parte dos serviços, aos artistas e à audiência.
Cara Amiga,
Sobre o serão de quinta-feira? Excelente! Excelente!
Parabéns! Planeou as iniciativas das comemorações do centenário da República, começando com uma homenagem às mulheres, através da conferência da Drª. Maria Barroso e continuou a homenageá-las, agora com um testemunho vivo de um rosto tão emblemático da nossa sociedade actual- a Drª Maria José Rita!
Gostaria depois, de fazer um comentário mais alongado sobre o momento que, felizmente, tive o privilégio de presenciar, mas deixo aqui apenas um breve apanhado.
Na verdade, foi cativante a simplicidade e genuinidade da ilustre palestrante que, na conferência, deu ênfase ao papel das mulheres na República e o muito que há ainda a fazer para que haja uma verdadeira equidade, provando que continua a ser a mulher atenta e próxima dos outros, característica que já nos tinha habituado enquanto primeira dama. O seu testemunho foi muito rico, desvendando aspectos da sua vida pessoal e social, reveladores de um humanismo marcante. Depois, à conversa com Margarida Pinto Correia completamos a imagem desta figura que para nós é uma referência. Enquanto primeira dama, desempenhou de forma extraordinária, um papel importante em defesa da causa pública, com autonomia, simplicidade, coerência e responsabilidade, segundo os princípios de proximidade com os outros. Como pessoa, dedicada à família e às grandes causas, como cidadã, atenta aos problemas da sociedade e ao serviço do voluntariado, prova-nos que é, seguramente, um dos rostos femininos que marcará a nossa história da República.
Os harmoniosos momentos de bailado e de musicalidade fizeram o enquadramento perfeito de uma serão feliz e inspirador...
Tal como referiu, inicialmente, amiga Manuela, que esta celebração dos cem anos da República, mais do recordar o passado, seja a projecção de um futuro promissor. Que ele seja inspirado nos valores patentes no testemunho de Maria José Rita. E que belo testemunho para homenagear as mulheres da República!!!
Abraço,
Arcelina Santiago
outubro 01, 2010
MONSENHOR JOÃO ANTÃO
Mensagem
Monsenhor João Antão é uma das mais notáveis personalidades da nossa Diáspora, no nosso tempo, reconhecido, igualmente, pelas duas pátrias em que dividiu a sua vida – Portugal e os EUA.
A sua obra como pároco, como cristão que mobiliza pelo exemplo de vida, como português de alma e coração, como Homem de pensamento e de cultura e como Homem de acção, dá bem a medida da sua estatura moral e intelectual.
A Paróquia que refundou em Elizabeth, um dos sinais visíveis e simbólicos dessa dimensão humana, é, simplesmente, uma das mais belas e das mais grandiosas que a fé dos Portugueses ergueu nos cinco continentes do mundo. É, naturalmente, uma modelar organização colectiva, em que são muitos os que se envolvem no trabalho quotidiano, tão empenhado quanto eficaz, mas que, na sua origem e desenvolvimento, se fica a dever à visão e, também, à capacidade de mobilizar o ânimo e a cooperação de todos, que Monsenhor João Antão desde sempre demonstrou. Um projecto de missão e de vivência comunitária, que tem, hoje, seguidores à altura e caminha para o futuro numa senda de continuidade.
As bodas de ouro sacerdotais de Monsenhor Antão celebradas nessa Igreja, em que a memória de décadas de dedicação e de partilha do seu ideal cristão estará inteira, vão ser repassadas de momentos de emoção, que eu quereria, mas não poderei, compartilhar presencialmente.
Fica assim, em simples e breves palavras sentidas, a minha homenagem a um insigne Português, que, ao longo destes 50 anos, foi um exemplo incomparável de generosidade e de tolerância, de inteligência e de sabedoria, integramente postos ao serviço de Deus e dos seus semelhantes.
Alguém de quem muito ainda esperamos, como guia espiritual e como amigo.
Bem-haja!
Com o maior respeito, admiração e estima, as saudações da
Maria Manuela Aguiar
Monsenhor João Antão é uma das mais notáveis personalidades da nossa Diáspora, no nosso tempo, reconhecido, igualmente, pelas duas pátrias em que dividiu a sua vida – Portugal e os EUA.
A sua obra como pároco, como cristão que mobiliza pelo exemplo de vida, como português de alma e coração, como Homem de pensamento e de cultura e como Homem de acção, dá bem a medida da sua estatura moral e intelectual.
A Paróquia que refundou em Elizabeth, um dos sinais visíveis e simbólicos dessa dimensão humana, é, simplesmente, uma das mais belas e das mais grandiosas que a fé dos Portugueses ergueu nos cinco continentes do mundo. É, naturalmente, uma modelar organização colectiva, em que são muitos os que se envolvem no trabalho quotidiano, tão empenhado quanto eficaz, mas que, na sua origem e desenvolvimento, se fica a dever à visão e, também, à capacidade de mobilizar o ânimo e a cooperação de todos, que Monsenhor João Antão desde sempre demonstrou. Um projecto de missão e de vivência comunitária, que tem, hoje, seguidores à altura e caminha para o futuro numa senda de continuidade.
As bodas de ouro sacerdotais de Monsenhor Antão celebradas nessa Igreja, em que a memória de décadas de dedicação e de partilha do seu ideal cristão estará inteira, vão ser repassadas de momentos de emoção, que eu quereria, mas não poderei, compartilhar presencialmente.
Fica assim, em simples e breves palavras sentidas, a minha homenagem a um insigne Português, que, ao longo destes 50 anos, foi um exemplo incomparável de generosidade e de tolerância, de inteligência e de sabedoria, integramente postos ao serviço de Deus e dos seus semelhantes.
Alguém de quem muito ainda esperamos, como guia espiritual e como amigo.
Bem-haja!
Com o maior respeito, admiração e estima, as saudações da
Maria Manuela Aguiar
setembro 26, 2010
Espinho na pintura de Mestre António Joaquim
Duas telas magníficas, que retratam aspectos da vida de Espinho - a pesca, que está na origem da identidade de uma terra ligada ao mar, e a feira, que há mais de um século, anima o comércio, de que também se fez e faz o progresso de Espinho...
setembro 24, 2010
ROSTOS VIVOS DA REPÚBLICA - em Espinho
MARIA JOSÉ RITTA
Espinho recebe, na próxima quinta-feira, dia 30 de Setembro, pelas 21.00 horas, no Centro Multimeios, a visita de uma exemplar personalidade da República, que nos vem falar de si, da sua visão do mundo, das suas causas humanistas, da sua vida como” Primeira-dama”, durante uma década: MARIA JOSÉ RITTA à conversa com MARGARIDA PINTO CORREIA, e connosco, num ambiente informal, de tertúlia, onde não faltarão pequenos apontamentos de dança (pelo Núcleo de Dança Contemporânea – Move’ imento) e de música (2 pra Jazz).
Estão convidados a participar nesta iniciativa, integrada nas comemorações do Centenário da República em Espinho.
Espinho recebe, na próxima quinta-feira, dia 30 de Setembro, pelas 21.00 horas, no Centro Multimeios, a visita de uma exemplar personalidade da República, que nos vem falar de si, da sua visão do mundo, das suas causas humanistas, da sua vida como” Primeira-dama”, durante uma década: MARIA JOSÉ RITTA à conversa com MARGARIDA PINTO CORREIA, e connosco, num ambiente informal, de tertúlia, onde não faltarão pequenos apontamentos de dança (pelo Núcleo de Dança Contemporânea – Move’ imento) e de música (2 pra Jazz).
Estão convidados a participar nesta iniciativa, integrada nas comemorações do Centenário da República em Espinho.
setembro 11, 2010
Emoções no Dragão!
Foi um jogo de futebol esplêndido entre as duas melhores equipas portuguesas neste recomeço de campeonato: o FCP e o BRAGA.
Vitória do Porto, que ganhou também em todos os campos, contra os adversários directos. Vitória difícil!
Ainda bem que, por razões alheias à minha vontade - que era de escapar às emoções...-acabei por estar presente no estádio.
E ver os estonteantes dribles, a velocidade, a força e a alegria de jogar de Hulk, é, por si só, um espectáculo absolutamente imperdível.
O melhor entre os melhores. Hoje como de costume.
Um mito "avant la lettre". Igual a fenómenos como Deco ou Quaresma, para citar apenas exemplos ainda "no activo". "Todos diferentes, todos iguais", como no slogan do Conselho da Europa!
Vitória do Porto, que ganhou também em todos os campos, contra os adversários directos. Vitória difícil!
Ainda bem que, por razões alheias à minha vontade - que era de escapar às emoções...-acabei por estar presente no estádio.
E ver os estonteantes dribles, a velocidade, a força e a alegria de jogar de Hulk, é, por si só, um espectáculo absolutamente imperdível.
O melhor entre os melhores. Hoje como de costume.
Um mito "avant la lettre". Igual a fenómenos como Deco ou Quaresma, para citar apenas exemplos ainda "no activo". "Todos diferentes, todos iguais", como no slogan do Conselho da Europa!
setembro 09, 2010
ESCOLAS 2010...
"100 anos de Republica
O Governo Sócrates comemorou hoje os 100 anos da República Portuguesa, encerrando 701escolas na Surdina, e com grande aparato inaugurando 100 escolas. Resumindo: comemoramos hoje com menos 601 escolas, que o Salazar nos deixou."
(Casimiro Rodrigues - Portugal Club)
"Il y a du vrai", como se diz em francês...
Não sei se devemos recuar aos tempos do chamado "Estado Novo". Basta comparar com o ano passado...
Esta de se lembrarem de comemorarem a abertura de "100 escolas, precisamente 100", ao mesmo tempo que mandam encerrar "701 escolas, precisamente 701" é de pasmar...
Algo vai mal
na República de Portugal...
(rima...)
O Governo Sócrates comemorou hoje os 100 anos da República Portuguesa, encerrando 701escolas na Surdina, e com grande aparato inaugurando 100 escolas. Resumindo: comemoramos hoje com menos 601 escolas, que o Salazar nos deixou."
(Casimiro Rodrigues - Portugal Club)
"Il y a du vrai", como se diz em francês...
Não sei se devemos recuar aos tempos do chamado "Estado Novo". Basta comparar com o ano passado...
Esta de se lembrarem de comemorarem a abertura de "100 escolas, precisamente 100", ao mesmo tempo que mandam encerrar "701 escolas, precisamente 701" é de pasmar...
Algo vai mal
na República de Portugal...
(rima...)
Reformistas e Revolucionários
Uma primeira reacção, por escrito (orais foram imediatas e têm continuado!) àquele memorável debate (sobre o tema supra citado), com Pedro Roseta e Miguel Urbano Rodrigues.
Devo dizer que, com esta asserção da Arcelina, eu, por regra reformista e pacifista, estou de perfeito acordo: há rupturas só possíveis através de uma revolução e até da força das armas - lembremos as de 1383-85 ou a de 1640, ainda há pouco, em Espinho, tema de outra sábia conferência. Há revoluções ou rupturas libertadores, que estão na origem de reformas essenciais, como o 25 de Abril exemplifica bem...
A palavra a Mestre Arcelina:
"Cara amiga Manuela Aguiar,
"Parabéns por mais uma inicitiva plena de sucesso. Os convidados encantaram-nos! Assim, vale a pena passar um serão!
Afinal reformistas e revolucionários são precisos para animar!
Só na dialéctica constructiva, na reflexão ética e social se consegue a melhoria dos sistemas. A sociedade não pode ser analisada apenas na combinação de sistemas binários. Esta é uma visão muito redutora. Além disso, há em todos os sistemas aspectos negativos e positivos. O que interessa é a dinâmica em oposição à inércia. SE essas dinâmicas forem reformas boas, tendo em vista a felicidade de todos (não apenas de alguns) será óptimo, se não for assim, que venha a revolução. Assim aconteceu com Abril...
Até breve.
Abraço,
Arcelina Santiago"
Devo dizer que, com esta asserção da Arcelina, eu, por regra reformista e pacifista, estou de perfeito acordo: há rupturas só possíveis através de uma revolução e até da força das armas - lembremos as de 1383-85 ou a de 1640, ainda há pouco, em Espinho, tema de outra sábia conferência. Há revoluções ou rupturas libertadores, que estão na origem de reformas essenciais, como o 25 de Abril exemplifica bem...
A palavra a Mestre Arcelina:
"Cara amiga Manuela Aguiar,
"Parabéns por mais uma inicitiva plena de sucesso. Os convidados encantaram-nos! Assim, vale a pena passar um serão!
Afinal reformistas e revolucionários são precisos para animar!
Só na dialéctica constructiva, na reflexão ética e social se consegue a melhoria dos sistemas. A sociedade não pode ser analisada apenas na combinação de sistemas binários. Esta é uma visão muito redutora. Além disso, há em todos os sistemas aspectos negativos e positivos. O que interessa é a dinâmica em oposição à inércia. SE essas dinâmicas forem reformas boas, tendo em vista a felicidade de todos (não apenas de alguns) será óptimo, se não for assim, que venha a revolução. Assim aconteceu com Abril...
Até breve.
Abraço,
Arcelina Santiago"
setembro 03, 2010
Atacar demais é erro...
1 - Diz o Prof Oliveira, o treinador "prescindível" (Madaíl dixit, ao falar de uma selecção a funcionar em "piloto automático"!...), que não se lembra de um jogo em que Portugal tenha tido "uma produção ofensivamente falando" melhor do que a deste, ingloriamente terminado com um empate a 4-4 com o Chipre.
A memória é uma coisa muito subjectiva...
2 - Eu, por exemplo, não me lembro de um jogo de uma equipa Portuguesa a mostrar, "defensivamente falando" tanta vulnerabilidade, contra uma contraparte da categoria do Chipre. Jamais, na minha longa vida de espectadora de futebol... Jamais vu!
3 - Pois é, Professor Oliveira: atacar demais pode ser fatal. Foi!
4 - Como dizia um comentador da SIC, expressando à maravilha o que eu penso, tivemos duas metades de equipa separadas. Exacto! Sem meio campo, transformado em "terra de ninguém".
VOLTA DECO!
5 - Deco não volta, mas ainda bem que voltou Quaresma, de longe o melhor em campo.
A provar a inépcia e a mediocridade desta equipa técnica, pois só o convocou para substituir o lesionado CR.
Outro absurdo é a convocatória de um Meireles sem ritmo competitivo, ou de um Miguel, que há muito deixou de ser o que foi fugazmente... É o reino (ou a república) da estupidez absoluta.
Ainda por cima, as grandes estrelas do Sul de África, Eduardo e Coentrão empalideceram. Não se dão, como eu sempre suspeitei, no nosso hemisfério norte.
6 - Portugal sem o génio de Deco, está condenado à mediania.
Restam dois génios apenas, sem semelhante capacidade de influência: Quaresma e CR. Não chega...
E chega ainda menos com um treinador sem qualidade profissional e sem qualidade humana. Queiroz. Acho que foi a falta desta mais do que daquela que levou Deco e Paulo Ferreira - e não sei se também Simão... - a renunciarem à selecção. Deco no "timing" certo, antes mesmo da partida para a África do Sul.
7 - Não confundo Agostinho Oliveira com Queiroz.
Pelo contrário, considero que o Prof Oliveira tem "qualidade humana" e até me parece que tem também qualidade profissional.
No interregno entre a saída de António Oliveira e a nomeação de Scolari foi ele quem assegurou a rodagem da selecção, futura anfitriã do Euro 2004. Com resultados espectaculares. Eu lembro-me e estranho que nenhum comentador desportivo se lembre disso...
Portugal não está a funcionar em piloto automático, mas em "remote control". Esse é o problema!
O problema nado, criado e mantido por Gilberto Madaíl.
A memória é uma coisa muito subjectiva...
2 - Eu, por exemplo, não me lembro de um jogo de uma equipa Portuguesa a mostrar, "defensivamente falando" tanta vulnerabilidade, contra uma contraparte da categoria do Chipre. Jamais, na minha longa vida de espectadora de futebol... Jamais vu!
3 - Pois é, Professor Oliveira: atacar demais pode ser fatal. Foi!
4 - Como dizia um comentador da SIC, expressando à maravilha o que eu penso, tivemos duas metades de equipa separadas. Exacto! Sem meio campo, transformado em "terra de ninguém".
VOLTA DECO!
5 - Deco não volta, mas ainda bem que voltou Quaresma, de longe o melhor em campo.
A provar a inépcia e a mediocridade desta equipa técnica, pois só o convocou para substituir o lesionado CR.
Outro absurdo é a convocatória de um Meireles sem ritmo competitivo, ou de um Miguel, que há muito deixou de ser o que foi fugazmente... É o reino (ou a república) da estupidez absoluta.
Ainda por cima, as grandes estrelas do Sul de África, Eduardo e Coentrão empalideceram. Não se dão, como eu sempre suspeitei, no nosso hemisfério norte.
6 - Portugal sem o génio de Deco, está condenado à mediania.
Restam dois génios apenas, sem semelhante capacidade de influência: Quaresma e CR. Não chega...
E chega ainda menos com um treinador sem qualidade profissional e sem qualidade humana. Queiroz. Acho que foi a falta desta mais do que daquela que levou Deco e Paulo Ferreira - e não sei se também Simão... - a renunciarem à selecção. Deco no "timing" certo, antes mesmo da partida para a África do Sul.
7 - Não confundo Agostinho Oliveira com Queiroz.
Pelo contrário, considero que o Prof Oliveira tem "qualidade humana" e até me parece que tem também qualidade profissional.
No interregno entre a saída de António Oliveira e a nomeação de Scolari foi ele quem assegurou a rodagem da selecção, futura anfitriã do Euro 2004. Com resultados espectaculares. Eu lembro-me e estranho que nenhum comentador desportivo se lembre disso...
Portugal não está a funcionar em piloto automático, mas em "remote control". Esse é o problema!
O problema nado, criado e mantido por Gilberto Madaíl.
agosto 25, 2010
O CCP, como exemplo de "boas práticas"...
O Conselho das Comunidades e a Representação dos Emigrantes
Maria Manuela Aguiar*
Resumo
O Conselho das Comunidades Portuguesas de 1980 foi, historicamente, a primeira experiência de audição e diálogo institucional, entre o governo português, a sua emigração e a sua diáspora. Era um órgão consultivo do governo, constituído por representantes eleitos no mundo associativo, apelando à força e ao papel central que as associações têm na construção e preservação das comunidades de emigrantes. Sendo uma experiência inteiramente nova, teve de fazer o seu próprio caminho, conhecendo rupturas, hiatos de funcionamento e mudanças radicais de feição e natureza, nas décadas seguintes.
Palavras-chave emigração, Portugal, representação, comunidades portuguesas, conselho
Abstract
The Bureau of the Portuguese Communities of 1980 was, historically, the first experience of institutional listening and dialogue between the Portuguese government and its emigration and diaspora. This Bureau was a consultative body of the government, constituted by representatives elected by the emigrant associations, thus it was based on the appellative force and central role that associations have in the construction and preservation of the emigrant communities. As an entirely new experience, it had to walk its own way, facing ruptures and breaks in its functioning, as well as radical changes in its configuration, nature, during the following decades.
Key-words emigration, Portugal, representation, Portuguese communities, Bureau
Resumen
El Consejo de las Comunidades Portuguesas de 1980 fue, históricamente, la primera experiencia de audición y diálogo institucional entre el gobierno portugués, su emigración y diáspora. Era un órgano consultivo del gobierno, constituido por representantes elegidos del mundo asociativo, apelando a la fuerza y al papel central que las asociaciones tienen en la construcción y preservación de las comunidades emigrantes. Siendo una experiencia totalmente nueva, tuvo que hacer su propio camino, conociendo rupturas, hiatos de funcionamiento y cambios radicales de forma y naturaleza en las décadas siguientes.
Palabras claves emigración, Portugal, representación, comunidades portuguesas, consejo
* Jurista
Ex-Secretária de Estado da Emigração e Comunidades Portuguesas
O Conselho das Comunidades e a Representação dos Emigrantes
Maria Manuela Aguiar
1 - O CCP é um órgão consultivo do Governo, em matéria de emigração - e, mais do que isso, é também um órgão representativo dos portugueses do estrangeiro. Este carácter de representação - que , numa fase inicial, se centrava no movimento associativo e agora tem cariz mais amplo, embora porventura mais difuso... - valoriza substancialmente o significado da própria audição. Instituído pelo Decreto-lei nº 373/80 de 12 de Setembro em 1980, com início de actividade efectiva em Abril de 1981, é o segundo mais antigo da Europa, depois do francês, o "Conséil Supérieur des Français de l' Étranger", que escolhia os representantes da emigração ao Senado.
A todos os Conselhos que, na década de 80, nele se inspiraram me parece que subjazer o propósito de os transformar em sucedâneos de Câmaras ou Assembleias de Emigrantes. Em Portugal, a ideia de integrar o CCP numa segunda Câmara, se ela vier a existir, ou, pelo menos, de lhe dar expressa consagração no texto da Constituição (colocando a sua existência acima do livre arbítrio ou da boa vontade de Governos e de governantes...), é defendida por muitos Conselheiros, e chegou a ser objecto de dois colóquios parlamentares, promovidos pela Subcomissão das Comunidades Portuguesas, à qual presidi, nos anos 2003 e 2004.
O CCP tem um historial interessante, sobretudo no período em que vamos considerá-lo: o momento do seu nascimento, visto como acto de criação colectiva de uma instituição nova e original, num diálogo entre parceiros, o Governo e os porta-vozes do movimento associativo. Um percurso, aliás, acidentado por bloqueios e hiatos de funcionamento, afrontamentos com o Governo, ou entre os seus próprios membros, processos e recursos judiciais... Em boa verdade,, não deveremos sequer falar de um único "Conselho", mas de vários, ou de várias "vidas" de uma mesma instituição.
Entre 1981 e 1987, inclusive, o 1º CCP "fez-se, "e fez-se com as pessoas, ganhou, com elas, um lugar central no debate das políticas para as migrações, manteve um funcionamento activo e regular. A partir de 1988 foi desactivado, de facto, e, no início da década seguinte, descaracterizado,"de jure", por uma lei aprovada, por maioria, na Assembleia da República, cuja complexidade e dificuldade de implementação - intencional ou não - o deixou paralisado.
O CCP ressurgiu, em 1996. A proposta de lei do Governo teve, na Assembleia da República – coisa rara - tratamento exemplarmente expedito num pequeno "grupo de trabalho", formado pelos deputados da emigração e outros da Comissão de Negócios Estrangeiros, conscientes da realidade das migrações portuguesas, e da importância do Conselho, prioridade à qual alguns sacrificaram discordâncias de monta sobre o normativo. Seguiu-se um imediato agendamento do debate e votação, em plenário, e, em 1997, as eleições e a reunião mundial, 10 anos depois da anterior…
No actual sistema os conselheiros são eleitos por sufrágio directo e universal, pelos cidadãos inscritos nos consulados – uma fonte de legitimidade, aparentemente mais “democrática”, mas que rompe com a sua matriz associativa, a força e autonomia que daí lhe advinha, e exclui os luso descendentes, que já não tenham nacionalidade portuguesa. A tal óbice se responde em Itália com um sistema misto, como eu própria propus - numa fórmula diversa, prevendo dois colégios eleitorais, o de sufrágio universal, a par de outro, de natureza associativa.
2 – Voltemos à fase primordial do Conselho, que começou por ser uma promessa eleitoral, um parágrafo inscrito no programa da AD (Aliança Democrática), coligação, se apresentou a sufrágio venceu e formou governo, no início de 1980 . Secretária de Estado do pelouro, coube-me a tarefa de promover a sua execução. Nunca soube quem a tinha formulado…Sendo de autor desconhecido, não estávamos limitados por quaisquer directrizes. Não havia figurino estrangeiro à nossa medida - apenas o francês, que correspondia a um contexto migratório e a uma inserção no sistema político-constitucional diversa. Era, no pós 1974, a primeira tentativa de avançar para formas de participação democrática extensivas à emigração portuguesa: um "forum" de audição, uma instância de co-participação dos Portugueses do estrangeiro nas políticas que lhes eram dirigidas. Com a liberdade de procurar e experimentar o “modus faciendi”. Um verdadeiro "laboratório"! Aí, em conjunto, se procuravam as melhores fórmulas para enquadrar situações ou atingir metas, e, em simultâneo, se forjava um molde organizacional para um projecto de longa duração. Não havia ideias feitas, mas a fazer, não havia uma tradição a seguir, mas a criar, não havia uma lei acabada, mas um texto provisório, a repensar. Falo do decreto-lei aprovado, a 1 de Abril de 1980, em Conselho de Ministros. Fora preterida a via parlamentar, por ser, previsivelmente, mais morosa, mas o Presidente da República reteve o diploma durante cerca de 5 meses… De qualquer modo, nesta fase, mais do que discutir um perfil de “Conselho” com os representantes da “Nação” o que se pretendia era “consultar” os próprios emigrantes.
Assim, de entre as secções organizadas para a condução dos trabalhos reunião mundial, uma destinava-se, expressamente, à revisão do referido decreto-lei, e não por sugestão dos conselheiros, mas por iniciativa do Governo. Secção que perdurou e era a mais participada e também a mais polémica, num país com as divergências partidárias ainda muito à “flor da pele” “ , Apesar disso, souberam trabalhar em comum e conseguir convergências no fundamental, por exemplo, sobre:
- a sua própria orgânica - com a proposta de uma comissão permanente, prontamente implementada, como instância de coordenação e gestão;
- o acompanhamento das recomendações dirigidas aos mais diversos departamentos da administração pública, pela via de uma “comissão interministerial”. A "Comissão" veio a ser constituída em 1987, e tinha, como pretendiam, o encargo de preparar as respostas ao CCP, sector por sector, reunindo, obrigatoriamente, para esse fim, antes da reunião mundial deste Órgão
. a reformulação pontual da lei do CCP para permitir a sua “regionalização” com a convocatória periódica de reuniões restritas dos representantes de cada uma das grandes regiões do mundo - Europa, África e Oceânia, América do Norte, América do Sul - o patamar que entendiam faltar, entre o conselho mundial e os "conselhos de país” - cuja composição, repartição geográfica, regulamento e planos de acção e actividades as estruturas locais decidiam autonomamente.
-a elaboração de um ambicioso anteprojecto de reformulação global do CCP, que o Governo, adoptou, como seu, apresentando-o, como Proposta de Lei, à Assembleia da República, em 1986.
Aí se previa já a eleição por sufrágio universal, a par da eleição por um colégio interassociativo semelhante ao existente.
Porquê este ênfase no movimento associativo? A meu ver, porque se reconhecia, o seu papel central na organização e desenvolvimento das comunidades, na sua capacidade de preservar a língua, a cultura, os modos de estar e tradições nacionais, aliás, sem prejuízo de promover, como se reconhece, a integração dos seus membros na sociedade de acolhimento. Tudo feito e mantido, sem apoios dos sucessivos governos de Portugal: 100% sociedade civil. Razão de sobra para que o Governo, numa relação de parceria, se guarde de qualquer tentação de interferência, respeitando, sempre, os projectos próprios dessas entidades, e das comunidades como um todo.
Foi esta a filosofia que presidiu ao diálogo e cooperação, "entre iguais", no interior do CCP.
O associativismo português no mundo, quando comparado com o de outros povos migrantes da Europa só fica a perder pelo facto de não ter procurado formas de unificação em federações ou alianças de nível internacional. Historicamente, a única tentativa de agregar numa "União" representantes da Diáspora aconteceu nos anos 60 e foi uma iniciativa que partiu da Sociedade de Geografia, presidida pelo Prof. Adriano Moreira, não da Diáspora.
O legislador do CCP deixava claro, logo no preâmbulo do Decreto-Lei nº 373/80, que não pretendendo impor orientações ao movimento associativo no sentido da sua "internacionalização", lhe oferecia uma "plataforma de encontro" de âmbito mundial, para conhecimento mútuo e trabalho em comum. Objectivo conseguido, sem dúvida, enquanto o Conselho teve natureza associativa.
Muitas das recomendações substantivas deste órgão consultivo (e amplamente consultado, nomeadamente em matéria de ensino, medidas de protecção social, reestruturação de serviço no estrangeiro, apoio ao regresso e reinserção ou intercâmbio de jovens, como mostra uma publicação dos serviços da emigração sobre o estado das recomendações do CCP entre 1981 e 1985.
Os primeiros Encontros Mundiais de Jornalistas (1981) e de "Mulheres Migrantes no Associativismo e no Jornalismo" ficam, também, a dever-se, inteiramente, a recomendações do CCP.
Outra prática precursora que merece referência: a apresentação, para conhecimento e debate, do orçamento da Secretaria de Estado destinada a acções junto das comunidades, e as modalidades de colaboração oferecidas no "Programa Cultural", que era decalcado nas recorrentes solicitações do mundo associativo.
Não vou comparar, aqui e agora, os dois Conselhos, o de novecentos e o do século XXI, mas esse é um exercício que vivamente recomendo.
Do primeiro direi, a finalizar, que foi, simplesmente o que quis ser, a aventura de "inventar" e sedimentar uma instituição bem portuguesa e original, na qual os membros eleitos imprimiram as marcas do seu pensamento e das aspirações colectivas, num dado tempo - um retrato seu, um retrato de época.
Maria Manuela Aguiar*
Resumo
O Conselho das Comunidades Portuguesas de 1980 foi, historicamente, a primeira experiência de audição e diálogo institucional, entre o governo português, a sua emigração e a sua diáspora. Era um órgão consultivo do governo, constituído por representantes eleitos no mundo associativo, apelando à força e ao papel central que as associações têm na construção e preservação das comunidades de emigrantes. Sendo uma experiência inteiramente nova, teve de fazer o seu próprio caminho, conhecendo rupturas, hiatos de funcionamento e mudanças radicais de feição e natureza, nas décadas seguintes.
Palavras-chave emigração, Portugal, representação, comunidades portuguesas, conselho
Abstract
The Bureau of the Portuguese Communities of 1980 was, historically, the first experience of institutional listening and dialogue between the Portuguese government and its emigration and diaspora. This Bureau was a consultative body of the government, constituted by representatives elected by the emigrant associations, thus it was based on the appellative force and central role that associations have in the construction and preservation of the emigrant communities. As an entirely new experience, it had to walk its own way, facing ruptures and breaks in its functioning, as well as radical changes in its configuration, nature, during the following decades.
Key-words emigration, Portugal, representation, Portuguese communities, Bureau
Resumen
El Consejo de las Comunidades Portuguesas de 1980 fue, históricamente, la primera experiencia de audición y diálogo institucional entre el gobierno portugués, su emigración y diáspora. Era un órgano consultivo del gobierno, constituido por representantes elegidos del mundo asociativo, apelando a la fuerza y al papel central que las asociaciones tienen en la construcción y preservación de las comunidades emigrantes. Siendo una experiencia totalmente nueva, tuvo que hacer su propio camino, conociendo rupturas, hiatos de funcionamiento y cambios radicales de forma y naturaleza en las décadas siguientes.
Palabras claves emigración, Portugal, representación, comunidades portuguesas, consejo
* Jurista
Ex-Secretária de Estado da Emigração e Comunidades Portuguesas
O Conselho das Comunidades e a Representação dos Emigrantes
Maria Manuela Aguiar
1 - O CCP é um órgão consultivo do Governo, em matéria de emigração - e, mais do que isso, é também um órgão representativo dos portugueses do estrangeiro. Este carácter de representação - que , numa fase inicial, se centrava no movimento associativo e agora tem cariz mais amplo, embora porventura mais difuso... - valoriza substancialmente o significado da própria audição. Instituído pelo Decreto-lei nº 373/80 de 12 de Setembro em 1980, com início de actividade efectiva em Abril de 1981, é o segundo mais antigo da Europa, depois do francês, o "Conséil Supérieur des Français de l' Étranger", que escolhia os representantes da emigração ao Senado.
A todos os Conselhos que, na década de 80, nele se inspiraram me parece que subjazer o propósito de os transformar em sucedâneos de Câmaras ou Assembleias de Emigrantes. Em Portugal, a ideia de integrar o CCP numa segunda Câmara, se ela vier a existir, ou, pelo menos, de lhe dar expressa consagração no texto da Constituição (colocando a sua existência acima do livre arbítrio ou da boa vontade de Governos e de governantes...), é defendida por muitos Conselheiros, e chegou a ser objecto de dois colóquios parlamentares, promovidos pela Subcomissão das Comunidades Portuguesas, à qual presidi, nos anos 2003 e 2004.
O CCP tem um historial interessante, sobretudo no período em que vamos considerá-lo: o momento do seu nascimento, visto como acto de criação colectiva de uma instituição nova e original, num diálogo entre parceiros, o Governo e os porta-vozes do movimento associativo. Um percurso, aliás, acidentado por bloqueios e hiatos de funcionamento, afrontamentos com o Governo, ou entre os seus próprios membros, processos e recursos judiciais... Em boa verdade,, não deveremos sequer falar de um único "Conselho", mas de vários, ou de várias "vidas" de uma mesma instituição.
Entre 1981 e 1987, inclusive, o 1º CCP "fez-se, "e fez-se com as pessoas, ganhou, com elas, um lugar central no debate das políticas para as migrações, manteve um funcionamento activo e regular. A partir de 1988 foi desactivado, de facto, e, no início da década seguinte, descaracterizado,"de jure", por uma lei aprovada, por maioria, na Assembleia da República, cuja complexidade e dificuldade de implementação - intencional ou não - o deixou paralisado.
O CCP ressurgiu, em 1996. A proposta de lei do Governo teve, na Assembleia da República – coisa rara - tratamento exemplarmente expedito num pequeno "grupo de trabalho", formado pelos deputados da emigração e outros da Comissão de Negócios Estrangeiros, conscientes da realidade das migrações portuguesas, e da importância do Conselho, prioridade à qual alguns sacrificaram discordâncias de monta sobre o normativo. Seguiu-se um imediato agendamento do debate e votação, em plenário, e, em 1997, as eleições e a reunião mundial, 10 anos depois da anterior…
No actual sistema os conselheiros são eleitos por sufrágio directo e universal, pelos cidadãos inscritos nos consulados – uma fonte de legitimidade, aparentemente mais “democrática”, mas que rompe com a sua matriz associativa, a força e autonomia que daí lhe advinha, e exclui os luso descendentes, que já não tenham nacionalidade portuguesa. A tal óbice se responde em Itália com um sistema misto, como eu própria propus - numa fórmula diversa, prevendo dois colégios eleitorais, o de sufrágio universal, a par de outro, de natureza associativa.
2 – Voltemos à fase primordial do Conselho, que começou por ser uma promessa eleitoral, um parágrafo inscrito no programa da AD (Aliança Democrática), coligação, se apresentou a sufrágio venceu e formou governo, no início de 1980 . Secretária de Estado do pelouro, coube-me a tarefa de promover a sua execução. Nunca soube quem a tinha formulado…Sendo de autor desconhecido, não estávamos limitados por quaisquer directrizes. Não havia figurino estrangeiro à nossa medida - apenas o francês, que correspondia a um contexto migratório e a uma inserção no sistema político-constitucional diversa. Era, no pós 1974, a primeira tentativa de avançar para formas de participação democrática extensivas à emigração portuguesa: um "forum" de audição, uma instância de co-participação dos Portugueses do estrangeiro nas políticas que lhes eram dirigidas. Com a liberdade de procurar e experimentar o “modus faciendi”. Um verdadeiro "laboratório"! Aí, em conjunto, se procuravam as melhores fórmulas para enquadrar situações ou atingir metas, e, em simultâneo, se forjava um molde organizacional para um projecto de longa duração. Não havia ideias feitas, mas a fazer, não havia uma tradição a seguir, mas a criar, não havia uma lei acabada, mas um texto provisório, a repensar. Falo do decreto-lei aprovado, a 1 de Abril de 1980, em Conselho de Ministros. Fora preterida a via parlamentar, por ser, previsivelmente, mais morosa, mas o Presidente da República reteve o diploma durante cerca de 5 meses… De qualquer modo, nesta fase, mais do que discutir um perfil de “Conselho” com os representantes da “Nação” o que se pretendia era “consultar” os próprios emigrantes.
Assim, de entre as secções organizadas para a condução dos trabalhos reunião mundial, uma destinava-se, expressamente, à revisão do referido decreto-lei, e não por sugestão dos conselheiros, mas por iniciativa do Governo. Secção que perdurou e era a mais participada e também a mais polémica, num país com as divergências partidárias ainda muito à “flor da pele” “ , Apesar disso, souberam trabalhar em comum e conseguir convergências no fundamental, por exemplo, sobre:
- a sua própria orgânica - com a proposta de uma comissão permanente, prontamente implementada, como instância de coordenação e gestão;
- o acompanhamento das recomendações dirigidas aos mais diversos departamentos da administração pública, pela via de uma “comissão interministerial”. A "Comissão" veio a ser constituída em 1987, e tinha, como pretendiam, o encargo de preparar as respostas ao CCP, sector por sector, reunindo, obrigatoriamente, para esse fim, antes da reunião mundial deste Órgão
. a reformulação pontual da lei do CCP para permitir a sua “regionalização” com a convocatória periódica de reuniões restritas dos representantes de cada uma das grandes regiões do mundo - Europa, África e Oceânia, América do Norte, América do Sul - o patamar que entendiam faltar, entre o conselho mundial e os "conselhos de país” - cuja composição, repartição geográfica, regulamento e planos de acção e actividades as estruturas locais decidiam autonomamente.
-a elaboração de um ambicioso anteprojecto de reformulação global do CCP, que o Governo, adoptou, como seu, apresentando-o, como Proposta de Lei, à Assembleia da República, em 1986.
Aí se previa já a eleição por sufrágio universal, a par da eleição por um colégio interassociativo semelhante ao existente.
Porquê este ênfase no movimento associativo? A meu ver, porque se reconhecia, o seu papel central na organização e desenvolvimento das comunidades, na sua capacidade de preservar a língua, a cultura, os modos de estar e tradições nacionais, aliás, sem prejuízo de promover, como se reconhece, a integração dos seus membros na sociedade de acolhimento. Tudo feito e mantido, sem apoios dos sucessivos governos de Portugal: 100% sociedade civil. Razão de sobra para que o Governo, numa relação de parceria, se guarde de qualquer tentação de interferência, respeitando, sempre, os projectos próprios dessas entidades, e das comunidades como um todo.
Foi esta a filosofia que presidiu ao diálogo e cooperação, "entre iguais", no interior do CCP.
O associativismo português no mundo, quando comparado com o de outros povos migrantes da Europa só fica a perder pelo facto de não ter procurado formas de unificação em federações ou alianças de nível internacional. Historicamente, a única tentativa de agregar numa "União" representantes da Diáspora aconteceu nos anos 60 e foi uma iniciativa que partiu da Sociedade de Geografia, presidida pelo Prof. Adriano Moreira, não da Diáspora.
O legislador do CCP deixava claro, logo no preâmbulo do Decreto-Lei nº 373/80, que não pretendendo impor orientações ao movimento associativo no sentido da sua "internacionalização", lhe oferecia uma "plataforma de encontro" de âmbito mundial, para conhecimento mútuo e trabalho em comum. Objectivo conseguido, sem dúvida, enquanto o Conselho teve natureza associativa.
Muitas das recomendações substantivas deste órgão consultivo (e amplamente consultado, nomeadamente em matéria de ensino, medidas de protecção social, reestruturação de serviço no estrangeiro, apoio ao regresso e reinserção ou intercâmbio de jovens, como mostra uma publicação dos serviços da emigração sobre o estado das recomendações do CCP entre 1981 e 1985.
Os primeiros Encontros Mundiais de Jornalistas (1981) e de "Mulheres Migrantes no Associativismo e no Jornalismo" ficam, também, a dever-se, inteiramente, a recomendações do CCP.
Outra prática precursora que merece referência: a apresentação, para conhecimento e debate, do orçamento da Secretaria de Estado destinada a acções junto das comunidades, e as modalidades de colaboração oferecidas no "Programa Cultural", que era decalcado nas recorrentes solicitações do mundo associativo.
Não vou comparar, aqui e agora, os dois Conselhos, o de novecentos e o do século XXI, mas esse é um exercício que vivamente recomendo.
Do primeiro direi, a finalizar, que foi, simplesmente o que quis ser, a aventura de "inventar" e sedimentar uma instituição bem portuguesa e original, na qual os membros eleitos imprimiram as marcas do seu pensamento e das aspirações colectivas, num dado tempo - um retrato seu, um retrato de época.
Sobre o CCP,(1ª versão)..
Quando a Doutora Beatriz Padilha me convidou a participar numa edição especial sobre migrações, com um apontamento sobre boas práticas, acabei por me decidir pelo CCP, sua criação e desenvolvimento, num diálogo continuado entre Estado e ONG's.
Foi, nesta perspectiva uma instituição única e paradigmática - enquanto durou o diálogo, ainda que este não fosse necessariamente pacífico...
Houve várias versões, devido à necessidade de encurtar o texto.
Esta é, suponho, não a primeira, mas das primeiras
1 - O CCP é um órgão consultivo do Governo, em matéria de emigração e, mais do que isso, é também um órgão representativo dos portugueses do estrangeiro.
Este carácter de representação, que, numa fase inicial, se centrava no movimento associativo e agora tem cariz mais amplo, embora porventura mais difuso, como adiante veremos, valoriza substancialmente o significado da própria audição.
Instituído por decreto-lei em 1980, com início de actividade efectiva no 1º semestre de 1981, é o segundo mais antigo da Europa, depois do francês, o "Conséil Supérieur des Français de l' Étranger", surgido após a Grande Guerra - e que tem a particularidade de escolher os representantes da emigração ao Senado, ou seja, os "Senadores da Emigração".
É de realçar esta atribuição, porque embora nenhuma dos organismos que, em vários países da Europa, a partir da década de 80, nele encontraram uma fonte de inspiração, vá tão longe, a todos eles me parece que subjaz o propósito de os transformar em sucedâneos de Câmaras ou Assembleias de Emigrantes. Em qualquer caso, sem dúvida, mecanismos específicos para a sua representação. Em França, uma alteração recente do antigo "Conséil" dá-lhe precisamente a designação de "Assemblée".
Em Portugal, a ideia de integrar o CCP numa segunda Câmara, no contexto de um futuro Senado, ou, pelo menos, de o "constitucionalizar", de per si, isto é, de lhe dar expressa consagração no texto da Constituição (colocando a sua existência acima do livre arbítrio ou da boa vontade de Governos e de governantes), foi, e é, um projecto caro aos Conselheiros, e chegou a ser objecto de dois colóquios parlamentares, promovidos pela Sub-comissão das Comunidades Portuguesas, à qual presidi, nos anos 2003 e 2004, o último dos quais com a participação dos eminentes juristas e constitucionalistas Barbosa de Melo, Adriano Moreira e Bacelar de Gouveia.
O mais antigo "Conselho" desta natureza é o suíço, que, porém, se distingue de todos os demais por ser um puro organismo associativo privado, embora conte com fortes apoios governamentais em determinadas áreas estratégicas de actuação, caso do ensino das línguas do país ou da informação para os emigrantes. Uma fórmula de sucesso, uma parceria pragmática, baseada no interesse e no respeito mútuo, mas muito suíça, difícil de copiar ou emular ao nível outros povos migrantes e de outros Executivos...
Foi, pois, o modelo francês - instância de audição governamental, primeiramente eleita por um colégio associativo, e, a partir de 1984, por sufrágio directo e universal, que serviu de paradigma ao "Conselho" português e, mais tarde, ao italiano e ao espanhol e a outros.
O CCP tem um historial interessante, do ponto de vista em que vamos analisá-lo, que é o das vicissitudes do seu nascimento, do moldar de uma instituição nova e original, num diálogo entre parceiros, o Governo e os porta-vozes do movimento associativo.
Não quer isto dizer que tenha tido vida fácil e um percurso ascensional, porque não teve - bem pelo contrário. Tem conhecido inúmeros bloqueios e longos hiatos de funcionamento efectivo, afrontamentos com o Governo ou entre os seus próprios membros, processos e recursos judiciais, anulação de actos eleitorais para os órgãos de cúpula... Em boa verdade, talvez não devamos, sequer, falar de um único "Conselho", mas de vários, ou de várias "vidas" de uma mesma instituição.
Ao longo de quase três décadas, só o nome original se mantém, ainda hoje, e, de uma perspectiva jurídica, a "continuidade na descontinuidade" de soluções, traduzida na norma que revoga, globalmente, toda a legislação anterior...
Entre 1981 e 1987, inclusive, o 1º CCP manteve um funcionamento regular, salvo a não convocatória da sua reunião mundial, em 1982, por um novo e efémero Secretário de Estado, a pretexto de uma modificação legislativa, que não chegaria a concretizar-se (atravessávamos um período de instabilidade política com governos de curta duração...).
A partir de 1988 e até 1995, ao longo de dois governos de maioria, de legislatura completa, o CCP entra no seu mais prolongado "eclipse" - uma "não existência". Desactivado, de facto, desde aquele ano de 88, é descaracterizado num diploma aprovado pela Assembleia da República, no início da década de 90, prevendo a eleição ou nomeação de membros numa multiplicidade de colégios eleitorais, de natureza associativa ou corporativa que o paralisaram, por completo. Não há nada mais eficaz para conduzir à inércia, do que um esquema impraticável, em razão da extrema complexidade...
O CCP ressurgiu, na sua terceira vida em 1996, através de um diploma, apresentado pelo Governo, que a Assembleia da República, por uma vez, desmentindo a habitual lentidão dos seus processos, recebeu e tratou, de forma exemplarmente pronta, primeiro num pequeno "grupo de trabalho", formado pelos deputados da emigração e outros deputados da Comissão de Negócios Estrangeiros, todos muito empenhados e conhecedores das realidades da emigração portuguesa, e depois em plenário através de um agendamento célere. O acordo que permitiu este resultado não se estendia, em boa verdade, a muitas das soluções encontradas - que foram, fundamentalmente, as que constavam da proposta de lei, pouco se tendo acolhido de projectos tão diversos, entre si, como os que haviam sido apresentados nos projectos de lei do PSD e do PCP. Acordo, pois, quanto à urgente necessidade de relançar um órgão de fundamental importância "democrática", que permanecia, há cerca de 10 anos, em estado de dormência profunda. Todos se mostraram, assim, dispostos a sacrificar o que era, face a este imperativo, de considerar acessório. Bom senso e boas práticas, na Assembleia da República...
Uma das mutações qualitativas do novo sistema era a eleição dos conselheiros através do sufrágio directo e universal, por todos os cidadãos inscritos nos consulados, o que tem a evidente vantagem de lhe conferir uma legitimidade alargada, mas, por outro lado, duas consequências de monta, ambas, a meu ver, negativas: o "desenraizamento" do CCP da sua matriz associativa, e a exclusão de todos os luso descendentes, que, embora estejam, dedicadamente, entre os construtores e líderes desse mundo associativo, já não tenham nacionalidade portuguesa.
A tal óbice souberam responder os italianos com um sistema misto, semelhante ao delineado no projecto de lei do PSD, que subscrevi, e previa dois colégios eleitorais: um, consagrando o sufrágio universal, para os recenseados nos cadernos eleitorais dos círculos de emigração; outro composto pelos representantes das associações voluntariamente inscritas para participar.
2 -Após traçar, desta forma abreviada, a linha de evolução do Conselho até à actualidade, retorno ao período primordial, à sua génese - à fase mais esquecida, mas, na perspectiva em que me vou situar, a mais profícua.
O Conselho começou por ser uma promessa eleitoral, um parágrafo inscrita no programa da AD (Aliança Democrática), uma coligação de dois partidos, que agregou um movimento de independentes, e se apresentou a sufrágio em 1979, vencendo e formado governo.
Havia que dar cumprimento à promessa. Secretária de Estado do pelouro, coube-me a tarefa de promover a sua execução. Nunca soube quem a tinha formulado, e ainda hoje nem sequer sei a qual dos partidos se deve...
A proposta constituía uma primeira e a mais atractiva das tarefas.
Sendo o autor desconhecido, não estávamos limitados pela sua intencionalidade subjectiva. o órgão não tinha qualquer tradição entre nós, não havia figurino estrangeiro a escolher entre muitos, para além do francês, que correspondia a um contexto migratório e a uma inserção no sistema político-constitucional radicalmente diversos.
Era, numa democracia ainda tão recente, mas já tão rica de experimentações e de experiências de intervenção política e social, a primeira tentativa de avançar para formas de participação democrática extensivas à emigração portuguesa: um forum de audição, uma instância de co-participação dos Portugueses do estrangeiro nas políticas que lhes eram dirigidas.
Uso a palavra "experimentação" de caso pensado, pois o CCP foi, desde o seu início, foi visto como um verdadeiro "laboratório", onde, em conjunto, se procuravam as melhores fórmulas para enquadrar situações ou atingir metas, para a aprendizagem de métodos, para "moldar" a própria instituição.
Não havia ideias feitas, mas a fazer, não havia uma tradição a seguir, mas a criar, não havia uma lei acabada, mas um projecto com rosto de lei, a reconstruir, naturalmente, por um caminho próprio que, como diz o Poeta, se abriria, " ao caminhar".
Falo do decreto-lei do Governo, que, em 1980, ao fim de pouco mais de dois meses, tinha instituído o CCP, e que o PR manteria na gaveta durante cinco meses, só o promulgando em Setembro desse ano, na véspera de eleições(os chamados "vetos de bolso", conflitos de época, agora já mal lembrados).
A opção fora tomada, antes do mais, para apressar o processo. Uma lei da AR dar-lhe-ia maior dignidade formal, maior impacte mediático e mais oportunidade de discussão pública, mas correndo o risco de delongas. Além disso, mais do que discuti-la com os políticos do país - quase sempre alheados das questões da emigração nacional - queríamos analisá-la e modificá-la, livremente, de acordo com a visão e o sentir dos próprios emigrantes.
Eis algumas singularidade: uma lei do governo que, "ab initio", o próprio governo aceita questionar; um organismo que se destina a iniciar um estreito relacionamento entre o Estado e a Comunidades do estrangeiro, que o Estado pretende ver moldado, também, pela vontade dos seus destinatários e não só pela sua.
Assim, de entre as secções constituídas para uma primeira reunião mundial, em Abril de 1981, uma destina-se, expressamente, à revisão do referido decreto-lei, e não por sugestão dos conselheiros, mas por iniciativa d Governo. Poderemos acrescentar que essa secção foi sempre a mais participada e a mais polémica, tendo, apesar disso, permitido alguns consensos e uma reformulação do diploma, em 1984, a consagrar, para além das reuniões mundiais, reuniões por grandes regiões do mundo (Europa, África e Oceânia, América do Norte, América do Sul), isto é, a "regionalização" do CCP.
Num primeiro momento, o movimento associativo criava os "conselhos de país", com os seus próprios regulamentos, determinando a composição, as competências. os programas de acção e, numa segunda fase, elegia os membros a que cada país tinha direito no conselho mundial.
Porquê este ênfase no associativismo? Não era apenas porque não havia, então, em direito comparado, outros modelos a considerar, mas porque se reconhecia, em Portugal, como na Suíça ou na França, que as comunidades se organizam e desenvolvem pelo associativismo, ao qual devem a própria existência, enquanto verdadeiras comunidades orgânicas, capazes de manterem viva a língua, a cultura, os modos de estar de assegurar a preservação da sua identidade. Aliás, sem prejuízo de promover a integração dos seus membros na sociedade de acolhimento. Parceiros ideais e insubstituíveis do governo de ambos os países - o de origem e o de destino.
No caso português, organizações que, efectivamente, ao longo de séculos, se substituíram ao papel e aos deveres de Governos sem políticas culturais ou sociais de apoio à emigração e às comunidades que esta foi gerando. De facto, até tempos recentes, o Governo não ía além do acompanhamento das viagens de saída, na emigração legal, de uma protecção consular limitada a aspectos burocráticos e, em situações dramáticas, a repatriamentos.
A propensão associativa dos portugueses no estrangeiro é extraordinária, tal como a dimensão da sua obra. E tudo conseguido sem contributos do Estado, a ponto de podermos afirmar, sem margem para dúvida, que nem uma só dessas grandes obras existiria se tivesse dependido do Estado. As comunidades são 100% sociedade civil - razão de sobra para que o Estado, numa relação de cooperação, se guarde de qualquer tentação de interferência, respeitando os projectos próprios dessas entidades e das comunidades como um todo. Foi esta a filosofia que presidiu ao diálogo e cooperação, "entre iguais", encetados no CCP.
Olhando o associativismo português no mundo, comparando-o com o de outros povos migrantes da Europa - italianos, polacos, franceses, alemães, suíços, belgas... - não ficamos a perder para nenhum, salvo num aspecto: o da "internacionalização" ou federalização do movimento, fora das fronteiras de um determinado país, e, muitas vezes, até fora do perímetro de uma cidade ou região. Porquê? Não tenho uma boa explicação para o fenómeno, por demais evidente em 1980, e que perdura, apesar do aumento do número e importância de organismos federativos, uniões ou alianças de clubes e centros comunitários, em alguns países.
A única tentativa de instituir uma "União" de âmbito mundial aconteceu nos anos 60 e foi um projecto accionado a partir de Lisboa, pela Sociedade de Geografia, então presidida pelo Prof. Adriano Moreira.
O legislador do CCP, deixava claro que não pretendendo impor directrizes ao movimento associativo, lhe oferecia este organismo como "plataforma de encontro" - que até então faltava, aos líderes associativos do inteiro "mundo português" para conhecimento mútuo, troca de experiências, e concertação formas de trabalho conjunto. Entre si e com o Estado, também.
Uma prova mais da prevalência da vontade dos membros eleitos (havia, como mais tarde aconteceria nos conselhos espanhol ou italiano, ainda, membros "por inerência" - o Secretário de Estado, que presidia, representantes das Regiões Autónomas e do Parlamento. e membros nomeados por sindicatos e entidades patronais e peritos nomeados pelo governo, que tinham direito a intervir, mas não votavam as recomendações) foi o "desvio" das prioridades do CCP. Idealizado, essencialmente, para a defesa de valores culturais, nas comunidades antigas, veio a orientar-se para questões sociais mais características de núcleos de migrações recentes. O mesmo se diga de uma certa "politização" do Conselho, mais notória na Europa do que nos outros continentes, que, não sendo estranhável, até por não haver outra instância, onde pudessem marcar posições, acabou por dividir os próprios conselheiros (a minoria "europeia" e todos os outros, ideologicamente mais próximos dos governantes) e por construir uma imagem mediática, globalmente injusta, deste órgão, como um fórum "contestatário" e turbulento. Imagem, a meu ver, determinante, para a sua extinção, de facto, a partir de 1988.
O CCP associativo não voltaria a ressurgir, perdendo-se com ele. a vertente de colaboração institucional entre o Governo e as "Comunidades Portuguesas" (as comunidades em sentido sociológico) e, igualmente, a força e autonomia do Conselho, na medida em que essa força e autonomia lhe vinha de ONG´s que e não dependem dele, nem dos meios dados à instituição. Um Conselho eleito pelos cidadãos espalhados pelo universo é, obviamente, mais vulnerável a um simples corte do seu orçamento de funcionamento - como, ao longo de anos recentes, se tem visto, de vez em quando. E, tendo embora funções consultivas, pode ser muito pouco consultado, como também se tem visto.
Pelo contrário, o primeiro CCP, quando o Governo Português, quis silencia-lo antes de o extinguir, manteve-se, em plena actividade, onde quer que estivesse a desempenhar o papel federador, que a lei lhe conferia, por exemplo, em contextos tão diversos como os da França, do Brasil, da Argentina...
Da sua existência histórica, enquanto órgão consultivo, ficam muitas lições que deixou sobre as formas possíveis de viver uma ideia, ou uma lei - e a vivência, pela vontade das pessoas é o mais importante, porque é com elas que se ganha, se transforma, ou se perde um projecto.
A igualdade de tratamento entre os portugueses residentes no país e no estrangeiro passa por direitos políticos, culturais e sociais, reconhecidos a nível individual, mas passa, também, pela igualdade de tratamento das organizações em que prosseguem os seus fins colectivos - sobretudo os de entreajuda e solidariedade e os de preservação das suas tradições e da sua língua.
Ao CCP, a SECP apresentava, anualmente, muito antes que isso se tivesse tornado prática, o seu programa de actividades, o "programa cultural", decalcado ou inspirado nos programas das associações e suas propostas de apoio e colaboração, assim como o orçamento de suporte dessas acções. Por outro lado, o secretário do CCP, que era um alto funcionário do MNE, apresentava um relatório sobre as anteriores recomendações do Conselho, com a justificação das razões de atrasos ou impossibilidade de cumprimento. Em 1987, foi criada uma Comissão Interministerial, que tinha, entre as suas competências a de preparar a reunião anual do CCP, com resposta de cada departamento às recomendações recebidas ou das consultas a formular. E em preparação estava, para consulta, a criação, na órbita do CCP, de várias Conferências especializadas (Ensino, Assuntos Económicos, Juventude, Participação Cívica das Mulheres)...
Esquemas que, com a queda desse governo, minoritário, e a sua substituição por outro, do mesmo Primeiro -Ministro, com uma confortável maioria, se perderiam todos, inesperadamente, como o próprio CCP.
Foi, nesta perspectiva uma instituição única e paradigmática - enquanto durou o diálogo, ainda que este não fosse necessariamente pacífico...
Houve várias versões, devido à necessidade de encurtar o texto.
Esta é, suponho, não a primeira, mas das primeiras
1 - O CCP é um órgão consultivo do Governo, em matéria de emigração e, mais do que isso, é também um órgão representativo dos portugueses do estrangeiro.
Este carácter de representação, que, numa fase inicial, se centrava no movimento associativo e agora tem cariz mais amplo, embora porventura mais difuso, como adiante veremos, valoriza substancialmente o significado da própria audição.
Instituído por decreto-lei em 1980, com início de actividade efectiva no 1º semestre de 1981, é o segundo mais antigo da Europa, depois do francês, o "Conséil Supérieur des Français de l' Étranger", surgido após a Grande Guerra - e que tem a particularidade de escolher os representantes da emigração ao Senado, ou seja, os "Senadores da Emigração".
É de realçar esta atribuição, porque embora nenhuma dos organismos que, em vários países da Europa, a partir da década de 80, nele encontraram uma fonte de inspiração, vá tão longe, a todos eles me parece que subjaz o propósito de os transformar em sucedâneos de Câmaras ou Assembleias de Emigrantes. Em qualquer caso, sem dúvida, mecanismos específicos para a sua representação. Em França, uma alteração recente do antigo "Conséil" dá-lhe precisamente a designação de "Assemblée".
Em Portugal, a ideia de integrar o CCP numa segunda Câmara, no contexto de um futuro Senado, ou, pelo menos, de o "constitucionalizar", de per si, isto é, de lhe dar expressa consagração no texto da Constituição (colocando a sua existência acima do livre arbítrio ou da boa vontade de Governos e de governantes), foi, e é, um projecto caro aos Conselheiros, e chegou a ser objecto de dois colóquios parlamentares, promovidos pela Sub-comissão das Comunidades Portuguesas, à qual presidi, nos anos 2003 e 2004, o último dos quais com a participação dos eminentes juristas e constitucionalistas Barbosa de Melo, Adriano Moreira e Bacelar de Gouveia.
O mais antigo "Conselho" desta natureza é o suíço, que, porém, se distingue de todos os demais por ser um puro organismo associativo privado, embora conte com fortes apoios governamentais em determinadas áreas estratégicas de actuação, caso do ensino das línguas do país ou da informação para os emigrantes. Uma fórmula de sucesso, uma parceria pragmática, baseada no interesse e no respeito mútuo, mas muito suíça, difícil de copiar ou emular ao nível outros povos migrantes e de outros Executivos...
Foi, pois, o modelo francês - instância de audição governamental, primeiramente eleita por um colégio associativo, e, a partir de 1984, por sufrágio directo e universal, que serviu de paradigma ao "Conselho" português e, mais tarde, ao italiano e ao espanhol e a outros.
O CCP tem um historial interessante, do ponto de vista em que vamos analisá-lo, que é o das vicissitudes do seu nascimento, do moldar de uma instituição nova e original, num diálogo entre parceiros, o Governo e os porta-vozes do movimento associativo.
Não quer isto dizer que tenha tido vida fácil e um percurso ascensional, porque não teve - bem pelo contrário. Tem conhecido inúmeros bloqueios e longos hiatos de funcionamento efectivo, afrontamentos com o Governo ou entre os seus próprios membros, processos e recursos judiciais, anulação de actos eleitorais para os órgãos de cúpula... Em boa verdade, talvez não devamos, sequer, falar de um único "Conselho", mas de vários, ou de várias "vidas" de uma mesma instituição.
Ao longo de quase três décadas, só o nome original se mantém, ainda hoje, e, de uma perspectiva jurídica, a "continuidade na descontinuidade" de soluções, traduzida na norma que revoga, globalmente, toda a legislação anterior...
Entre 1981 e 1987, inclusive, o 1º CCP manteve um funcionamento regular, salvo a não convocatória da sua reunião mundial, em 1982, por um novo e efémero Secretário de Estado, a pretexto de uma modificação legislativa, que não chegaria a concretizar-se (atravessávamos um período de instabilidade política com governos de curta duração...).
A partir de 1988 e até 1995, ao longo de dois governos de maioria, de legislatura completa, o CCP entra no seu mais prolongado "eclipse" - uma "não existência". Desactivado, de facto, desde aquele ano de 88, é descaracterizado num diploma aprovado pela Assembleia da República, no início da década de 90, prevendo a eleição ou nomeação de membros numa multiplicidade de colégios eleitorais, de natureza associativa ou corporativa que o paralisaram, por completo. Não há nada mais eficaz para conduzir à inércia, do que um esquema impraticável, em razão da extrema complexidade...
O CCP ressurgiu, na sua terceira vida em 1996, através de um diploma, apresentado pelo Governo, que a Assembleia da República, por uma vez, desmentindo a habitual lentidão dos seus processos, recebeu e tratou, de forma exemplarmente pronta, primeiro num pequeno "grupo de trabalho", formado pelos deputados da emigração e outros deputados da Comissão de Negócios Estrangeiros, todos muito empenhados e conhecedores das realidades da emigração portuguesa, e depois em plenário através de um agendamento célere. O acordo que permitiu este resultado não se estendia, em boa verdade, a muitas das soluções encontradas - que foram, fundamentalmente, as que constavam da proposta de lei, pouco se tendo acolhido de projectos tão diversos, entre si, como os que haviam sido apresentados nos projectos de lei do PSD e do PCP. Acordo, pois, quanto à urgente necessidade de relançar um órgão de fundamental importância "democrática", que permanecia, há cerca de 10 anos, em estado de dormência profunda. Todos se mostraram, assim, dispostos a sacrificar o que era, face a este imperativo, de considerar acessório. Bom senso e boas práticas, na Assembleia da República...
Uma das mutações qualitativas do novo sistema era a eleição dos conselheiros através do sufrágio directo e universal, por todos os cidadãos inscritos nos consulados, o que tem a evidente vantagem de lhe conferir uma legitimidade alargada, mas, por outro lado, duas consequências de monta, ambas, a meu ver, negativas: o "desenraizamento" do CCP da sua matriz associativa, e a exclusão de todos os luso descendentes, que, embora estejam, dedicadamente, entre os construtores e líderes desse mundo associativo, já não tenham nacionalidade portuguesa.
A tal óbice souberam responder os italianos com um sistema misto, semelhante ao delineado no projecto de lei do PSD, que subscrevi, e previa dois colégios eleitorais: um, consagrando o sufrágio universal, para os recenseados nos cadernos eleitorais dos círculos de emigração; outro composto pelos representantes das associações voluntariamente inscritas para participar.
2 -Após traçar, desta forma abreviada, a linha de evolução do Conselho até à actualidade, retorno ao período primordial, à sua génese - à fase mais esquecida, mas, na perspectiva em que me vou situar, a mais profícua.
O Conselho começou por ser uma promessa eleitoral, um parágrafo inscrita no programa da AD (Aliança Democrática), uma coligação de dois partidos, que agregou um movimento de independentes, e se apresentou a sufrágio em 1979, vencendo e formado governo.
Havia que dar cumprimento à promessa. Secretária de Estado do pelouro, coube-me a tarefa de promover a sua execução. Nunca soube quem a tinha formulado, e ainda hoje nem sequer sei a qual dos partidos se deve...
A proposta constituía uma primeira e a mais atractiva das tarefas.
Sendo o autor desconhecido, não estávamos limitados pela sua intencionalidade subjectiva. o órgão não tinha qualquer tradição entre nós, não havia figurino estrangeiro a escolher entre muitos, para além do francês, que correspondia a um contexto migratório e a uma inserção no sistema político-constitucional radicalmente diversos.
Era, numa democracia ainda tão recente, mas já tão rica de experimentações e de experiências de intervenção política e social, a primeira tentativa de avançar para formas de participação democrática extensivas à emigração portuguesa: um forum de audição, uma instância de co-participação dos Portugueses do estrangeiro nas políticas que lhes eram dirigidas.
Uso a palavra "experimentação" de caso pensado, pois o CCP foi, desde o seu início, foi visto como um verdadeiro "laboratório", onde, em conjunto, se procuravam as melhores fórmulas para enquadrar situações ou atingir metas, para a aprendizagem de métodos, para "moldar" a própria instituição.
Não havia ideias feitas, mas a fazer, não havia uma tradição a seguir, mas a criar, não havia uma lei acabada, mas um projecto com rosto de lei, a reconstruir, naturalmente, por um caminho próprio que, como diz o Poeta, se abriria, " ao caminhar".
Falo do decreto-lei do Governo, que, em 1980, ao fim de pouco mais de dois meses, tinha instituído o CCP, e que o PR manteria na gaveta durante cinco meses, só o promulgando em Setembro desse ano, na véspera de eleições(os chamados "vetos de bolso", conflitos de época, agora já mal lembrados).
A opção fora tomada, antes do mais, para apressar o processo. Uma lei da AR dar-lhe-ia maior dignidade formal, maior impacte mediático e mais oportunidade de discussão pública, mas correndo o risco de delongas. Além disso, mais do que discuti-la com os políticos do país - quase sempre alheados das questões da emigração nacional - queríamos analisá-la e modificá-la, livremente, de acordo com a visão e o sentir dos próprios emigrantes.
Eis algumas singularidade: uma lei do governo que, "ab initio", o próprio governo aceita questionar; um organismo que se destina a iniciar um estreito relacionamento entre o Estado e a Comunidades do estrangeiro, que o Estado pretende ver moldado, também, pela vontade dos seus destinatários e não só pela sua.
Assim, de entre as secções constituídas para uma primeira reunião mundial, em Abril de 1981, uma destina-se, expressamente, à revisão do referido decreto-lei, e não por sugestão dos conselheiros, mas por iniciativa d Governo. Poderemos acrescentar que essa secção foi sempre a mais participada e a mais polémica, tendo, apesar disso, permitido alguns consensos e uma reformulação do diploma, em 1984, a consagrar, para além das reuniões mundiais, reuniões por grandes regiões do mundo (Europa, África e Oceânia, América do Norte, América do Sul), isto é, a "regionalização" do CCP.
Num primeiro momento, o movimento associativo criava os "conselhos de país", com os seus próprios regulamentos, determinando a composição, as competências. os programas de acção e, numa segunda fase, elegia os membros a que cada país tinha direito no conselho mundial.
Porquê este ênfase no associativismo? Não era apenas porque não havia, então, em direito comparado, outros modelos a considerar, mas porque se reconhecia, em Portugal, como na Suíça ou na França, que as comunidades se organizam e desenvolvem pelo associativismo, ao qual devem a própria existência, enquanto verdadeiras comunidades orgânicas, capazes de manterem viva a língua, a cultura, os modos de estar de assegurar a preservação da sua identidade. Aliás, sem prejuízo de promover a integração dos seus membros na sociedade de acolhimento. Parceiros ideais e insubstituíveis do governo de ambos os países - o de origem e o de destino.
No caso português, organizações que, efectivamente, ao longo de séculos, se substituíram ao papel e aos deveres de Governos sem políticas culturais ou sociais de apoio à emigração e às comunidades que esta foi gerando. De facto, até tempos recentes, o Governo não ía além do acompanhamento das viagens de saída, na emigração legal, de uma protecção consular limitada a aspectos burocráticos e, em situações dramáticas, a repatriamentos.
A propensão associativa dos portugueses no estrangeiro é extraordinária, tal como a dimensão da sua obra. E tudo conseguido sem contributos do Estado, a ponto de podermos afirmar, sem margem para dúvida, que nem uma só dessas grandes obras existiria se tivesse dependido do Estado. As comunidades são 100% sociedade civil - razão de sobra para que o Estado, numa relação de cooperação, se guarde de qualquer tentação de interferência, respeitando os projectos próprios dessas entidades e das comunidades como um todo. Foi esta a filosofia que presidiu ao diálogo e cooperação, "entre iguais", encetados no CCP.
Olhando o associativismo português no mundo, comparando-o com o de outros povos migrantes da Europa - italianos, polacos, franceses, alemães, suíços, belgas... - não ficamos a perder para nenhum, salvo num aspecto: o da "internacionalização" ou federalização do movimento, fora das fronteiras de um determinado país, e, muitas vezes, até fora do perímetro de uma cidade ou região. Porquê? Não tenho uma boa explicação para o fenómeno, por demais evidente em 1980, e que perdura, apesar do aumento do número e importância de organismos federativos, uniões ou alianças de clubes e centros comunitários, em alguns países.
A única tentativa de instituir uma "União" de âmbito mundial aconteceu nos anos 60 e foi um projecto accionado a partir de Lisboa, pela Sociedade de Geografia, então presidida pelo Prof. Adriano Moreira.
O legislador do CCP, deixava claro que não pretendendo impor directrizes ao movimento associativo, lhe oferecia este organismo como "plataforma de encontro" - que até então faltava, aos líderes associativos do inteiro "mundo português" para conhecimento mútuo, troca de experiências, e concertação formas de trabalho conjunto. Entre si e com o Estado, também.
Uma prova mais da prevalência da vontade dos membros eleitos (havia, como mais tarde aconteceria nos conselhos espanhol ou italiano, ainda, membros "por inerência" - o Secretário de Estado, que presidia, representantes das Regiões Autónomas e do Parlamento. e membros nomeados por sindicatos e entidades patronais e peritos nomeados pelo governo, que tinham direito a intervir, mas não votavam as recomendações) foi o "desvio" das prioridades do CCP. Idealizado, essencialmente, para a defesa de valores culturais, nas comunidades antigas, veio a orientar-se para questões sociais mais características de núcleos de migrações recentes. O mesmo se diga de uma certa "politização" do Conselho, mais notória na Europa do que nos outros continentes, que, não sendo estranhável, até por não haver outra instância, onde pudessem marcar posições, acabou por dividir os próprios conselheiros (a minoria "europeia" e todos os outros, ideologicamente mais próximos dos governantes) e por construir uma imagem mediática, globalmente injusta, deste órgão, como um fórum "contestatário" e turbulento. Imagem, a meu ver, determinante, para a sua extinção, de facto, a partir de 1988.
O CCP associativo não voltaria a ressurgir, perdendo-se com ele. a vertente de colaboração institucional entre o Governo e as "Comunidades Portuguesas" (as comunidades em sentido sociológico) e, igualmente, a força e autonomia do Conselho, na medida em que essa força e autonomia lhe vinha de ONG´s que e não dependem dele, nem dos meios dados à instituição. Um Conselho eleito pelos cidadãos espalhados pelo universo é, obviamente, mais vulnerável a um simples corte do seu orçamento de funcionamento - como, ao longo de anos recentes, se tem visto, de vez em quando. E, tendo embora funções consultivas, pode ser muito pouco consultado, como também se tem visto.
Pelo contrário, o primeiro CCP, quando o Governo Português, quis silencia-lo antes de o extinguir, manteve-se, em plena actividade, onde quer que estivesse a desempenhar o papel federador, que a lei lhe conferia, por exemplo, em contextos tão diversos como os da França, do Brasil, da Argentina...
Da sua existência histórica, enquanto órgão consultivo, ficam muitas lições que deixou sobre as formas possíveis de viver uma ideia, ou uma lei - e a vivência, pela vontade das pessoas é o mais importante, porque é com elas que se ganha, se transforma, ou se perde um projecto.
A igualdade de tratamento entre os portugueses residentes no país e no estrangeiro passa por direitos políticos, culturais e sociais, reconhecidos a nível individual, mas passa, também, pela igualdade de tratamento das organizações em que prosseguem os seus fins colectivos - sobretudo os de entreajuda e solidariedade e os de preservação das suas tradições e da sua língua.
Ao CCP, a SECP apresentava, anualmente, muito antes que isso se tivesse tornado prática, o seu programa de actividades, o "programa cultural", decalcado ou inspirado nos programas das associações e suas propostas de apoio e colaboração, assim como o orçamento de suporte dessas acções. Por outro lado, o secretário do CCP, que era um alto funcionário do MNE, apresentava um relatório sobre as anteriores recomendações do Conselho, com a justificação das razões de atrasos ou impossibilidade de cumprimento. Em 1987, foi criada uma Comissão Interministerial, que tinha, entre as suas competências a de preparar a reunião anual do CCP, com resposta de cada departamento às recomendações recebidas ou das consultas a formular. E em preparação estava, para consulta, a criação, na órbita do CCP, de várias Conferências especializadas (Ensino, Assuntos Económicos, Juventude, Participação Cívica das Mulheres)...
Esquemas que, com a queda desse governo, minoritário, e a sua substituição por outro, do mesmo Primeiro -Ministro, com uma confortável maioria, se perderiam todos, inesperadamente, como o próprio CCP.
agosto 23, 2010
"SANTOS DA CASA NÃO FAZEM MILAGRES" - O PARADIGMA TÉCTRICO
Nuno André Coelho é o exemplo da verdade do ditado, numa história que tem começo feliz e probabilidade de continuar em rota de vitória. Para ele e para o clube de origem, que possivelmente vai ter num argentino, que vem a caminho, um reforço decisivo.
Um exemplo contrário é o de Moreira no SLB.
Por isso, apetece falar de "paradigma téctrico", que o é tanto para o guarda-redes ( o que eu lamento, porque sempre tive simpatia pela sua imagem simpática e discreta e admiração pela sua qualidade como guarda-redes!) como para o clube, a contas com uma contratação cara e desastrada(o que, naturalmente, não lamento mesmo nada...). Roberto, o tal guarda-redes que vinha das Espanhas para fazer a diferença, para "dar pontos" - e, quando os dá, é ao adversário.
Um metro e noventa e cinco de altura ao custo de oito milhões e meio de euros: foi feita a vontade de Jesus!
Um exemplo contrário é o de Moreira no SLB.
Por isso, apetece falar de "paradigma téctrico", que o é tanto para o guarda-redes ( o que eu lamento, porque sempre tive simpatia pela sua imagem simpática e discreta e admiração pela sua qualidade como guarda-redes!) como para o clube, a contas com uma contratação cara e desastrada(o que, naturalmente, não lamento mesmo nada...). Roberto, o tal guarda-redes que vinha das Espanhas para fazer a diferença, para "dar pontos" - e, quando os dá, é ao adversário.
Um metro e noventa e cinco de altura ao custo de oito milhões e meio de euros: foi feita a vontade de Jesus!
NUNO ANDRÉ COELHO
Já brilha em Alvalade!
Para "O Jogo" de hoje, ele foi o melhor em campo (nota 7). Mais: já se assume como o "patrão" da defesa, o homem que arrasta a equipa inteira para a frente. Coisa bem difícil de encontrar, bem mais difícil do que contratar, no mercado, simplesmente um jogador de classe internacional.
Está, assim, a cumprir-se a minha profecia...
Feita, aqui mesmo, no blogue, a 4 de julho passado. Previa eu que a troca de Moutinho por Nuno A Coelho tão boa seria para o FCP como para o SCP.
Não teria necessitado o presidente sportinguista de falar em "maçãs podres" para animar as hostes, se tivesse, como eu tinha, já então, a certeza de que o seu clube acabava de garantir um central "à Porto", herdeiro de uma longa tradição de qualidade... Um "craque" à altura de Moutinho, embora com menos notoriedade.
A vida é mesmo assim. "Santos da casa não fazem milagres" - Nuno André Coelho não conseguiu lugar no FCP, face a Bruno, Rolando ou Maicon. Todos bons, é certo. Mas ele também é!
Para "O Jogo" de hoje, ele foi o melhor em campo (nota 7). Mais: já se assume como o "patrão" da defesa, o homem que arrasta a equipa inteira para a frente. Coisa bem difícil de encontrar, bem mais difícil do que contratar, no mercado, simplesmente um jogador de classe internacional.
Está, assim, a cumprir-se a minha profecia...
Feita, aqui mesmo, no blogue, a 4 de julho passado. Previa eu que a troca de Moutinho por Nuno A Coelho tão boa seria para o FCP como para o SCP.
Não teria necessitado o presidente sportinguista de falar em "maçãs podres" para animar as hostes, se tivesse, como eu tinha, já então, a certeza de que o seu clube acabava de garantir um central "à Porto", herdeiro de uma longa tradição de qualidade... Um "craque" à altura de Moutinho, embora com menos notoriedade.
A vida é mesmo assim. "Santos da casa não fazem milagres" - Nuno André Coelho não conseguiu lugar no FCP, face a Bruno, Rolando ou Maicon. Todos bons, é certo. Mas ele também é!
agosto 19, 2010
EXPOSIÇÃO DE MESTRE ANTÓNIO JOAQUIM NO FACE
(4 de Setembro a 2 de Outubro)
Esta exposição nasceu de um encontro ocasional numa outra mostra de pintura, da conversa que tive com Mestre António Joaquim, de um convite que, logo, espontânea e informalmente, lhe dirigi, em nome da Câmara Municipal, para aqui apresentar obra sua.
A inauguração do amplo espaço das duas galerias geminadas do Museu Municipal, a funcionar como um todo, estava ainda em projecto e exigia a colecção de um grande Artista, para marcar os anais do museu e da vida cultural nesta cidade. Avaliando as dificuldades da sua execução, não o achava, todavia, possível a breve prazo. Só o foi, graças à resposta pronta e calorosa do pintor António Joaquim, que tem a nossa terra, vizinha da sua, no coração. Não há palavras que bastem para lhe exprimir a nossa gratidão. Por todas as que ficam por dizer, mas não por sentir, um simples “Bem-haja”!
Temos, assim, a certeza de participar num acontecimento que irá “fazer história”, mas, antes, é hora de “fazer presente”: de olhar estas paredes longas, transfiguradas num deslumbrante mural de obras-primas, de guardar imagens, sensações, a vivência de momentos singulares, para sempre, na memória.
São dezenas de telas, reunidas numa sequência que lhes concede um destino próprio, neste espaço e neste tempo particulares, onde parecem existir só para nós.
Através delas acompanhamos o percurso de uma carreira fulgurante e multifacetada, exemplo de concretização do talento em acto, em mensagens de luz, de cor e de emoção - no desenho, na aguarela, no óleo, no acrílico, no pastel. Retratos, figuras, as famosas portas, paisagens… O Porto, envolto em bruma… O Castelo da Feira na lonjura, imperecível, por sobre as efémeras mas sublimes claridades do Outono … Espinho, o mar e a sua gente, perpetuados em linguagem pictural, na faina que Unamuno eternizou na escrita…
Na cadência de uma “viagem de descoberta” em que vemos e revemos, todas e cada uma das telas, nos sentimos destinatários e como que, de algum modo, participantes no esplêndido trabalho da sua criação, experimentando sensações novas ,reinventado sentidos para a beleza pura das imagens ou a sua significação.
(para o catálogo)
Esta exposição nasceu de um encontro ocasional numa outra mostra de pintura, da conversa que tive com Mestre António Joaquim, de um convite que, logo, espontânea e informalmente, lhe dirigi, em nome da Câmara Municipal, para aqui apresentar obra sua.
A inauguração do amplo espaço das duas galerias geminadas do Museu Municipal, a funcionar como um todo, estava ainda em projecto e exigia a colecção de um grande Artista, para marcar os anais do museu e da vida cultural nesta cidade. Avaliando as dificuldades da sua execução, não o achava, todavia, possível a breve prazo. Só o foi, graças à resposta pronta e calorosa do pintor António Joaquim, que tem a nossa terra, vizinha da sua, no coração. Não há palavras que bastem para lhe exprimir a nossa gratidão. Por todas as que ficam por dizer, mas não por sentir, um simples “Bem-haja”!
Temos, assim, a certeza de participar num acontecimento que irá “fazer história”, mas, antes, é hora de “fazer presente”: de olhar estas paredes longas, transfiguradas num deslumbrante mural de obras-primas, de guardar imagens, sensações, a vivência de momentos singulares, para sempre, na memória.
São dezenas de telas, reunidas numa sequência que lhes concede um destino próprio, neste espaço e neste tempo particulares, onde parecem existir só para nós.
Através delas acompanhamos o percurso de uma carreira fulgurante e multifacetada, exemplo de concretização do talento em acto, em mensagens de luz, de cor e de emoção - no desenho, na aguarela, no óleo, no acrílico, no pastel. Retratos, figuras, as famosas portas, paisagens… O Porto, envolto em bruma… O Castelo da Feira na lonjura, imperecível, por sobre as efémeras mas sublimes claridades do Outono … Espinho, o mar e a sua gente, perpetuados em linguagem pictural, na faina que Unamuno eternizou na escrita…
Na cadência de uma “viagem de descoberta” em que vemos e revemos, todas e cada uma das telas, nos sentimos destinatários e como que, de algum modo, participantes no esplêndido trabalho da sua criação, experimentando sensações novas ,reinventado sentidos para a beleza pura das imagens ou a sua significação.
(para o catálogo)
agosto 16, 2010
ESPINHO EM FESTA... RUIDOSA!
Mais uma interpelação de rua sobre as festas que duram até às 6.00 da manhã, muito audivelmente!
O que hei-de responder?
Não é do meu pelouro, embora pareça às pessoas que é.
Podia ser, mas, por sinal, não é!
Há cultura e cultura, com diferentes decisores. De diferentes idades...
O que hei-de responder?
Não é do meu pelouro, embora pareça às pessoas que é.
Podia ser, mas, por sinal, não é!
Há cultura e cultura, com diferentes decisores. De diferentes idades...
A FRONTEIRA DA CULTURA...
1 - Em Espinho. Falo da cultura, no sentido de "pelouro da cultura" da Câmara.
Começa a ser cada vez mais difícil explicar aos munícipes, que me interpelam na rua, os limites da minha competência na vereação!
O "programa cultural" da Alameda 8, tal como as "beach parties" e os "happenings" nocturnos da piscina não são comigo. Sobre essas organizações, sei tanto quanto os próprios munícipes. Isto é: sei "ex post facto". Ainda hoje estive a ler, por curiosidade, num dos "plackards" da Alameda o elenco dos artistas ou conjuntos musicais que actuam diariamente nesse vasto e centralíssimo "espaço cultural". Só conheço dois. Na 1ª quinzena o panorama era ligeiramente melhor - conhecia 3 ou 4.
Não há nisto nada de extraordinário. Constato simplesmente a diferença geracional!
A escolha é, a 100%, dessa gente nova, que é o presente e o futuro da terra. O seu, a seu dono!
Eu só tenho a ver com as exposições do museu, com as iniciativas da biblioteca e do arquivo municipal, com festivais como o "Tu cá tu lá" ou as marionetes - com o concurso das "estátuas vivas, com as comemorações do centenário da República... Coisas desta natureza. Por sinal, todas pouco ruidosas, pelo que, ao contrário do que se passa na Alameda, ou nas noites da piscina ou da praia, não dão lugar a protestos de ninguém. Note-se: não sou contra a animação nocturna de uma cidade turística como é Espinho. Com conta, peso e medida. Conciliando interesses, nem sempre, reconheço, fáceis de conciliar. Se fosse minha a responsabilidade de os equacionar procuraria a fórmula, e o modo de a por em prática, em diálogo com a população. Mas não é. E não sendo, não posso responder aos espinhenses que me encontram na rua por processos cujas particularidades ignoro em absoluto.
Comigo, alías, não trabalham jovens assessores. Os meus colaboradores directos podem não ser exactamente da minha geração, mas é como se fossem. Temos afinidades, Estou em total sintonia com eles. Uma sorte, porque não foram nomeados por mim. Já estavam onde continuam. Que boa sorte! São funcionários com uma grande capacidade de trabalho, com talento e criatividade. Sentamo-nos à volta de uma mesa redonda (positiva e simbolicamente redonda), no meu gabinete do FACE, e preparamos em conjunto as formas de executar os nossos projectos.
É obra colectiva, que me tem dado muito prazer. Impressiona-me imenso o fazerem tanto com tão escassas verbas e tão pouco pessoal.
Não sou só eu que fico impressionada, dentro e fora do país... Um exemplo: em julho, em Brunoy, durante uma visita a equipamentos culturais, comparamos os nossos respectivos programas culturais e chegamos à conclusão de que eram surpreendentemente semelhantes. Eu lembrei-me de acrescentar que os festivais e o concurso de estátuas, mais o apoio dado ao Cinanima e ao Fest e a vários outros eventos, estavam a cargo de uma dirigente (a Drª Idalina Sousa) e de apenas três funcionários. A estupefacção no rosto do Director da Cultura daquela nossa cidade geminada foi digna de se ver!...
Outra questão de "fronteiras":
Quem manda nos "equipamentos da cultura", nos edifícios, no FACE (na decisão de abrir concursos para a abertura dos cafés e das lojas), na Biblioteca (na velha e na nova "casa", nas relações com os arquitectos, na abertura de concursos para o mobiliário, sem a qual as novas instalações continuarão de portas fechadas) também não é a vereadora da cultura.
Começa a ser cada vez mais difícil explicar aos munícipes, que me interpelam na rua, os limites da minha competência na vereação!
O "programa cultural" da Alameda 8, tal como as "beach parties" e os "happenings" nocturnos da piscina não são comigo. Sobre essas organizações, sei tanto quanto os próprios munícipes. Isto é: sei "ex post facto". Ainda hoje estive a ler, por curiosidade, num dos "plackards" da Alameda o elenco dos artistas ou conjuntos musicais que actuam diariamente nesse vasto e centralíssimo "espaço cultural". Só conheço dois. Na 1ª quinzena o panorama era ligeiramente melhor - conhecia 3 ou 4.
Não há nisto nada de extraordinário. Constato simplesmente a diferença geracional!
A escolha é, a 100%, dessa gente nova, que é o presente e o futuro da terra. O seu, a seu dono!
Eu só tenho a ver com as exposições do museu, com as iniciativas da biblioteca e do arquivo municipal, com festivais como o "Tu cá tu lá" ou as marionetes - com o concurso das "estátuas vivas, com as comemorações do centenário da República... Coisas desta natureza. Por sinal, todas pouco ruidosas, pelo que, ao contrário do que se passa na Alameda, ou nas noites da piscina ou da praia, não dão lugar a protestos de ninguém. Note-se: não sou contra a animação nocturna de uma cidade turística como é Espinho. Com conta, peso e medida. Conciliando interesses, nem sempre, reconheço, fáceis de conciliar. Se fosse minha a responsabilidade de os equacionar procuraria a fórmula, e o modo de a por em prática, em diálogo com a população. Mas não é. E não sendo, não posso responder aos espinhenses que me encontram na rua por processos cujas particularidades ignoro em absoluto.
Comigo, alías, não trabalham jovens assessores. Os meus colaboradores directos podem não ser exactamente da minha geração, mas é como se fossem. Temos afinidades, Estou em total sintonia com eles. Uma sorte, porque não foram nomeados por mim. Já estavam onde continuam. Que boa sorte! São funcionários com uma grande capacidade de trabalho, com talento e criatividade. Sentamo-nos à volta de uma mesa redonda (positiva e simbolicamente redonda), no meu gabinete do FACE, e preparamos em conjunto as formas de executar os nossos projectos.
É obra colectiva, que me tem dado muito prazer. Impressiona-me imenso o fazerem tanto com tão escassas verbas e tão pouco pessoal.
Não sou só eu que fico impressionada, dentro e fora do país... Um exemplo: em julho, em Brunoy, durante uma visita a equipamentos culturais, comparamos os nossos respectivos programas culturais e chegamos à conclusão de que eram surpreendentemente semelhantes. Eu lembrei-me de acrescentar que os festivais e o concurso de estátuas, mais o apoio dado ao Cinanima e ao Fest e a vários outros eventos, estavam a cargo de uma dirigente (a Drª Idalina Sousa) e de apenas três funcionários. A estupefacção no rosto do Director da Cultura daquela nossa cidade geminada foi digna de se ver!...
Outra questão de "fronteiras":
Quem manda nos "equipamentos da cultura", nos edifícios, no FACE (na decisão de abrir concursos para a abertura dos cafés e das lojas), na Biblioteca (na velha e na nova "casa", nas relações com os arquitectos, na abertura de concursos para o mobiliário, sem a qual as novas instalações continuarão de portas fechadas) também não é a vereadora da cultura.
agosto 12, 2010
Viver o presente - prioridade a Ricardo Carvalho
Portugal é um país mal gerido. Vai de mal a pior. E vai pior do que os outros - está na cauda da Europa, depois de ter querido, como dizia um antigo 1º Ministro, "estar no pelotão da frente". (Já estamos habituados ao optimismo inveterado dos Primeiros Ministros...).
Esta situação deve-se certamente a razões múltiplas. Tenho para mim que uma das principais é o sacrifício do presente numa procura obsessiva da preparação do futuro, da renovação de pessoas, da mudança de paradigmas, de linhas de rumo, de soluções.
São constantes as rupturas, as mutações, a procura de novos rostos e novas experiências (ou, não raro, novas inexperiências!). Assim é, entre nós, em domínios vários, da política ao futebol.
Não é tanto assim em outros países e continentes. Já nem penso na África, onde os mais velhos são sempre vistos e respeitados como os mais sábios. Penso nos EUA ou na Europa.
Na Itália, na Espanha...
Vamos deixar a política para mais tarde e olhar, para já, o mundo do futebol. Nomes como Otto Rehagel ou Aragonés, Oliver Kahn ou Cambiasso vêm à memória...
José Mourinho, falando da necessidade de contratar um central de grande qualidade para o seu clube, equacionava, teoricamente, a opção entre escolher um jovem com muito futuro pela frente ou um mais senior com prazo de utilização mais limitado. E quando indagado sobre a hipótese Ricardo Carvalho afirmou o óbvio - "Ricardo Carvalho é o presente, não é o futuro" - daí se tirou a conclusão de que o português, com a provecta idade futebolística de 32 anos, estava afastado da corrida.
Afinal, foi mesmo a prioridade de Mourinho!
The special one is the special one.
Ele tem a exacta noção de que para ganhar títulos no tempo presente precisa mais de valores do presente do que do futuro. É uma lição que nos dá e da qual estamos a precisar - e não só no campo desportivo.
Esta situação deve-se certamente a razões múltiplas. Tenho para mim que uma das principais é o sacrifício do presente numa procura obsessiva da preparação do futuro, da renovação de pessoas, da mudança de paradigmas, de linhas de rumo, de soluções.
São constantes as rupturas, as mutações, a procura de novos rostos e novas experiências (ou, não raro, novas inexperiências!). Assim é, entre nós, em domínios vários, da política ao futebol.
Não é tanto assim em outros países e continentes. Já nem penso na África, onde os mais velhos são sempre vistos e respeitados como os mais sábios. Penso nos EUA ou na Europa.
Na Itália, na Espanha...
Vamos deixar a política para mais tarde e olhar, para já, o mundo do futebol. Nomes como Otto Rehagel ou Aragonés, Oliver Kahn ou Cambiasso vêm à memória...
José Mourinho, falando da necessidade de contratar um central de grande qualidade para o seu clube, equacionava, teoricamente, a opção entre escolher um jovem com muito futuro pela frente ou um mais senior com prazo de utilização mais limitado. E quando indagado sobre a hipótese Ricardo Carvalho afirmou o óbvio - "Ricardo Carvalho é o presente, não é o futuro" - daí se tirou a conclusão de que o português, com a provecta idade futebolística de 32 anos, estava afastado da corrida.
Afinal, foi mesmo a prioridade de Mourinho!
The special one is the special one.
Ele tem a exacta noção de que para ganhar títulos no tempo presente precisa mais de valores do presente do que do futuro. É uma lição que nos dá e da qual estamos a precisar - e não só no campo desportivo.
agosto 11, 2010
A estranha sensação de "torcer" pelo clube da capital!
A capital é a de Espanha, é óbvio. Sempre fui catalã, na "liga" de nuestros hermanos - BARÇA. Este ano de 2010, sou REAL MADRID.
Clube certo, eterno, só mesmo na minha terra, onde nem sequer tenho, ao contrário de tantos, um 2º clube do coração...
Lá fora, depende dos jogadores (como PEPE), ou dos treinadores (como MOU).
E, agora, mais uma razão poderosa para ser "Real": a transferência de RICARDO CARVALHO!
Clube certo, eterno, só mesmo na minha terra, onde nem sequer tenho, ao contrário de tantos, um 2º clube do coração...
Lá fora, depende dos jogadores (como PEPE), ou dos treinadores (como MOU).
E, agora, mais uma razão poderosa para ser "Real": a transferência de RICARDO CARVALHO!
DECO CONFESSA-SE "PORTISTA PARA SEMPRE"
É o título de uma pequena notícia de "O JOGO" de ontem.
Não nos surpreende.
A meu ver, DECO por duas razões principais (ser brasileiro e ser portista) nunca teve o reconhecimento nacional que lhe é devido por tudo quanto fez pelo nosso futebol e, concretamente, pela selecção (algum teve, é claro, mas de menos!).
É assim mesmo! Comparem , por exemplo, com Nani. Sorte dele, ser "caboverdeano" e "lisboeta"...
Comparem com Cristiano Ronaldo, que à selecção tem dado relativamente pouco - ao contrário do que acontece nos seus sucessivos clubes... - mas não sendo brasileiro nato, nem portista, pode insurgir-se contra o que julga as tonterias ou os desvarios tácticos de Carlos Queiroz ("assim não vamos lá, Carlos!"), sem que um clamor de indignação recaia sobre a sua cabeça, como, por muito menos, recaíu sobre a cabeça de Deco...
"O Jogo", na última página, sintetiza uma entrevista de Deco ao "Maisfutebol" - em poucas linhas, mas todas significativas. Deco, o diplomata nato, tem palavras simpáticas para a variada Europa e os variados clubes grandes por onde passou. Mas na intensidade com que fala do Porto e, também, de Portugal sente-se a verdade que não precisa de gentileza alguma para se exprimir.
Encantou-me particularmente aquela confidência de quanto o sensibilizou a recepção que teve, no ano passado, quando veio ao Dragão jogar pelo Chelsea, na "Champions".
É verdade! Eu estava lá, perfeitamente sintonizada com essa espantosa homenagem que os sócios do FCP lhe prestaram, quando saíu, a minutos do fim do jogo, aplaudido por um estádio inteiro, de pé, em delírio.
Nesse instante, percebi, que aquele jogo, mais do que como uma "banal" partida da "champions", seria recordado, por todos nós - os que lá estivemos - como jogo de homenagem ao nosso incomparável "Mágico", o seu jogo de despedida. É bom saber que esse tributo espontâneo que lhe dedicamos constituiu, para ele, um dos momentos mais "emocionantes" da sua carreira!
Não nos surpreende.
A meu ver, DECO por duas razões principais (ser brasileiro e ser portista) nunca teve o reconhecimento nacional que lhe é devido por tudo quanto fez pelo nosso futebol e, concretamente, pela selecção (algum teve, é claro, mas de menos!).
É assim mesmo! Comparem , por exemplo, com Nani. Sorte dele, ser "caboverdeano" e "lisboeta"...
Comparem com Cristiano Ronaldo, que à selecção tem dado relativamente pouco - ao contrário do que acontece nos seus sucessivos clubes... - mas não sendo brasileiro nato, nem portista, pode insurgir-se contra o que julga as tonterias ou os desvarios tácticos de Carlos Queiroz ("assim não vamos lá, Carlos!"), sem que um clamor de indignação recaia sobre a sua cabeça, como, por muito menos, recaíu sobre a cabeça de Deco...
"O Jogo", na última página, sintetiza uma entrevista de Deco ao "Maisfutebol" - em poucas linhas, mas todas significativas. Deco, o diplomata nato, tem palavras simpáticas para a variada Europa e os variados clubes grandes por onde passou. Mas na intensidade com que fala do Porto e, também, de Portugal sente-se a verdade que não precisa de gentileza alguma para se exprimir.
Encantou-me particularmente aquela confidência de quanto o sensibilizou a recepção que teve, no ano passado, quando veio ao Dragão jogar pelo Chelsea, na "Champions".
É verdade! Eu estava lá, perfeitamente sintonizada com essa espantosa homenagem que os sócios do FCP lhe prestaram, quando saíu, a minutos do fim do jogo, aplaudido por um estádio inteiro, de pé, em delírio.
Nesse instante, percebi, que aquele jogo, mais do que como uma "banal" partida da "champions", seria recordado, por todos nós - os que lá estivemos - como jogo de homenagem ao nosso incomparável "Mágico", o seu jogo de despedida. É bom saber que esse tributo espontâneo que lhe dedicamos constituiu, para ele, um dos momentos mais "emocionantes" da sua carreira!
agosto 07, 2010
Um Sábado Memorável
Por várias razões, das quais só vou referir as que estão relacionadas com o futebol: a Taça ganha pelo FCP e a saída de Deco do Chelsea para um clube brasileiro (o Flu).
Começo por Deco: é bom que deixe Londres, onde não me parece que tenha sido feliz. É bom que possa brilhar no seu país de nascimento. Acredito que isso vai acontecer. Aos 32anos, o que eu considero o melhor construtor de jogo do mundo - quando em boa forma física - poderá sentir-se mais confortável com o ritmo do futebol latino americano.
E, consequentemente, voltar à nossa selecção, se entretanto nos virmos livres do mal educado "looser", que nos põe ajogar um futebol triste e deprimente... Não sei se a decisão de Deco é inabalável. Acho que é a decisão de um homem lúcido, que sabe ceder lugar aos jovens. Mas o sucesso na pátria maior do futebol talvez o leve a uma espécie de rejuvenescimento "psicológico".
Não sei. É o que eu gostaria que acontecesse.
André Villas Boas tem, como Deco, 32 anos. Para treinador é muito, muito jovem. Mas eu acredito piamente no que hoje disse um comentador desportivo: "a competência não tem idade". O génio ainda menos... Será André um génio? É o que vamos ver.
Para já, começou, fulgurantemente, a arrebatar uma Taça Cândido dos Reis contra a "invencível armada SLB". Ninguém se atreveu a discutir o mérito do triunfo - coisa rara, em se tratando do SLB...
Estratégia perfeita, executores à altura, ânimo e garra que surpreenderam todos, dentro e fora do campo. Incluo-me neste amplo lote.
Ganhar era uma esperança - mas não esperava tanto...
É certo que, no meio campo, estava o meu médio preferido: Beluschi! O mais estranho para mim é que ele não seja o preferido de mais ninguém (ao que parece).
Tenho de reconhecer que, quase sempre, os meus favoritos são médios ofensivos - Deco, Alenitchev, Diego, Ibson, Lucho...
Naturalmente os fenómenos, tipo Anderson, Quaresma ou Hulk, também me fascinam. (Como é possível que Anderson se tenha "perdido" em Manchester?).
E há talentosos jogadores que me encantam pela simplicidade, pela simpatia, tanto quanto pela forma de jogar. Por exemplo: Varela. Ou Fucile.
Começo por Deco: é bom que deixe Londres, onde não me parece que tenha sido feliz. É bom que possa brilhar no seu país de nascimento. Acredito que isso vai acontecer. Aos 32anos, o que eu considero o melhor construtor de jogo do mundo - quando em boa forma física - poderá sentir-se mais confortável com o ritmo do futebol latino americano.
E, consequentemente, voltar à nossa selecção, se entretanto nos virmos livres do mal educado "looser", que nos põe ajogar um futebol triste e deprimente... Não sei se a decisão de Deco é inabalável. Acho que é a decisão de um homem lúcido, que sabe ceder lugar aos jovens. Mas o sucesso na pátria maior do futebol talvez o leve a uma espécie de rejuvenescimento "psicológico".
Não sei. É o que eu gostaria que acontecesse.
André Villas Boas tem, como Deco, 32 anos. Para treinador é muito, muito jovem. Mas eu acredito piamente no que hoje disse um comentador desportivo: "a competência não tem idade". O génio ainda menos... Será André um génio? É o que vamos ver.
Para já, começou, fulgurantemente, a arrebatar uma Taça Cândido dos Reis contra a "invencível armada SLB". Ninguém se atreveu a discutir o mérito do triunfo - coisa rara, em se tratando do SLB...
Estratégia perfeita, executores à altura, ânimo e garra que surpreenderam todos, dentro e fora do campo. Incluo-me neste amplo lote.
Ganhar era uma esperança - mas não esperava tanto...
É certo que, no meio campo, estava o meu médio preferido: Beluschi! O mais estranho para mim é que ele não seja o preferido de mais ninguém (ao que parece).
Tenho de reconhecer que, quase sempre, os meus favoritos são médios ofensivos - Deco, Alenitchev, Diego, Ibson, Lucho...
Naturalmente os fenómenos, tipo Anderson, Quaresma ou Hulk, também me fascinam. (Como é possível que Anderson se tenha "perdido" em Manchester?).
E há talentosos jogadores que me encantam pela simplicidade, pela simpatia, tanto quanto pela forma de jogar. Por exemplo: Varela. Ou Fucile.
A primeira revolução nacional
A 6 de Agosto, em Espinho, uma iniciativa do Centenário da República em cenário diferente do habitual - naquele espaço de passagem, do lado sul da grande tenda da "Feira do Livro", convertido em sala de eventos, ao ar livre. Um achado: para além de quem lá vai expressamente para participar, há os que transitam, param para ouvir e ficam, às dezenas.
Ficam, pela certa, quando o orador é o Miguel Urbano Rodrigues. Já aconteceu por duas vezes: primeiro na apresentação conjunta com a Ana Catarina de Almeida do livro "Metamorfose de Efigénia", a convite da Editora Calendário e, ontem, numa organização em parceria entre a Calendário e a Câmara de Espinho, para falar sobre as grandes revoluções populares, em Portugal: a de 1383-85 e a de 1640 - com incursão, numa perspectiva comparatista, por outras revoluções, como a francesa (é um "must"!) e, também, pela que todos conhecemos, a de 1974.
Concorde-se ou não com ele a cem por cento, é sempre um prazer ouvi-lo e aprender com o que tão brilhantemente, nos sabe ensinar!
Por ali andou, na sua palavra inspirada, bem vivo o Povo - "sujeito da História", na que foi, como salietou, a primeira de todas as revoluções nacionais da nossa era, no século XIV. E, depois, a de Seiscentos, a da reconquista da independência, que se prolongou por quase 3 décadas e se estendeu, contra espanhois, holandeses e outros "invasores", pelo universo das possessões quase perdidas do Reino de Portugal. Hora de lembrar o sentimento nacional luso -brasileiro (a prenunciar já a Nação futura), que derrotou os holandeses no nordeste, e de enaltecer a grande expedição de Pedro Teixeira, desconhecida de quase todos os portugueses - a que, de Belém aos Andes, subindo, o curso dos rios de todos os perigos, acrescentou ao Brasil a imensa Amazónia!
Ficam, pela certa, quando o orador é o Miguel Urbano Rodrigues. Já aconteceu por duas vezes: primeiro na apresentação conjunta com a Ana Catarina de Almeida do livro "Metamorfose de Efigénia", a convite da Editora Calendário e, ontem, numa organização em parceria entre a Calendário e a Câmara de Espinho, para falar sobre as grandes revoluções populares, em Portugal: a de 1383-85 e a de 1640 - com incursão, numa perspectiva comparatista, por outras revoluções, como a francesa (é um "must"!) e, também, pela que todos conhecemos, a de 1974.
Concorde-se ou não com ele a cem por cento, é sempre um prazer ouvi-lo e aprender com o que tão brilhantemente, nos sabe ensinar!
Por ali andou, na sua palavra inspirada, bem vivo o Povo - "sujeito da História", na que foi, como salietou, a primeira de todas as revoluções nacionais da nossa era, no século XIV. E, depois, a de Seiscentos, a da reconquista da independência, que se prolongou por quase 3 décadas e se estendeu, contra espanhois, holandeses e outros "invasores", pelo universo das possessões quase perdidas do Reino de Portugal. Hora de lembrar o sentimento nacional luso -brasileiro (a prenunciar já a Nação futura), que derrotou os holandeses no nordeste, e de enaltecer a grande expedição de Pedro Teixeira, desconhecida de quase todos os portugueses - a que, de Belém aos Andes, subindo, o curso dos rios de todos os perigos, acrescentou ao Brasil a imensa Amazónia!
julho 26, 2010
Nunca tanto se progrediu numa semana!
Numa semana o FCP mudou radicalmente, para melhor.
Foi isso, para além daquele golo fantástico do nosso incrível Givanildo, o que mais me impressionou no jogo de apresentação da equipa.
Devo esclarecer que perdi, no domingo anterior, numa fila de espera, para actualizar as quotas do meu primo -que as minhas são pagas ao ano e estão sempre em dia... - precisamente 20 minutos, os tais em que parece que o "team" jogou melhor. Do que eu vi contra o AJAX, salvou-se a vitória tangencial.
Neste último domingo, pelo contrário, o espectáculo foi uma festa de futebol de ataque e posse de bola!!! Que diferença! O Sampedoria desapareceu em combate.
E a esperança mora no Dragão.
Foi isso, para além daquele golo fantástico do nosso incrível Givanildo, o que mais me impressionou no jogo de apresentação da equipa.
Devo esclarecer que perdi, no domingo anterior, numa fila de espera, para actualizar as quotas do meu primo -que as minhas são pagas ao ano e estão sempre em dia... - precisamente 20 minutos, os tais em que parece que o "team" jogou melhor. Do que eu vi contra o AJAX, salvou-se a vitória tangencial.
Neste último domingo, pelo contrário, o espectáculo foi uma festa de futebol de ataque e posse de bola!!! Que diferença! O Sampedoria desapareceu em combate.
E a esperança mora no Dragão.
julho 20, 2010
Com um pouco de humor
O Centenário da Republica em Espinho, entre conferências, mesas redondas, exposições, reconstituição histórica de efemérides e de modos de viver uma época passada, ainda, em muitos aspectos, presente no País que somos, também nos permite momentos didácticos de pura diversão - em tempo de lançar um olhar mais lúdico e mais crítico sobre acontecimentos, pessoas, instituições, ideias e projectos, cujo destino bem conhecemos...
Depois do animadíssimo e bastante dialéctico "Comício Republicano", com monárquicos à mistura, logo no início de Julho, vamos, agora, terminar o mês com uma exposição sobre "A República na Caricatura de Imprensa".
E para mostrar que as tradições estão bem viva entre nós, teremos na abertura da exposição, três talentosos caricaturistas, prontos a fazer, "in loco", a traço rápido e seguro, o "retrato" de qualquer um de nós, com humor e muita simpatia!
É no Centro Multimeios, sábado próximo, às 16.00.
Depois do animadíssimo e bastante dialéctico "Comício Republicano", com monárquicos à mistura, logo no início de Julho, vamos, agora, terminar o mês com uma exposição sobre "A República na Caricatura de Imprensa".
E para mostrar que as tradições estão bem viva entre nós, teremos na abertura da exposição, três talentosos caricaturistas, prontos a fazer, "in loco", a traço rápido e seguro, o "retrato" de qualquer um de nós, com humor e muita simpatia!
É no Centro Multimeios, sábado próximo, às 16.00.
julho 18, 2010
BALBINA MENDES, a exposição da cor e da magia

Foi uma das mais interessantes e animadas aberturas de exposições a que jamais assisti. E não só porque havia muita gente, muita expectativa, o lançamente do livro sobre esta originalíssima colecção, a simpatia irradiante da Balbina, trasmontana de Miranda do Douro.
Os quadros, em si mesmos, são um festival de alegria e de cor - mas também ajudou à festa a presença dos famosos caretos de Podence, que pereciam saídos das telas de Balbina, por uns momentos, expressamente para virem dançar connosco. Correram as ruas de Espinho, pouco habituada ao espectáculo que ofereciam na sua eufórica passagem pelos sítios de grande econcentração de veraneantes (neste aspecto, Espinho é um auditório sempre cheio!).
Muito divertido e com o seu "quê" de insólito, foi, depois, vê-los como que a mirarem-se ao espelho, na Galeria do Museu, admirando aquela fantástica mostra das máscaras rituais trasmontanas.
Em boa hora tive a ideia de somar as duas iniciativas. Mais do que soma, acabou sendo uma multiplicação de cor e magia!

Impossível em 2010!

Não me refiro à forma como vestem, ou como posam para a câmara, para futuramente recordar. Ainda hoje a postura seria semelhante. Não é isso que torna o retrato "datado".
O que é então?
A resposta é elementar, my dear Watson.
É a composição de género, evidentemente.
Lá estou eu, ainda na casa dos 20 anos, no meio de tantos colegas - homens de vários continentes e países do mundo, sem faltar, por exemplo, a URSS, a Austrália, a Índia e o Paquistão, as Ilhas Seychelles e a Libéria (e lá estou no centro, como convem, por cerimónia, para com a única mulher participante no curso...).
Qual das grandes organizações internacionais ousaria, no ano da graça de 2010, escolher assim, do mesmo modo, com o mesmo "desplante", um "plantel" académico quase "unisex"?
Ainda por cima a OIT, que preconiza a igualdade de tratamento dos trabalhadores e trabalhadoras nas suas convenções...
Foi apenas há uns 40 anos!
julho 11, 2010
Mundial - uma final com os mais afortunados...
Não necessariamente os melhores. Mas dos melhores em "atitude", sem a qual não estariam lá.
Portugal foi derrotado pelos medos e complexos de inferioridade/superioridade de Queiroz, pelas dissensões que a sua inépcia provocou no balneário e que os corajosos denunciaram, já de cabeça perdida, e os outros sussurraram, a coberto do conveniente anonimato, aos jornalistas do Expresso.
Com um Humberto Coelho - nem se fale em Mourinho! - qualquer dos finalistas estaria ao nosso alcance. A Espanha começou a perder e foi-se fazendo, jogo a jogo, enquanto, após o intervalo lúdico da Coreia, nós nos íamos desfazendo.
Com um pouco mais de sorte, que merecia, o Uruguai teria ganho à Alemanha. Aquela bola na trave, na 25ª hora... E o que tinha o Uruguai, que nós não tivessemos? Garra, é claro! Garra à Fucile! E um Fórlan, também, apesar de ainda não ser etiquetado de "melhor do mundo"...
Hoje quem ganha? O polvo diz que é a Espanha, e talvez seja. Vou ver sem ponta de stress!...
Portugal foi derrotado pelos medos e complexos de inferioridade/superioridade de Queiroz, pelas dissensões que a sua inépcia provocou no balneário e que os corajosos denunciaram, já de cabeça perdida, e os outros sussurraram, a coberto do conveniente anonimato, aos jornalistas do Expresso.
Com um Humberto Coelho - nem se fale em Mourinho! - qualquer dos finalistas estaria ao nosso alcance. A Espanha começou a perder e foi-se fazendo, jogo a jogo, enquanto, após o intervalo lúdico da Coreia, nós nos íamos desfazendo.
Com um pouco mais de sorte, que merecia, o Uruguai teria ganho à Alemanha. Aquela bola na trave, na 25ª hora... E o que tinha o Uruguai, que nós não tivessemos? Garra, é claro! Garra à Fucile! E um Fórlan, também, apesar de ainda não ser etiquetado de "melhor do mundo"...
Hoje quem ganha? O polvo diz que é a Espanha, e talvez seja. Vou ver sem ponta de stress!...
julho 10, 2010
Uma lição de cidadania
Deu-a, em dia de festa da freguesia de Silvalde, o Presidente Marco Gastão.
Uma das individualidades que distinguiu foi o se antecessor. Pôs de lado polémicas que agitaram a eleição e olhou para o trabalho, o esforço, a dedicação à causa pública de quem esteve tantos anos à frente da Junta. Para trás ficaram os incidentes de campanha. O futuro é feito de gestos assim.
O meu abraço de parabéns!
Uma das individualidades que distinguiu foi o se antecessor. Pôs de lado polémicas que agitaram a eleição e olhou para o trabalho, o esforço, a dedicação à causa pública de quem esteve tantos anos à frente da Junta. Para trás ficaram os incidentes de campanha. O futuro é feito de gestos assim.
O meu abraço de parabéns!
julho 05, 2010
Comício Republicano em Espinho
Está de parabéns a Drª Idalina Sousa!
O comício - festa revelou, uma vez mais, a classe dos grupos de teatro, de música, de folclore desta terra de Espinho, que pequena só é na geografia.
Foi um convívio muito divertido, com oradores e oradoras de alto gabarito, com tudo o que um "Happening" deve ter, para além das palavras incêndiárias, um belo simulacro de incêndio, rapidamente apagado pelos bombeiros de Espinho, trajados a rigor, à 1910, manejando com à vontade, um precioso e gracioso carro de época, que funciona, como novo! Sem dúvida, uma das grandes atracções da festa, para além dos caricaturistas (que não tiveram "mãos a medir", como diz o povo), do fotógrafo "à la minute", dos gigantones e Robertos, da GNR, montada nos seus belos cavalos brancos, do ardina que distribuía o "Espinho Republicano", o nº1, que poderá até ter sequência...
Muitos "vivas" à República, sobretudo quando os famosos falavam das alturas da varanda camarária ou os anónimos, do alto de um escadote (o nosso "Hyde Park corner"). Mas, porque era tempo de fazer democracia, ali, no Largo da Câmara, também "vivas" ao Rei e à Monarquia. O grande agitador monárquico do dia, que é, na vida real, 100% republicano, saiu-se magnificamente, a mostrar quão bom actor ele é, e parece que ficou fã do papel representado. Está pronto para outro... comício. Vamos a ver!...
A meu lado, até ouvi cantar o hino da Maria da Fonte!
Por fim, monárquicos e republicanos, anarquista e feministas - que nos deram momentos inesquecíveis, muito actuais e pedagógicos... - acabaram a dançar com os ranchos folclóricos. Era hora de acabar, um pouco mais cedo do que o previsto, porque ia passar, lá mais ao fundo, na Rua 19, a procissão de São Pedro.
O comício - festa revelou, uma vez mais, a classe dos grupos de teatro, de música, de folclore desta terra de Espinho, que pequena só é na geografia.
Foi um convívio muito divertido, com oradores e oradoras de alto gabarito, com tudo o que um "Happening" deve ter, para além das palavras incêndiárias, um belo simulacro de incêndio, rapidamente apagado pelos bombeiros de Espinho, trajados a rigor, à 1910, manejando com à vontade, um precioso e gracioso carro de época, que funciona, como novo! Sem dúvida, uma das grandes atracções da festa, para além dos caricaturistas (que não tiveram "mãos a medir", como diz o povo), do fotógrafo "à la minute", dos gigantones e Robertos, da GNR, montada nos seus belos cavalos brancos, do ardina que distribuía o "Espinho Republicano", o nº1, que poderá até ter sequência...
Muitos "vivas" à República, sobretudo quando os famosos falavam das alturas da varanda camarária ou os anónimos, do alto de um escadote (o nosso "Hyde Park corner"). Mas, porque era tempo de fazer democracia, ali, no Largo da Câmara, também "vivas" ao Rei e à Monarquia. O grande agitador monárquico do dia, que é, na vida real, 100% republicano, saiu-se magnificamente, a mostrar quão bom actor ele é, e parece que ficou fã do papel representado. Está pronto para outro... comício. Vamos a ver!...
A meu lado, até ouvi cantar o hino da Maria da Fonte!
Por fim, monárquicos e republicanos, anarquista e feministas - que nos deram momentos inesquecíveis, muito actuais e pedagógicos... - acabaram a dançar com os ranchos folclóricos. Era hora de acabar, um pouco mais cedo do que o previsto, porque ia passar, lá mais ao fundo, na Rua 19, a procissão de São Pedro.
julho 04, 2010
Previsivelmento, bom negócio para ambas as partes. Em adenda, comentário a um comentário.
Moutinho "vira" Dragão, Nuno André Coelho vai para concentração em Évian-les-Bains, de camisola verde e branca equipado.
Espero que Moutinho se Integre no FCP como se integrou Ricardo Quaresma ou, antes dele Maniche (um "leão" que só agora, quase em fim de carreira, foi contratado para Alvalade), ou antes de Maniche, Futre... Do mesmo modo, espero e confio que Nuno André Coelho, esse central fantástico, que parece o novo Ricardo Carvalho, tenha a oportunidade que merece - e que no FCP, "viveiro" de centrais, que superabundam, não conseguiu nunca. Isso será bom para todas as partes, para o nosso futebol, para Portugal, para a selecção, onde um e outro podem estar em breve. Assim seja!
E.T.
Na tv, Coentrão comenta a transferência, dando, de graça, ainda que sem graça, lições de clubismo, a afirmar que ele, em Portugal, não jogaria por outra equipa para além da sua - da que actualmente é a sua. Talvez se possa permitir esse luxo. Talvez até já saiba para onde vai, como emigrante. Mas se esse novo "team" defrontar o antigo, o que fará? Recusa-se a jogar?
O profissionalismo no futebol só a muito poucos permite o privilégio de escolher, ou melhor, de ser escolhido pelo emblema do coração. Coentrão devia sabê-lo. Devia, pelo menos, saber calar-se para não pôr em causa a opção profissional de um colega. Quanto a comunicar ao mundo que do seu clube de hoje só sai para o estrangeiro, é coisa que podia esperar para amanhã ou depois, noutro contexto...
Espero que Moutinho se Integre no FCP como se integrou Ricardo Quaresma ou, antes dele Maniche (um "leão" que só agora, quase em fim de carreira, foi contratado para Alvalade), ou antes de Maniche, Futre... Do mesmo modo, espero e confio que Nuno André Coelho, esse central fantástico, que parece o novo Ricardo Carvalho, tenha a oportunidade que merece - e que no FCP, "viveiro" de centrais, que superabundam, não conseguiu nunca. Isso será bom para todas as partes, para o nosso futebol, para Portugal, para a selecção, onde um e outro podem estar em breve. Assim seja!
E.T.
Na tv, Coentrão comenta a transferência, dando, de graça, ainda que sem graça, lições de clubismo, a afirmar que ele, em Portugal, não jogaria por outra equipa para além da sua - da que actualmente é a sua. Talvez se possa permitir esse luxo. Talvez até já saiba para onde vai, como emigrante. Mas se esse novo "team" defrontar o antigo, o que fará? Recusa-se a jogar?
O profissionalismo no futebol só a muito poucos permite o privilégio de escolher, ou melhor, de ser escolhido pelo emblema do coração. Coentrão devia sabê-lo. Devia, pelo menos, saber calar-se para não pôr em causa a opção profissional de um colega. Quanto a comunicar ao mundo que do seu clube de hoje só sai para o estrangeiro, é coisa que podia esperar para amanhã ou depois, noutro contexto...
julho 02, 2010
Quando FLU é o futuro
Deco prepara-se relançar a carreira no Brasil.
O FLU aguarda-o, com uma recepção grandiosa em perspectiva - assim o Chelsea não o trame de novo.
Lá vou eu começar a assistir a desafios de competições brasileiras... e, quando for ao Rio, no nosso Outono, quero jogo do FLU no programa!
A última vez que vi Deco "ao vivo" foi no Dragão. Ele vestia a camisola do Chelsea (ou Chelsky, para os detractores desse clube londrino de capitais moscovitas, que Mou tirou do anonimato), mas nós todos o víamos de listas azuis e brancas vestido...
Que fantástico adeus ele teve, então, com um estádio de pé, em estrondoso aplauso, quando saiu, a minutos do fim do jogo.
Podem os portugueses ser ingratos para com ele, como se comprovou neste campeonato perdido. Os portistas, não! O Porto é, para sempre, a sua e nossa Nação!
O FLU aguarda-o, com uma recepção grandiosa em perspectiva - assim o Chelsea não o trame de novo.
Lá vou eu começar a assistir a desafios de competições brasileiras... e, quando for ao Rio, no nosso Outono, quero jogo do FLU no programa!
A última vez que vi Deco "ao vivo" foi no Dragão. Ele vestia a camisola do Chelsea (ou Chelsky, para os detractores desse clube londrino de capitais moscovitas, que Mou tirou do anonimato), mas nós todos o víamos de listas azuis e brancas vestido...
Que fantástico adeus ele teve, então, com um estádio de pé, em estrondoso aplauso, quando saiu, a minutos do fim do jogo.
Podem os portugueses ser ingratos para com ele, como se comprovou neste campeonato perdido. Os portistas, não! O Porto é, para sempre, a sua e nossa Nação!
O DECO DA HOLANDA
Eu bem temia o que aconteceu.
O Queiroz do Brasil - o tal que é muito parecido com o Queiroz, embora 100 vezes melhor... - vai de regresso a casa, para uma Nação tão desolada ou mais do que o Portuguesa (grande nau, grande tormenta!).
E a Holanda navega imparavelmente com um Deco fantástico! Aquele que tanto contribuiu para os títulos de Mourinho. O Sneijder.
Foi esse Deco holandês que fez toda a diferença, como o nosso poderia e deveria ter feito, não fosse o veto punitivo de Queiroz...Punitivo sobretudo para a selecção, para nós, Portugueses.
O Queiroz do Brasil - o tal que é muito parecido com o Queiroz, embora 100 vezes melhor... - vai de regresso a casa, para uma Nação tão desolada ou mais do que o Portuguesa (grande nau, grande tormenta!).
E a Holanda navega imparavelmente com um Deco fantástico! Aquele que tanto contribuiu para os títulos de Mourinho. O Sneijder.
Foi esse Deco holandês que fez toda a diferença, como o nosso poderia e deveria ter feito, não fosse o veto punitivo de Queiroz...Punitivo sobretudo para a selecção, para nós, Portugueses.
julho 01, 2010
BALBINA MENDES Máscaras Rituais
Conheci Balbina Mendes durante uma visita à sua anterior exposição sobre o rio Douro - o Douro esplendorosamente retratado da nascente à foz.
Confesso que gostei tanto da pintura, como da pintora - coisa natural, pois têm muito a ver uma com a outra. Cada uma dessas telas nos fala, em linguagem artística de compreensão imediata, na expressão inimitável do seu traço, das cores e da luminosidade, de uma ligação telúrica às terras nordestinas de Portugal, de uma peregrinação em busca das memórias de que se faz a identidade do povo, que ali se não via, mas se pressentia - nos vinhedos, nas amendoeiras em flor, na pedra dos monumentos e castelos, que são a moldura do rio mítico, agreste e formoso a que Torga chamou “poema geológico” .
Esta nova incursão de Balbina Mendes nas “vivências do lugar”, do espaço geográfico e humano, que lhe pertence e ao qual pertence, plasma uma verdadeira continuação da primeira viagem, agora assinalada pela sequência de encontros com as suas gentes, costumes e ritos ancestrais. São visões assombrosas de folgança, de gáudio, de intangíveis arcanos e mistérios, que se nos oferecem em explosões de cor e de movimento, de exultação feérica - figuras, formas, imagens, símbolos de um certo Portugal antiquíssimo e eterno, que nasceu e cresceu a partir das margens desse rio, espectador e cúmplice.
Esta exposição, que o Forum de Arte e Cultura de Espinho muito se regozija de receber, é um convite irrecusável a entrar no universo mágico de uma trasmontana de Miranda, senhora do raro talento, que crescentemente se afirma, de transmutar em arte pura e arrebatadora, o que os seus olhos vêm e a sua alma sente – seja a singularidade da paisagem, a alegria das festividades, ou os gestos e momices dos personagens, que se escondam, ou se revelam, por trás da máscara, e se quedam em diálogo lúdico connosco, na tela, para sempre.
Maria Manuela Aguiar
Julho 2010
Confesso que gostei tanto da pintura, como da pintora - coisa natural, pois têm muito a ver uma com a outra. Cada uma dessas telas nos fala, em linguagem artística de compreensão imediata, na expressão inimitável do seu traço, das cores e da luminosidade, de uma ligação telúrica às terras nordestinas de Portugal, de uma peregrinação em busca das memórias de que se faz a identidade do povo, que ali se não via, mas se pressentia - nos vinhedos, nas amendoeiras em flor, na pedra dos monumentos e castelos, que são a moldura do rio mítico, agreste e formoso a que Torga chamou “poema geológico” .
Esta nova incursão de Balbina Mendes nas “vivências do lugar”, do espaço geográfico e humano, que lhe pertence e ao qual pertence, plasma uma verdadeira continuação da primeira viagem, agora assinalada pela sequência de encontros com as suas gentes, costumes e ritos ancestrais. São visões assombrosas de folgança, de gáudio, de intangíveis arcanos e mistérios, que se nos oferecem em explosões de cor e de movimento, de exultação feérica - figuras, formas, imagens, símbolos de um certo Portugal antiquíssimo e eterno, que nasceu e cresceu a partir das margens desse rio, espectador e cúmplice.
Esta exposição, que o Forum de Arte e Cultura de Espinho muito se regozija de receber, é um convite irrecusável a entrar no universo mágico de uma trasmontana de Miranda, senhora do raro talento, que crescentemente se afirma, de transmutar em arte pura e arrebatadora, o que os seus olhos vêm e a sua alma sente – seja a singularidade da paisagem, a alegria das festividades, ou os gestos e momices dos personagens, que se escondam, ou se revelam, por trás da máscara, e se quedam em diálogo lúdico connosco, na tela, para sempre.
Maria Manuela Aguiar
Julho 2010
junho 30, 2010
Uma maneira de lhe chamar morcão
Morcão no Porto não é insulto, é, em regra, uma verdadeira constatação de facto.
O morcão à moda do Porto é aquele que se deixa ficar para trás, que podia fazer mais e melhor, o molengão, o medroso, o desfazado, sempre a caminhar com o passo errado.
Em futebol é, por exemplo, o tipo que não sabe escolher uma equipa, que não sabe aproveitar os talentos onde eles valem mais, que não percebe o que todos os outros já viram.
O tipo que troca os homens altos por baixinhos, nos últimos minutos do jogo com a Dinamarca, que, estando a perder 2-0, previsivelmente - para todos, salvo para o morcão - vai mandar balões para a grande área adversária, onde a altura vale mais do que tudo. E assim conseguiu o 3-2 em escassos minutos. Quem não se lembra?
O tipo que, quando a selecção, nas suas próprias palavras, precisa de um "criativo" para religar uma dispersão funesta de rapazes atarantados, se esquece que tem no "banco", disponível pela última vez, o maior criativo que Portugal jamais teve...
Por tudo isto, a equipa nacional tinha, à chegada à África do Sul, 2000 a 3000 portugueses à sua espera e, no final, 10 ou 20 na despedida.
Os números falam por si. Foi uma maneira clara de chamar morcão ao único responsável pelo comportamento desolador dos "navegadores" à deriva, em terras africanas de grande imigração portuguesa.
Não venha ele dizer que a equipa fez coisas bonitas (para além do massacre dos inocentes coreanos), porque a reacção popular é esclarecedora... Não foi só uma questão de resultados, foi o "como" eles acontederam!
O "como" tem a marca inconfundível do supremo morcão!
O morcão à moda do Porto é aquele que se deixa ficar para trás, que podia fazer mais e melhor, o molengão, o medroso, o desfazado, sempre a caminhar com o passo errado.
Em futebol é, por exemplo, o tipo que não sabe escolher uma equipa, que não sabe aproveitar os talentos onde eles valem mais, que não percebe o que todos os outros já viram.
O tipo que troca os homens altos por baixinhos, nos últimos minutos do jogo com a Dinamarca, que, estando a perder 2-0, previsivelmente - para todos, salvo para o morcão - vai mandar balões para a grande área adversária, onde a altura vale mais do que tudo. E assim conseguiu o 3-2 em escassos minutos. Quem não se lembra?
O tipo que, quando a selecção, nas suas próprias palavras, precisa de um "criativo" para religar uma dispersão funesta de rapazes atarantados, se esquece que tem no "banco", disponível pela última vez, o maior criativo que Portugal jamais teve...
Por tudo isto, a equipa nacional tinha, à chegada à África do Sul, 2000 a 3000 portugueses à sua espera e, no final, 10 ou 20 na despedida.
Os números falam por si. Foi uma maneira clara de chamar morcão ao único responsável pelo comportamento desolador dos "navegadores" à deriva, em terras africanas de grande imigração portuguesa.
Não venha ele dizer que a equipa fez coisas bonitas (para além do massacre dos inocentes coreanos), porque a reacção popular é esclarecedora... Não foi só uma questão de resultados, foi o "como" eles acontederam!
O "como" tem a marca inconfundível do supremo morcão!
SCOLARI, o mal menor!
Scolari nunca me convenceu.
Porém, sendo as escolhas de MADAÍL (ainda se lembram que ele existe?) o que são - na melhor das hipóteses um "tipo Scolari", na pior um "tipo Queiroz" - eu antes quero o brasileiro de volta!
Sem ele não tinha havido Deco nem Pepe na selecção. Nem bandeiras de Portugal nas janelas. Nem devoção a Nª Sª de Caravaggio.
O que é que nos deu Queiroz, para além de ter, segundo ele próprio, criado Ronaldo, a criatura que se virou contra o criador?
Porém, sendo as escolhas de MADAÍL (ainda se lembram que ele existe?) o que são - na melhor das hipóteses um "tipo Scolari", na pior um "tipo Queiroz" - eu antes quero o brasileiro de volta!
Sem ele não tinha havido Deco nem Pepe na selecção. Nem bandeiras de Portugal nas janelas. Nem devoção a Nª Sª de Caravaggio.
O que é que nos deu Queiroz, para além de ter, segundo ele próprio, criado Ronaldo, a criatura que se virou contra o criador?
E QUEIROZ CRIOU... RONALDO!
Não sabia. Mas hoje, fiquei a saber, porque o disse, em conferência de imprensa, o divino Queiroz, que nunca mente, que nunca se engana, que tem sempre razão!
Mas se é assim tão fácil fabricar um Ronaldo, porque é que ele não se dedica, a tempo inteiro, à produção em massa de Ronaldos? Porque é que só produziu aquele?
Já agora: não se importa de "criar" um novo Deco, cuja falta, para todo o sempre, é muito maior do que a de Ronaldo?
Mas se é assim tão fácil fabricar um Ronaldo, porque é que ele não se dedica, a tempo inteiro, à produção em massa de Ronaldos? Porque é que só produziu aquele?
Já agora: não se importa de "criar" um novo Deco, cuja falta, para todo o sempre, é muito maior do que a de Ronaldo?
DECO: duplamente estrangeiro
Duplamente estrangeiro, como brasileiro de origem e como portista para sempre!
A Deco, que deu muito mais à selecção nacional do que previsivelmente jamais dará o celebrado CR7, na hora do adeus, ninguém se lembrou de dirigir uma palavra de agradecimento!...
Deco, ao contrário de falsas vedetas, ou vedetas inúteis, foi sempre o mais influente dos jogadores das equipas que tiveram o privilégio de o ter, nos seus anos aureos, a pensar e a executar o jogo. O FCP, o BARÇA... E Portugal!
Deco nunca foi um daqueles "profissionais" que dão muito mais do seu talento ás equipas que lhes pagam fortunas do que à selecção do seu pais (Portugal!). Nunca reivindicou o estatuto que era de verdade o seu: o de nº1. Nunca procura dar nas vistas. Joga bem demais, mas, às vezes, tão subtilmente que é preciso estar atento ao traçar da jogada, para ver de onde ela vem...
Acho que os fazedores de notícias sempre procuraram menoriza-lo, por PURA XENOFOBIA, incapazes de aceitar o facto de o cérebro da nossa selecção ser "brasileiro" e "portista".
Para alguém que, como eu, passou a vida a trabalhar entre migrantes, e a admira-los pelo sentimento com que vivem a dupla cidadania, esta monstruosa ingratidão para com DECO, nosso imigrante, é insuportável!
A Deco, que deu muito mais à selecção nacional do que previsivelmente jamais dará o celebrado CR7, na hora do adeus, ninguém se lembrou de dirigir uma palavra de agradecimento!...
Deco, ao contrário de falsas vedetas, ou vedetas inúteis, foi sempre o mais influente dos jogadores das equipas que tiveram o privilégio de o ter, nos seus anos aureos, a pensar e a executar o jogo. O FCP, o BARÇA... E Portugal!
Deco nunca foi um daqueles "profissionais" que dão muito mais do seu talento ás equipas que lhes pagam fortunas do que à selecção do seu pais (Portugal!). Nunca reivindicou o estatuto que era de verdade o seu: o de nº1. Nunca procura dar nas vistas. Joga bem demais, mas, às vezes, tão subtilmente que é preciso estar atento ao traçar da jogada, para ver de onde ela vem...
Acho que os fazedores de notícias sempre procuraram menoriza-lo, por PURA XENOFOBIA, incapazes de aceitar o facto de o cérebro da nossa selecção ser "brasileiro" e "portista".
Para alguém que, como eu, passou a vida a trabalhar entre migrantes, e a admira-los pelo sentimento com que vivem a dupla cidadania, esta monstruosa ingratidão para com DECO, nosso imigrante, é insuportável!
O Vitor Baía de Queiroz
Portugal não venceu o Euro 2004 porque o Sr. Scolari decidiu jogar sem um guarda-redes de classe e nenhuma equipa ganha coisa alguma sem um grande guarda-redes...
Por acaso havia um ao dispôr, que, nesse ano, tinha dado ao FCP, semanas antes, o título de campeão da Europa de clubes: Vitor Baía, que individualmente recebeu o galardão de melhor da Europa no seu posto.
Portugal fez um Mundial de 2010 tristonho e apagado. Foi uma equipa partida ao meio, sem um organizador de jogo, sem "cérebro", sem alma. Sem DECO.
DECO: o Vitor Baía deste Scolari de 2ª categoria, que se chama Carlos Queiroz.
E DECO, o mágico estava lá - no banco, castigado só por ter dito a verdade.
Por acaso havia um ao dispôr, que, nesse ano, tinha dado ao FCP, semanas antes, o título de campeão da Europa de clubes: Vitor Baía, que individualmente recebeu o galardão de melhor da Europa no seu posto.
Portugal fez um Mundial de 2010 tristonho e apagado. Foi uma equipa partida ao meio, sem um organizador de jogo, sem "cérebro", sem alma. Sem DECO.
DECO: o Vitor Baía deste Scolari de 2ª categoria, que se chama Carlos Queiroz.
E DECO, o mágico estava lá - no banco, castigado só por ter dito a verdade.
junho 10, 2010
NA LINHA DA FRENTE APENAS HOMENS...
Reparo sempre nestas coisas...
Na fila VIP, ao lado do PR, nas cerimónias do 10 de junho, em Faro, 5 ou 6 homens solenes, de fato escuro e gravata - nada de saias eventualmente garridas - representando as mais altas instâncias do Estado, a organização do dia nacional e a autarquia anfitrã.
Onde estão as mulheres?
Não estão.
Na fila VIP, ao lado do PR, nas cerimónias do 10 de junho, em Faro, 5 ou 6 homens solenes, de fato escuro e gravata - nada de saias eventualmente garridas - representando as mais altas instâncias do Estado, a organização do dia nacional e a autarquia anfitrã.
Onde estão as mulheres?
Não estão.
Depois da tempestade, a bonança
Não, não é a mudança na insustentável situação económica de Portugal.
É o esquecimento de todas as desgraças diante de um ecrã de TV.
Vem aí o Mundial.
A hora de DECO e companhia, não a dos deprimentes políticos da 3ª República
(3ª ou 2ª, para aqueles que acham que as monarquias podem ser mais ou menos democráticas, mas as repúblicas não... ).
É o esquecimento de todas as desgraças diante de um ecrã de TV.
Vem aí o Mundial.
A hora de DECO e companhia, não a dos deprimentes políticos da 3ª República
(3ª ou 2ª, para aqueles que acham que as monarquias podem ser mais ou menos democráticas, mas as repúblicas não... ).
Situação Insustentável...
Há muito que eu desconfiava que assim era a situação, neste nosso Portugal desgovernado...
Agora é o PR quem o diz, a 10 de Junho de 2010.
Depois de o dizer, o que fará?
Agora é o PR quem o diz, a 10 de Junho de 2010.
Depois de o dizer, o que fará?
junho 09, 2010
Moralismo ou o quê?
Estou bem lembrada daquelas medidas muito moralizadoras, que amigos meus do PSD promoveram, entusiasticamente, no ano de 1995: em 1º lugar, a famosa "lei das incompatibilidades".
Com toda a estima pessoal e sinceríssima consideração pelos principais proponentes, achei aquilo um exagero e uma "desnecessidade"... Levada a lei à letra, poucos portugueses poderiam fazer politica. E, de facto, não tinha as supostas virtualidadas para evitar nepotismo, compadrios, ou desmandos maiores.
Agora, em 2010, o corte nos vencimentos dos políticos, desacompanhado de igual medida no que respeita aos proventos do "pessoal" político (que é, naturalmento bem mais numeroso, porque quase todos os políticos geram um círculo alargado de colaboradores, oriundos da sua "cantera" partidária...) suscita-me o mesmo "feeling": será "para fazer de conta"...
Idem, idem, aspas, no que respeita ao tecto uniforme das pensões.
Só posso estar plenamente de acordo se se aplicar não apenas aos habituais funcionários públicos e similares, à CGA e CNP, mas a todos os sistemas, a começar por aqueles que atribuem pensões realmente milionárias.
Aqueles que podem comprar, como ontem dizia um deputado de esquerda, grandes iates e Lamborghinis (coisa que ninguém consegue com pensões de 5030 euros).
Basta de parar a moralização nos "pequenos milionários"... Vamos até aos médios e aos grandes. Aí estou de acordo, e até podem baixar o tecto para metade.
FORÇA!
Quem ousa?
Nestas coisas, não gosto definitivamente de meias tintas.
Com toda a estima pessoal e sinceríssima consideração pelos principais proponentes, achei aquilo um exagero e uma "desnecessidade"... Levada a lei à letra, poucos portugueses poderiam fazer politica. E, de facto, não tinha as supostas virtualidadas para evitar nepotismo, compadrios, ou desmandos maiores.
Agora, em 2010, o corte nos vencimentos dos políticos, desacompanhado de igual medida no que respeita aos proventos do "pessoal" político (que é, naturalmento bem mais numeroso, porque quase todos os políticos geram um círculo alargado de colaboradores, oriundos da sua "cantera" partidária...) suscita-me o mesmo "feeling": será "para fazer de conta"...
Idem, idem, aspas, no que respeita ao tecto uniforme das pensões.
Só posso estar plenamente de acordo se se aplicar não apenas aos habituais funcionários públicos e similares, à CGA e CNP, mas a todos os sistemas, a começar por aqueles que atribuem pensões realmente milionárias.
Aqueles que podem comprar, como ontem dizia um deputado de esquerda, grandes iates e Lamborghinis (coisa que ninguém consegue com pensões de 5030 euros).
Basta de parar a moralização nos "pequenos milionários"... Vamos até aos médios e aos grandes. Aí estou de acordo, e até podem baixar o tecto para metade.
FORÇA!
Quem ousa?
Nestas coisas, não gosto definitivamente de meias tintas.
junho 04, 2010
Demagogias!
A Assembleia anuncia grande poupança nas deslocações aéreas dos deputados, obrigando-os a viajar em classe económica, nas distâncias mais curtas.
Não quer isto dizer grande coisa, ao contrário do que parece...
É que há tarifas de executiva mais baratas do que as tarifas superiores de económica...
E as grandes agências, com as quais os organismos de Estado contratam são, quase sempre, especialistas em praticar margens de lucro alto, sobre o preço mais elevado possível...
Assim, a melhor medida seria restabelecer a concorrência e procurar, caso a caso, o orçamento mais baixo.
Sabiam que há mais de meia dúzia de tarifas de económica ou de executiva - dependendo de condições concretas, restrições na alteração do bilhete, etc?...
Não quer isto dizer grande coisa, ao contrário do que parece...
É que há tarifas de executiva mais baratas do que as tarifas superiores de económica...
E as grandes agências, com as quais os organismos de Estado contratam são, quase sempre, especialistas em praticar margens de lucro alto, sobre o preço mais elevado possível...
Assim, a melhor medida seria restabelecer a concorrência e procurar, caso a caso, o orçamento mais baixo.
Sabiam que há mais de meia dúzia de tarifas de económica ou de executiva - dependendo de condições concretas, restrições na alteração do bilhete, etc?...
Um projecto que vem de longe: o CD com músicas de Fausto Neves
A feira do livro foi, como disse, proposta que veio ter comigo.
Não assim a ideia de editar um CD com algumas das músicas do mais famoso compositor de Espinho. Já no anterior executivo, quando era vereadora sem pelouro, tinha sugerido que o fizessem. Naturalmente, quando aceitei o pelouro da cultura, esta foi uma das minhas prioridades.
Espinho precisa de se valorizar, valorizando os seus filhos mais ilustres, os seus talentos, os seus génios!
É disso que se trata, antes de tudo o mais.
É justo acrescentar que aqui termina a minha parte... o que se seguiu é mérito, é obra da Academia de Música de Espinho.
Sempre gostei desta forma de colaboração entre poderes públicos e entidades privadas, quando estas sabem fazer as coisas insuperavelmente bem!
Não assim a ideia de editar um CD com algumas das músicas do mais famoso compositor de Espinho. Já no anterior executivo, quando era vereadora sem pelouro, tinha sugerido que o fizessem. Naturalmente, quando aceitei o pelouro da cultura, esta foi uma das minhas prioridades.
Espinho precisa de se valorizar, valorizando os seus filhos mais ilustres, os seus talentos, os seus génios!
É disso que se trata, antes de tudo o mais.
É justo acrescentar que aqui termina a minha parte... o que se seguiu é mérito, é obra da Academia de Música de Espinho.
Sempre gostei desta forma de colaboração entre poderes públicos e entidades privadas, quando estas sabem fazer as coisas insuperavelmente bem!
Feira do Livro na Alameda 8
A Feira do Livro, que vai ser inaugurada na chamada "Alameda 8", no dia da cidade, tem para mim um significado especial: foi uma das primeiras iniciativas que lancei na Câmara de Espinho, ainda em 2009. Nada que tivesse previsto, por mim própria. Fui contactada por uma empresa que apresentava um belo "curriculum" e prometia animação cultural ao longo dos meses de verão.
Nessa altura, não estava sequer equacionada a hipótese de utilização da "Alameda" na parte coberta da linha férrea. Mas a instalação da Feira, e a sua integração no projecto de animação do centro nevrálgico de Espinho, nesse lugar privilegiado, tornou-se uma solução incontornável.
Nessa altura, não estava sequer equacionada a hipótese de utilização da "Alameda" na parte coberta da linha férrea. Mas a instalação da Feira, e a sua integração no projecto de animação do centro nevrálgico de Espinho, nesse lugar privilegiado, tornou-se uma solução incontornável.
junho 01, 2010
Contra o preconceito anti-futebol na política portuguesa
Desde que a Câmara do Porto iniciou a sua cruzada contra o FCP, a instituição que mais nome e prestígio tem dado à cidade, desde que Mota Amaral, instado pelo seu "vice" Manuel Alegre, na Assembleia da República, se lançou, "alegremente", na mesma senda, nos anos em que o FCP venceu a taça UEFA e, depois, a Champions a a Taça Intercontinental - já muitas vezes critiquei a tentação mal disfarçada de políticos como esses, que se servem do futebol, alta e poderosamente, em proveito de uma imagem de suposta superioridade moral, a pretexto de se distanciarem de qualquer ligação ao futebol.
É uma atitude eticamente tão censurável, do meu ponto de vista, quanto a de manter ligações dúbias e oportunistas em qualquer sector de actividade, seja ele desportivo ou não.
Reconhecer o mérito desportivo, como reconhecer o mérito artístico ou científico, é uma obrigação dos responsáveis pelo poder, a nível autárquico ou nacional. As coisas são tão simples como isto. Menorizar o futebol é, na melhor das hipóteses, uma atitude complexada, pedante e intelectualóide e, na pior, pura hipocrisia ou má fé.
É o que penso como cidadã ou munícipe, em relação a qualquer clube ou delegação de clube, de qualquer cor...
Como portista, para quem o FCP, está sempre àparte - e acima! - de qualquer interesse
partidário ou político, não esqueço, por exemplo, que o meu clube, num dos muitos anos em que ganhou o campeonato nacional, foi homenageado, em Lisboa, pelo presidente da Câmara Santana Lopes e não foi sequer recebido na Câmara do Porto por Rui Rio!
E em 2010, não posso dizer que gostei que o SLB fosse campeão nacional, mas gostei de ver a forma como foi entusiasticamente acolhido na Câmara pelo Presidente António Costa, e como foi chamado, a par de outros clubes da capital, a saudar o Papa Bento XVI.
Também gostei muito de assistir, no sábado passado, na Casa do FCP da Trofa, a um fantástico concerto de Mário Laginha, promovido pela Câmara.
Eis um paradigma de colaboração entre um executivo municipal e uma instituição da terra, que, lá por ter uma ligação umbilical a um grande clube de futebol, não é menos do que qualquer outra, e merece igual consideração e respeito.
Espero, pois, voltar, em breve, à Trofa, para um próximo evento cultural na sede da Delegação do FCP!
É uma atitude eticamente tão censurável, do meu ponto de vista, quanto a de manter ligações dúbias e oportunistas em qualquer sector de actividade, seja ele desportivo ou não.
Reconhecer o mérito desportivo, como reconhecer o mérito artístico ou científico, é uma obrigação dos responsáveis pelo poder, a nível autárquico ou nacional. As coisas são tão simples como isto. Menorizar o futebol é, na melhor das hipóteses, uma atitude complexada, pedante e intelectualóide e, na pior, pura hipocrisia ou má fé.
É o que penso como cidadã ou munícipe, em relação a qualquer clube ou delegação de clube, de qualquer cor...
Como portista, para quem o FCP, está sempre àparte - e acima! - de qualquer interesse
partidário ou político, não esqueço, por exemplo, que o meu clube, num dos muitos anos em que ganhou o campeonato nacional, foi homenageado, em Lisboa, pelo presidente da Câmara Santana Lopes e não foi sequer recebido na Câmara do Porto por Rui Rio!
E em 2010, não posso dizer que gostei que o SLB fosse campeão nacional, mas gostei de ver a forma como foi entusiasticamente acolhido na Câmara pelo Presidente António Costa, e como foi chamado, a par de outros clubes da capital, a saudar o Papa Bento XVI.
Também gostei muito de assistir, no sábado passado, na Casa do FCP da Trofa, a um fantástico concerto de Mário Laginha, promovido pela Câmara.
Eis um paradigma de colaboração entre um executivo municipal e uma instituição da terra, que, lá por ter uma ligação umbilical a um grande clube de futebol, não é menos do que qualquer outra, e merece igual consideração e respeito.
Espero, pois, voltar, em breve, à Trofa, para um próximo evento cultural na sede da Delegação do FCP!
maio 23, 2010
Sérgio Conceição - assumir a cidadania, com coragem e com classe, dentro e fora de um campo de futebol
Tive sempre uma especial predilecção pelo desportista e pelo cidadão Sérgio Conceição.
Para além de um fabuloso jogador de futebol, cheio de talento e de garra, um cidadão sem medo de tomar posições e de lutar contra as injustiças, desassombrado e generoso dentro e fora do campo - desfazendo a imagem comum do português pequeno e subserviente, acomodado e calculista.
Foi hoje a sua festa de despedida. Que pena!
No estádio que leva o seu nome, nomes famosos estiveram com ele. Falou bem. Falou claro, como é seu hábito!
Para além de um fabuloso jogador de futebol, cheio de talento e de garra, um cidadão sem medo de tomar posições e de lutar contra as injustiças, desassombrado e generoso dentro e fora do campo - desfazendo a imagem comum do português pequeno e subserviente, acomodado e calculista.
Foi hoje a sua festa de despedida. Que pena!
No estádio que leva o seu nome, nomes famosos estiveram com ele. Falou bem. Falou claro, como é seu hábito!
Um Heroi Português
Basta dizer assim, e todos adivinham de quem falo.
São 20.20 e vejo a reportagem dea SIC- Notícias
"Mourinho está destinado a grandes coisas", diz um fã da Nigéria! Faço suas as minhas palavras...
Em todo o mundo se fala de Mourinhomania, da Indónesia aos Eua, do Japão ao Brasil e à África.
E é óbvio que os entusiastas se dividem entre tiffosi do Inter (e de Mou!) e os tiffosi de Mou, simplesmente Mou. Conto-me entre estes últimos.
São 20.20 e vejo a reportagem dea SIC- Notícias
"Mourinho está destinado a grandes coisas", diz um fã da Nigéria! Faço suas as minhas palavras...
Em todo o mundo se fala de Mourinhomania, da Indónesia aos Eua, do Japão ao Brasil e à África.
E é óbvio que os entusiastas se dividem entre tiffosi do Inter (e de Mou!) e os tiffosi de Mou, simplesmente Mou. Conto-me entre estes últimos.
maio 13, 2010
NON HABEMUS ERNANI...
Como todos os portugueses, estou farta de viver ciclos de austeridade e sacrifícios, logo desbaratados por um breve e carnavalesco "regabofe" eleitoral, como aquele a que assistimos o ano passado. Um governo que nos não dá nem "verdade", nem "esperança".
O chamado governo do Bloco Central, em 83-85, formou-se para salvar o país da bancarrota ... e salvou!
Os sacrifícios, então, valeram a pena. Com o PS de Mário Soares, o PSD de Mota Pinto e com o independente Ernani Lopes na pasta das Finanças, as contas públicas foram acertadas, com senso e medida, sem a louca contradição de misturar projectos megalómanos na agenda do executivo. E o governo que se seguiu, o de Cavaco Silva, herdou um país viável, e integrado na CEE.
Compreende-se que, hoje, o PSD de Passos Coelhos se solidarize com um programa de austeridade que procura evitar males maiores.
Não tem alternativa, porque a outra é o abismo.
Mas que confiança merece o governo, os ministros de agora?
Este programa de esmagamento fiscal dos contribuintes, a meu ver, só poderia resultar e ser portadora de esperança com outro governo.
Outro Primeiro Ministro, um segundo Ernâni Lopes ...
O chamado governo do Bloco Central, em 83-85, formou-se para salvar o país da bancarrota ... e salvou!
Os sacrifícios, então, valeram a pena. Com o PS de Mário Soares, o PSD de Mota Pinto e com o independente Ernani Lopes na pasta das Finanças, as contas públicas foram acertadas, com senso e medida, sem a louca contradição de misturar projectos megalómanos na agenda do executivo. E o governo que se seguiu, o de Cavaco Silva, herdou um país viável, e integrado na CEE.
Compreende-se que, hoje, o PSD de Passos Coelhos se solidarize com um programa de austeridade que procura evitar males maiores.
Não tem alternativa, porque a outra é o abismo.
Mas que confiança merece o governo, os ministros de agora?
Este programa de esmagamento fiscal dos contribuintes, a meu ver, só poderia resultar e ser portadora de esperança com outro governo.
Outro Primeiro Ministro, um segundo Ernâni Lopes ...
Tolerância de ponto
Sim, sou a favor.
Não confundamos as coisas.
A César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
Neste caso, confluem os caminhos de Deus e de César. A visita do Papa pode até ser mais significativa para os católicos do que para os que o não são, mas é também muito importante para Portugal.
Um acontecimento com impacto e visibilidade no mundo inteiro! Mobilizadora de multidões e, por isso, dos media, igualmente.
E, na sua mensagem, Bento XVI veio falar daquilo de que tanto precisamos: de verdade, de esperança.
Em Portugal, no reino de César, não temos tido nem uma, nem outra.
Não confundamos as coisas.
A César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
Neste caso, confluem os caminhos de Deus e de César. A visita do Papa pode até ser mais significativa para os católicos do que para os que o não são, mas é também muito importante para Portugal.
Um acontecimento com impacto e visibilidade no mundo inteiro! Mobilizadora de multidões e, por isso, dos media, igualmente.
E, na sua mensagem, Bento XVI veio falar daquilo de que tanto precisamos: de verdade, de esperança.
Em Portugal, no reino de César, não temos tido nem uma, nem outra.
FINALMENTE! OS CAMPEÕES NACIONAIS DE FUTEBOL FORAM RECEBIDOS NA CÂMARA MUNICIPAL
...DE LISBOA, naturalmente.
Espero, que no próximo ano, isso não aconteça.
Percebe-se o que quero dizer com isto... É uma afirmação que individualiza um clube, um presidente de Câmara, e, consequentemente, uma cidade.
Espero, que no próximo ano, isso não aconteça.
Percebe-se o que quero dizer com isto... É uma afirmação que individualiza um clube, um presidente de Câmara, e, consequentemente, uma cidade.
maio 11, 2010
A VISITA
No 1º dia, a visita do Papa excedeu as minhas expectativas. No que respeita ao Papa, ele próprio, não quanto à receptividade dos portugueses à sua presença entre nós, que essa não me surpreendeu.
Desconhecia a força do "charme" discreto de Bento XVI, por contraste com o vibrante carisma do seu antecessor.
E, se a sua palavra é um momento de reflexão para todos (de reflexão sobre valores, sobre atitudes, sobre formas de solidariedade), acho que mesmo os não cristãos se devem regozijar com a oportunidade que nos é agora dada.
A visita a esta catolicíssima nação - constatação que em nada afecta o desejável laicismo do Estado - só peca por tardia.
Desconhecia a força do "charme" discreto de Bento XVI, por contraste com o vibrante carisma do seu antecessor.
E, se a sua palavra é um momento de reflexão para todos (de reflexão sobre valores, sobre atitudes, sobre formas de solidariedade), acho que mesmo os não cristãos se devem regozijar com a oportunidade que nos é agora dada.
A visita a esta catolicíssima nação - constatação que em nada afecta o desejável laicismo do Estado - só peca por tardia.
A pedra angular da selecção
Quem foi o perito desportivo que, na noite de ontem, num dos canais noticiosos, por cabo, afirmou que receava escandalizar muitos dos espectadores, mas tinha de dizer que, na sua opinião, para o êxito da selecção nacional de futebol, a boa forma de DECO era mais importante do que a de Cristiano Ronaldo?
Não sei. Estava, como sempre, a "ouvir" televisão e a fazer outra coisa simultaneamente e não registei o nome desse corajoso e preclaro comentarista.
A mim, não me escandalizou de todo. Sou da mesmíssima opinião e já o escrevi, preto no branco, várias vezes.
Não sei. Estava, como sempre, a "ouvir" televisão e a fazer outra coisa simultaneamente e não registei o nome desse corajoso e preclaro comentarista.
A mim, não me escandalizou de todo. Sou da mesmíssima opinião e já o escrevi, preto no branco, várias vezes.
A Santidade de Mandela
Adriano Moreira foi um dos portugueses mais notáveis do século XX - e continua a sê-lo, no presente. Um dos mais cultos, um dos mais lúcidos. Expoente de uma geração, que atravessou dois regimes de forma singularíssima. Demasiado inteligente e não suficientemente acomodado ou "ortodoxo" para ter, na política portuguesa, o sucesso reservado a figuras imensamente menores, que todos sabemos quem são...
Ouvir a sua palavra é sempre um prazer e uma lição.
Como aconteceu hoje, no seu comentário à visita papal, na SIC- Notícias (21.00 h).
Só ele, ao falar de santos do nosso tempo, seria capaz de falar da santidade de Mandela!
Não posso estar mais de acordo!
Ouvir a sua palavra é sempre um prazer e uma lição.
Como aconteceu hoje, no seu comentário à visita papal, na SIC- Notícias (21.00 h).
Só ele, ao falar de santos do nosso tempo, seria capaz de falar da santidade de Mandela!
Não posso estar mais de acordo!
maio 09, 2010
Animal Farm - a lição ao vivo em todos os canais de televisão.
Conhecem a expressão:
"Somos todos iguais, mas há uns que são mais iguais do que outros".
Li a fábula de ORWEL, na versão inglesa, há muitos anos. Foi leitura obrigatória - e deliciosa - de um dos trimestres do curso do British Institute de Coimbra, onde tirei o meu "Lower Certificate", pela Universidade de Cambridge.
Parece que em português a tradução é "O triunfo dos porcos". Não tenho a certeza, e, de qualquer forma, não é de porcos que quero falar. É de discriminação - e, por acaso, de discriminação em caso de triunfo.
De uma vergonhosa e escandalosa discriminação, absolutamente paradigmática do centralismo português, que se estende da política ao desporto.
Há cidades ou regiões mais iguais do que outras. Há portugueses mais iguais do que outros. Há clubes de futebol mais iguais do que outros.
Ao longo de 4 anos, o campeão nacional deste desporto, no dia em que ganhou a Liga, não mereceu nos telejornais das várias televisões mais do que uns minutos.
O vencedor era o FCP - um clube do norte do país.
Hoje, todas as televisões nacionais - RTP-1, SIC, TVI, SIC-Notícias, RTPN e TVI 24 estão a dar intragáveis e repetitivas reportagens, todas de uma inevitável similitude, há cerca de 90 minutos, sobre a vitória do SLB - clube da capital da Republica - no campeonato.
Nos TELEJORNAIS!
Haverá algum país do mundo civilizado onde aconteça coisa semelhante?
Já imaginaram uma vitória do Paris-St Germain a dominar por completo os telejornais de França? Ou a vitória do Chelsea a monopolizar os da Grã-Bretanha??
No que respeita aos canais privados, não haverá muito a fazer - apenas "zapping" para outro canal... É ridículo, é quarto-mundista, mas é o mercado a funcionar, deploravelmente. Constata-se (um "galicismo", eu sei...).
Em relação às que pertencem ao Estado, acho que esta discriminação deveria ser objecto de protesto, de análises comparativas com o que aconteceu em anos anteriores, de denúncia desta vergonhosa parcialidade e de sanção, naturalmente.
Que ideia é esta de "serviço público"? É para isto que eu pago taxa de rádio e de televisão na factura da electricidade?
Até às 22.00 h, a única alternativa, em canal aberto, para os teleespectadores, foi a RTP2, onde passou um programa sobre HITLER!...
"Somos todos iguais, mas há uns que são mais iguais do que outros".
Li a fábula de ORWEL, na versão inglesa, há muitos anos. Foi leitura obrigatória - e deliciosa - de um dos trimestres do curso do British Institute de Coimbra, onde tirei o meu "Lower Certificate", pela Universidade de Cambridge.
Parece que em português a tradução é "O triunfo dos porcos". Não tenho a certeza, e, de qualquer forma, não é de porcos que quero falar. É de discriminação - e, por acaso, de discriminação em caso de triunfo.
De uma vergonhosa e escandalosa discriminação, absolutamente paradigmática do centralismo português, que se estende da política ao desporto.
Há cidades ou regiões mais iguais do que outras. Há portugueses mais iguais do que outros. Há clubes de futebol mais iguais do que outros.
Ao longo de 4 anos, o campeão nacional deste desporto, no dia em que ganhou a Liga, não mereceu nos telejornais das várias televisões mais do que uns minutos.
O vencedor era o FCP - um clube do norte do país.
Hoje, todas as televisões nacionais - RTP-1, SIC, TVI, SIC-Notícias, RTPN e TVI 24 estão a dar intragáveis e repetitivas reportagens, todas de uma inevitável similitude, há cerca de 90 minutos, sobre a vitória do SLB - clube da capital da Republica - no campeonato.
Nos TELEJORNAIS!
Haverá algum país do mundo civilizado onde aconteça coisa semelhante?
Já imaginaram uma vitória do Paris-St Germain a dominar por completo os telejornais de França? Ou a vitória do Chelsea a monopolizar os da Grã-Bretanha??
No que respeita aos canais privados, não haverá muito a fazer - apenas "zapping" para outro canal... É ridículo, é quarto-mundista, mas é o mercado a funcionar, deploravelmente. Constata-se (um "galicismo", eu sei...).
Em relação às que pertencem ao Estado, acho que esta discriminação deveria ser objecto de protesto, de análises comparativas com o que aconteceu em anos anteriores, de denúncia desta vergonhosa parcialidade e de sanção, naturalmente.
Que ideia é esta de "serviço público"? É para isto que eu pago taxa de rádio e de televisão na factura da electricidade?
Até às 22.00 h, a única alternativa, em canal aberto, para os teleespectadores, foi a RTP2, onde passou um programa sobre HITLER!...
A Homenagem ao Prof. Mota Pinto
Ontem, em Viana do Castelo.
O Instituto Carlos Mota Pinto para a formação política, foi constituido nessa cidade, por iniciativa do PSD local. A coincidir com o 25º aniversário do falecimento daquele insígne professor de Direito e Estadista.
Estadista: Se alguém merece este título, plenamente, a par dos seus títulos académicos, alcançados com brilhantismo universalmente rconhecido, é, sem dúvida, ele.
A homenagem veio romper um longo ciclo de silêncio sobre a memória, a obra de Mota Pinto.
Não sei que impacte mediático virão a ter as notáveis intervenções que ouvimos, por esta ocasião, em Viana, incluindo, na sessão de encerramento, as de Passos Coelho e de Paulo Mota Pinto. Se não for o devido, fica a esperança de que o trabalho futuro do Instituto, possa contribuir, de facto, para formar politicamente jovens mais conhecedores da história do partido e dos seus fundadores, que tiveram um papel de primeiríssimo plano no renascimento da democracia portuguesa, no pós 25 de Abril.
É certamente o caso do Doutor Mota Pinto.
Ele era um dos líderes do "núcleo de Coimbra", que aderiu ao PPD desde a primeira hora: os professores universitários, que foram os principais redactores do programa do novo partido: além de Mota Pinto, Figueiredo Dias, Barbosa de Melo, Pereira Coelho, Xavier de Basto, todos da Faculdade de Direito, para além de outros, que pessoalmente não conheço tão bem.
Mota Pinto foi o primeiro líder da bancada do PPD na Assembleia Constituinte - e foi quem deu o nome de "Assembleia da República" ao parlamento democrático recém eleito.
Aspectos que foram lembrados em Viana, assim como o essencial do seu percurso de Homem político, sempre disponível para, nas situações mais difíceis, servir desinteressadamente o País, sempre pronto a deixar os cargos, quando entendia que (por razões que foram muito diversas...) se havia esgotado o sentido da sua missão!
Aquela frase "tenho sempre as chaves do meu carro no bolso" foi muitas vezes citada..
Foi Ministro, Primeiro Ministro, Vice Primeiro Ministro, presidente do PPD-PSD.
Soube assumir responsabilidades, soube assumir rupturas. Sempre de boa fé e com a melhor das intenções - o que eu acho que é reconhecido por todas as pessoas que com ele conviveram, de perto, ainda que dele discordassem.
Um Homem extraordinário, pela sua inteligència e cultura. Prestigiadíssimo como académico: não há coleaga, não há antigo aluno, seja qual fôr a cor política, que o não considere, do ponto de vista científico e pedagógico, como do ponto de vista humano, um ser de excepção!
Em Coimbra, a "lenda" de Mota Pinto corresponde à realidade.
Porém, a nível nacional, isso está muito longe de acontecer. Acho que ele foi dos políticos que teve "pior imprensa" - a partir dos media lisboetas, amplamente dominados por personalidades das correntes que mais se lhe opuseram dentro do próprio PPD/PSD. Apesar disso, é, indiscutivelmente, uma das figuras exemplares da nova República, pela sua estatura intelectual e moral - pela sua integridade.
Mas o Homem que ele foi, tão generoso, tão simples e natural no convívio com o povo, com a "arraia muida" (a começar pelos alunos...), tão conversador, tão aberto às diferenças de opinião, tão simples e leal no trato, com uma capacidade de argumentação e um sentido de humor tão característicos - arguto, contundente, mas nunca demais, porque respeitava sempre o interlocutor ! - esse Homem não tem sido assim retratado perante o País.
Nem no seu perfil humano, nem na relevância política que teve na estabilização democrática do país.
O seu governo, um governo de iniciativa presidencial, que durou de Novembro de 1978 a 1 de Agosto de 1979, foi o primeiro governo de viragem, após o 25 de Abril: o 1º governo não socialista.
Corajosamente, como foi dito em Viana, ele recuperou os valores da noção de Pátria, da bandeira, que andavam banidos e conotados, estupidamente, ao antigo regime. Corajosamente, ele mostrou que era possível implantar a ordem e a lei democráticas, que Portugal não era mais "governado pela rua", pelas manifestações sindicais.
O Povo acreditava ainda que, acima da força do voto, estava a força das manifestações de rua, da extrema esquerda militar, que não aceitariam nenhum governo à direita do PS.
Mota Pinto arrostou essas forças e governou, porque foi preciso, contra elas. E o Povo passou a acreditar que podia votar sem constrangimento, que o País era governável em qualquer quadrante democrático. E bem, porque se tratou de um governo excepcional, determinado, audaz, competente e coeso.
Nas eleições seguintes, deu a vitória à AD de Sá Carneiro, a primeira alternância democrática resultante de um sufrágio popular. Daí em diante Portugal estava pronto, como se tem visto, para todas as alternâncias. Ou seja, para a democracia!
Sem Mota Pinto quando teria isso acontecido?
No seu regresso à política, em 1983, após a fragosa queda da AD, coube-lhe o papel de numa segunda versão dos "governos de salvação nacional" - o chamado Bloco central - evitar a bancarrota e criar as condições de adesão à CEE, logo em 1985.
Sá Carneiro, Mário Soares e Mota Pinto foram, a meu ver, os homens que mais contribuiram para moldar a nova República portuguesa, no período aureo, em que venceu os riscos de degenerar em ditadura.
Sem esquecer, evidentemente, os militares que lançaram o movimento de Abril, arriscando vidas e carreiras, os líderes de outros partidos, de outras ideologias, e tantas personalidades notáveis que, então, vieram, por convicção, para a política, e depois se afastaram.
Mas a República que herdamos, sólida, e que vemos em declínio, hoje, a eles mais do que a quiaquer outros se deve.
A nossa esperança - porque ainda há esperança - está numa segunda vaga de políticos de envergadura, que eu vejo despontar em Passos Coelho.
O Instituto Carlos Mota Pinto para a formação política, foi constituido nessa cidade, por iniciativa do PSD local. A coincidir com o 25º aniversário do falecimento daquele insígne professor de Direito e Estadista.
Estadista: Se alguém merece este título, plenamente, a par dos seus títulos académicos, alcançados com brilhantismo universalmente rconhecido, é, sem dúvida, ele.
A homenagem veio romper um longo ciclo de silêncio sobre a memória, a obra de Mota Pinto.
Não sei que impacte mediático virão a ter as notáveis intervenções que ouvimos, por esta ocasião, em Viana, incluindo, na sessão de encerramento, as de Passos Coelho e de Paulo Mota Pinto. Se não for o devido, fica a esperança de que o trabalho futuro do Instituto, possa contribuir, de facto, para formar politicamente jovens mais conhecedores da história do partido e dos seus fundadores, que tiveram um papel de primeiríssimo plano no renascimento da democracia portuguesa, no pós 25 de Abril.
É certamente o caso do Doutor Mota Pinto.
Ele era um dos líderes do "núcleo de Coimbra", que aderiu ao PPD desde a primeira hora: os professores universitários, que foram os principais redactores do programa do novo partido: além de Mota Pinto, Figueiredo Dias, Barbosa de Melo, Pereira Coelho, Xavier de Basto, todos da Faculdade de Direito, para além de outros, que pessoalmente não conheço tão bem.
Mota Pinto foi o primeiro líder da bancada do PPD na Assembleia Constituinte - e foi quem deu o nome de "Assembleia da República" ao parlamento democrático recém eleito.
Aspectos que foram lembrados em Viana, assim como o essencial do seu percurso de Homem político, sempre disponível para, nas situações mais difíceis, servir desinteressadamente o País, sempre pronto a deixar os cargos, quando entendia que (por razões que foram muito diversas...) se havia esgotado o sentido da sua missão!
Aquela frase "tenho sempre as chaves do meu carro no bolso" foi muitas vezes citada..
Foi Ministro, Primeiro Ministro, Vice Primeiro Ministro, presidente do PPD-PSD.
Soube assumir responsabilidades, soube assumir rupturas. Sempre de boa fé e com a melhor das intenções - o que eu acho que é reconhecido por todas as pessoas que com ele conviveram, de perto, ainda que dele discordassem.
Um Homem extraordinário, pela sua inteligència e cultura. Prestigiadíssimo como académico: não há coleaga, não há antigo aluno, seja qual fôr a cor política, que o não considere, do ponto de vista científico e pedagógico, como do ponto de vista humano, um ser de excepção!
Em Coimbra, a "lenda" de Mota Pinto corresponde à realidade.
Porém, a nível nacional, isso está muito longe de acontecer. Acho que ele foi dos políticos que teve "pior imprensa" - a partir dos media lisboetas, amplamente dominados por personalidades das correntes que mais se lhe opuseram dentro do próprio PPD/PSD. Apesar disso, é, indiscutivelmente, uma das figuras exemplares da nova República, pela sua estatura intelectual e moral - pela sua integridade.
Mas o Homem que ele foi, tão generoso, tão simples e natural no convívio com o povo, com a "arraia muida" (a começar pelos alunos...), tão conversador, tão aberto às diferenças de opinião, tão simples e leal no trato, com uma capacidade de argumentação e um sentido de humor tão característicos - arguto, contundente, mas nunca demais, porque respeitava sempre o interlocutor ! - esse Homem não tem sido assim retratado perante o País.
Nem no seu perfil humano, nem na relevância política que teve na estabilização democrática do país.
O seu governo, um governo de iniciativa presidencial, que durou de Novembro de 1978 a 1 de Agosto de 1979, foi o primeiro governo de viragem, após o 25 de Abril: o 1º governo não socialista.
Corajosamente, como foi dito em Viana, ele recuperou os valores da noção de Pátria, da bandeira, que andavam banidos e conotados, estupidamente, ao antigo regime. Corajosamente, ele mostrou que era possível implantar a ordem e a lei democráticas, que Portugal não era mais "governado pela rua", pelas manifestações sindicais.
O Povo acreditava ainda que, acima da força do voto, estava a força das manifestações de rua, da extrema esquerda militar, que não aceitariam nenhum governo à direita do PS.
Mota Pinto arrostou essas forças e governou, porque foi preciso, contra elas. E o Povo passou a acreditar que podia votar sem constrangimento, que o País era governável em qualquer quadrante democrático. E bem, porque se tratou de um governo excepcional, determinado, audaz, competente e coeso.
Nas eleições seguintes, deu a vitória à AD de Sá Carneiro, a primeira alternância democrática resultante de um sufrágio popular. Daí em diante Portugal estava pronto, como se tem visto, para todas as alternâncias. Ou seja, para a democracia!
Sem Mota Pinto quando teria isso acontecido?
No seu regresso à política, em 1983, após a fragosa queda da AD, coube-lhe o papel de numa segunda versão dos "governos de salvação nacional" - o chamado Bloco central - evitar a bancarrota e criar as condições de adesão à CEE, logo em 1985.
Sá Carneiro, Mário Soares e Mota Pinto foram, a meu ver, os homens que mais contribuiram para moldar a nova República portuguesa, no período aureo, em que venceu os riscos de degenerar em ditadura.
Sem esquecer, evidentemente, os militares que lançaram o movimento de Abril, arriscando vidas e carreiras, os líderes de outros partidos, de outras ideologias, e tantas personalidades notáveis que, então, vieram, por convicção, para a política, e depois se afastaram.
Mas a República que herdamos, sólida, e que vemos em declínio, hoje, a eles mais do que a quiaquer outros se deve.
A nossa esperança - porque ainda há esperança - está numa segunda vaga de políticos de envergadura, que eu vejo despontar em Passos Coelho.
maio 06, 2010
PACIÊNCIA!
Que saudades dos tempos em que o vía, semana a semana, desenhar um "slalom" de dribles espantosos, a caminho do golo...
Domingos Paciência!
Passaram os anos, mas ele continua jovem, rápido, fulgurante, exactamente com a mesma forma inconfundível de progredir no terreno e de finalizar! E, em Alvalade, a ovação que lhe destinaram, foi a surpresa da noite! Bem merecida: ele é o treinador campeão, mesmo que o Braga não consiga o título...
E é tão simpático!
Tão hábil no modo como respondeu, inclusivamente, às perguntas sobre o "facto desportivo" em que se converteu a recepção recebida no estádio de um clube que não é o seu. Elegante na linguagem, moderado e modesto nas reacções. Uma grande excepção à regra que impera neste país de gente tão hiper-reactiva, e tão vaidosa, no desporto como na política...
Como eu gostava de ver treinar o meu, e seu, clube de coração!
Domingos Paciência!
Passaram os anos, mas ele continua jovem, rápido, fulgurante, exactamente com a mesma forma inconfundível de progredir no terreno e de finalizar! E, em Alvalade, a ovação que lhe destinaram, foi a surpresa da noite! Bem merecida: ele é o treinador campeão, mesmo que o Braga não consiga o título...
E é tão simpático!
Tão hábil no modo como respondeu, inclusivamente, às perguntas sobre o "facto desportivo" em que se converteu a recepção recebida no estádio de um clube que não é o seu. Elegante na linguagem, moderado e modesto nas reacções. Uma grande excepção à regra que impera neste país de gente tão hiper-reactiva, e tão vaidosa, no desporto como na política...
Como eu gostava de ver treinar o meu, e seu, clube de coração!
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